Conscientização sobre doação de órgãos marca a celebração do Dia C em Salvador

O Dique do Tororó, um dos cartões postais da cidade de Salvador, foi o cenário para a realização da celebração do Dia de Cooperar – Dia C do Sistema Cooperativista Baiano, na manhã de primavera deste sábado (22). Realizada, desde 2013, a edição da Caminhada Cooperativista deste ano trouxe, novamente, como tema: “Coopere com a Vida: Seja doador de órgãos e avise a sua família”. O encontro contou com a participação de centenas de pessoas, que uniram forças em torno de uma causa social: o incentivo à doação de órgãos, mostrando que atitudes simples, como informar ao familiar que é doador, são capazes de mudar a realidade de muita gente, em todos os cantos do país, que aguarda por um transplante.

O estímulo à doação de órgãos na Bahia passou a ser parte da celebração do Dia C, pois as cooperativas constataram dados que mostram o estado com índices de doação abaixo da expectativa nacional. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), por meio da Coordenação do Sistema Estadual de Transplantes (Coset), a fila de espera por órgãos é grande. Só na Bahia existem 1.633 pacientes cadastrados em lista de espera por um transplante de rim, fígado, coração, pulmão e córnea. A maioria aguarda pela doação de um rim - com 916 pacientes, seguido da doação de córnea, com 710. (Dados de Julho/2018).

E é por isso que, segundo o presidente do Sistema OCEB, Cergio Tecchio, a caminhada abraçou, desde 2017, a conscientização sobre esse relevante assunto de impacto social. “Mesmo o estado tendo estrutura para fazer transplantes de órgãos, a doação é muito baixa. A pessoa fica na fila, mas sem doadores por anos. Sendo assim, resolvemos propor que o Dia C se propusesse a uma causa também nobre como o cooperativismo: a de conscientizar e incentivar a população baiana para conversar com suas famílias e se predispor à doação de órgãos”, relata Tecchio.

Na percepção da fisioterapeuta Fabiana Dantas, transplantada há 7 anos, e que ficou na fila de prioridade para transplante de rim por três anos, este é um evento importantíssimo para todos. “Tem milhares de pessoas numa fila esperando por um órgão para poder ter uma vida normal, como a que eu estou tendo, e a dificuldade é enorme. Entendo que a dor da morte é algo incontestável, mas se há a possibilidade de, através da dor, ajudar outro a viver, precisamos alertar sobre essa necessidade’’. Fabiana, que também faz parte da Cooperativa dos Fisioterapeutas da Bahia (Unifisio), fala que se sente muito feliz por participar do Dia C. “Eu luto por esta causa, pois eu sei que temos que mobilizar a população. Para quem está na fila, digo para ter fé, nunca perder a esperança, pois vai conseguir. E para quem ainda não é doador declarado, peço que fale com sua família, divulgue. Tem muita gente precisando de vida e se arrasta diariamente sem a esperança de conquistar um órgão que lhe trará qualidade para viver”, apela.

A diretora administrativa da SICOOB Cooperbom - Cooperativa dos Funcionários do Walmart Salvador, Berenice Santana, relata que a paixão pelo Dia C a transformou em alguém que coloca o outro na frente das próprias prioridades. “Eu sou apaixonada por este evento. Faço parte desde a primeira edição e, depois que o tema passou a ser doação de órgãos, ganhou um significado diferente para mim. Apoiamos esta causa, não apenas no dia da caminhada, mas com palestras na cooperativa, disseminando e distribuindo panfletos, pois a conscientização é a chave para aumentar o número de doadores’’. Além da SICOOB Cooperbom, 31 cooperativas baianas atuantes em 65 municípios têm realizado palestras educativas, panfletagem, caminhada em prol da campanha, mobilização por meio de redes sociais e canais de comunicação envolvendo colaboradores e integrantes das cooperativas, além de familiares e amigos, com a intenção de chamar a atenção para a necessidade do engajamento popular neste ato humanitário e de solidariedade.

Os participantes caminharam em volta ao Dique do Tororó e se mostraram animados e sensibilizados com a causa. Para a dona de casa, Fabíola Ribeiro, a caminhada é sinônimo de diversão, cooperação e também incentivo para que mais pessoas se tornem doadoras. “Sou doadora de órgãos declarada. Durante toda a semana, ouvi falar sobre o tema e sobre a importância de levantar essa bandeira. Foi aí que tomei a decisão de estar aqui para dizer que vidas importam’’, disse.

O evento contou ainda com as participações de representantes da Central de Transplantes do Estado e da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia - HEMOBA, que alertaram que a desinformação ainda é uma das grandes vilãs para a negativa familiar da doação de órgãos e da medula óssea.

Para Cergio Tecchio, a caminhada cumpre bem duas propostas: a de divulgar o cooperativismo e a doação de órgãos, reforçando que atitudes simples movimentam o mundo e incentivam a qualidade de vida das pessoas. “Nosso papel, como Sistema Cooperativista é colaborar para a qualidade de vida das pessoas, portanto, um convite à transformação social”, finalizou.

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