Atuação Internacional

O trabalho de representação internacional envolve a atuação em nível global para defender os interesses das cooperativas brasileiras e promover o cooperativismo no cenário internacional. A atuação é dividida em quatro linhas de ação: assessoria, cooperação, parcerias e representação internacionais.

As relações internacionais do cooperativismo nasceram oficialmente em 1989, com a filiação da OCB à Aliança Cooperativa Internacional (ACI) pelo então presidente do Sistema OCB, Roberto Rodrigues. Criada em 1895, através do primeiro World Cooperative Congress na Inglaterra, a ACI é o órgão máximo de representação, articulação e fomento do cooperativismo global. No momento de sua criação, estavam presentes líderes cooperativistas de 13 países, sendo os Estados Unidos da América e a Argentina os dois representantes das Américas, e a Índia, a representante da Ásia; os outros 10 países faziam parte da Europa.

Atualmente, a ACI é a maior e mais antiga organização internacional não-governamental do mundo e congrega 317 organizações representantes do cooperativismo de 107 países. Além de representar e unir o movimento cooperativista no mundo, que congrega 1 bilhão de cooperados e gera 280 milhões de empregos nos 150 países nos quais está presente, a ACI também é a responsável por definir e prezar pela identidade cooperativista, como os sete princípios do movimento e a definição de cooperativa. Adicionalmente, é uma das únicas organizações internacionais que permaneceram ativas através de duas guerras mundiais.

Por se encarregar de representar um movimento tão próspero e frutífero no mundo, e para dinamizar a tomada de decisões, a ACI é dividida em organizações regionais e setoriais. As organizações regionais dizem respeito a quatro expressões da Aliança:  Cooperativas de las Américas, ou ACI Américas, a representante da ACI nas três Américas;  ACI Ásia e Pacífico, focada no movimento asiático e da Oceania;  Cooperatives Europe, representando a região europeia; e  ACI-África, que representa o movimento cooperativista africano. As organizações regionais são responsáveis por representar as cooperativas de sua região, além de fornecer recursos e programas de desenvolvimento para elas.

No âmbito da nossa região, o Sistema OCB é membro da ACI Américas desde a sua criação em 1990. As negociações de criação da organização regional tiveram grandes contribuições por meio do protagonismo de Roberto Rodrigues, que, em 1997,  tornou-se o primeiro presidente não-europeu da ACI global. Roberto Rodrigues foi ainda, o primeiro presidente da ACI Américas, demonstrando a sua importância na criação e consolidação da Aliança nas Américas. Atualmente, participam da ACI América 93 organizações representantes do cooperativismo de 24 países americanos.

Além de nossa participação nos braços regionais da ACI, também representamos o Brasil em seus braços setoriais. Temos representação brasileira na Organização Internacional das Cooperativas de Saúde (IHCO), na Organização Internacional das Cooperativas Agropecuárias (ICAO), na Associação Internacional de Bancos Cooperativos (ICBA) e na Organização Internacional das Cooperativas Industriais e de Serviços (CICOPA). Essas organizações são órgãos da ACI que focam o trabalho da coordenação global em temas específicos, facilitando a discussão e a tomada de decisões setoriais. Vale ressaltar que todas as quatro organizações fazem parte do escopo da ACI global.

Existem, ainda, Comitês Temáticos dentro da ACI, que são órgãos responsáveis por trabalhos setoriais em temas pontuais. O Comitê de Juventude cuida da inclusão e empoderamento dos jovens líderes do cooperativismo. Sua atuação passa pela promoção de encontros, projetos de capacitação e empoderamento, estudos e outras maneiras de incluir a juventude nas discussões sobre o futuro do cooperativismo.

Assim como a ACI global, o Comitê de Juventude tem atuação setorial nas Américas, por meio do Comitê Regional de Juventude. O Sistema OCB aponta a representante do Geração C, grupo de trabalho do cooperativismo brasileiro focado na juventude, para representar o Brasil no Comitê Regional. Mantemos essa dinâmica de representação desde 2022. Participam do Comitê as organizações representantes do cooperativismo do Equador, Bolívia, Argentina, Paraguai, México, Colômbia, República Dominicana, Uruguai, Honduras, Panamá, Costa Rica e Brasil. 

O outro comitê temático do qual participamos é o grupo de trabalho que preza pela equidade de gênero dentro das cooperativas. O Comitê de Equidade de Gênero tem trabalho semelhante ao Comitê de Juventude, mas promove a participação feminina em cargos de liderança e tomada de decisões dentro das cooperativas. Assim como os outros comitês, ele também divide a sua atuação segundo as regiões da ACI, e a OCB participa tanto como membro quanto na diretoria do Comitê Regional de Equidade de Gênero das Américas. Outros participantes são a Argentina, Bolívia, Colômbia, Honduras, México, Paraguai, Porto Rico, República Dominicana e Uruguai.

A IHCO foi criada em 1996, com o objetivo de servir como o braço técnico setorial da ACI para cooperativas de saúde. Em seu escopo, inclui cooperativas de seguros de saúde, distribuidores farmacêuticos, hospitais cooperativos e outros serviços de saúde oferecidos pelas cooperativas. Além disso, representa o setor do cooperativismo de saúde em órgãos de discussão internacional, como na Organização Mundial da Saúde. Na IHCO, a OCB tem assento no Conselho de Diretores, junto com representantes do Japão, Espanha, Argentina e Panamá. A ICAO foi criada em 1951, e é a responsável pelas discussões temáticas da ACI no ramo agropecuário.

O Sistema OCB participa da Organização desde 1990, e, atualmente, a membresia é formada por todos os membros de seus desdobramentos regionais - que seguem a mesma lógica dos desdobramentos da ACI global nas Américas, África, Ásia e Pacífico e Europa. Atuam junto ao ICAO a Tanzânia, Uganda, Somália, Gana, África do Sul e Moçambique, representando a África; o Brasil, Canadá, Haiti, Paraguai, Argentina e Uruguai, representando as Américas; a China, Índia, Japão, Coreia, Malásia, Mongólia, Nepal, Filipinas, Sri Lanka, Tailândia, Vietnã, Irã e Mianmar, pela Ásia e Pacífico; e Bulgária, Finlândia, Itália, Malta, Noruega, Polônia e Turquia como representantes da Europa.

Há, ainda, uma organização focada na discussão das cooperativas agropecuárias nas Américas, a Rede de Cooperativas Agropecuárias das Américas (REDACOOP). Criada em 2012, desde então participa e acompanha de perto os trabalhos, por meio de um indicado do Sistema OCB, que atua como secretário da organização. É no âmbito da REDACOOP que o financiamento de projetos para a região das Américas ocorre, além da articulação das cooperativas da região em prol de programas diversos, como o levantamento e organização dos dados agropecuários e harmonização de legislações. Outros membros da REDACOOP são o Paraguai, Uruguai, Estados Unidos e Argentina.

Criada em 1922, a ICBA é a associação responsável pelas discussões sobre o cooperativismo bancário e financeiro. A Associação é responsável por promover eventos de conexão, seminários, assembleias gerais e encontros esporádicos com o presidente, Subrahmanyam Bhima. É no âmbito da ICBA que, assim como nas outras representantes setoriais da ACI, há o desenvolvimento e financiamento de projetos para as cooperativas. O Sistema OCB participa da ICBA ao lado de representantes da Argentina, Bangladesh, Barbados, Bulgária, Camarões, Canadá, Chile, Chipre, Etiópia, União Europeia, França, Alemanha, Gana, Haiti, Honduras, Índia, Itália, Irã, Jamaica, Japão, Quênia, Coreia, Malásia, Nepal, Nigéria, Paraguai, Filipinas, Polônia, Somália, Sri Lanka, Tailândia, Holanda, Ucrânia, Uruguai e Estados Unidos. 

O trabalho da OCB, na CICOPA, foca na seção regional das Américas (CICOPA-Américas), na qual temos representantes e acompanhamos as discussões técnicas e administrativas. Participamos como membros da CICOPA-Américas desde 1952, poucos anos após sua fundação em 1947. O trabalho da Organização é promover reuniões de intercâmbio de experiência entre as cooperativas e organização de representação do ramo trabalho, prestação de serviços e indústria dos países americanos, seja através de webinars, seja por meio de reuniões periódicas ou eventos.

O Sistema OCB participa da CICOPA global ao lado de representantes da China, Itália, Colômbia, Austrália, França, México, Reino Unido, Espanha, Portugal, Camarões, Finlândia, Eslováquia, Canadá, Uruguai, Argentina, Japão, Coreia do Sul, Dinamarca, Malta, Porto Rico, Polônia, Bulgária, República Tcheca, Tanzânia, Uganda, Romênia, Estados Unidos, Vietnã, Paraguai, Suécia, França, Bélgica, Irã e Filipinas. Além disso, no âmbito americano, faz parte da diretoria ao lado da presidência da Argentina, Estados Unidos, Uruguai, Paraguai e Colômbia.

Há ainda outra organização setorial focada no desenvolvimento americano, a Federação Panamericana de Leiteria (FEPALE), que foi criada em 1991 para conectar e desenvolver a cadeia leiteira panamericana, servindo como um fórum para o setor na região. A FEPALE é responsável, ainda, por articular o setor, reunindo representantes da esfera pública e privada nas discussões técnicas, capacitações e encontros presenciais.

Além disso, a Federação desenvolve o seu ramo educacional, que é voltado para o levantamento de dados, formação de profissionais, geração e publicização de informações do setor. O Sistema OCB é membro da FEPALE desde 2009, e, atualmente, a organização conta com sócios de 18 países: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Estados Unidos da América, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Dinamarca.

Em adição ao trabalho articulador da FEPALE, na região americana, o Mercado Comum do Sul (Mercosul) também possui uma organização setorial focada nas discussões voltadas para o cooperativismo, da qual fazemos parte. A Reunião Especializada em Cooperativas do Mercosul (RECM) foi criada em 2001, com o objetivo de ser a instância de discussão e representação do movimento dentro da estrutura do Mercado Comum, além de procurar promover o reconhecimento do cooperativismo como modelo único de negócios e a harmonização tributária desse modelo entre os quatro países que compõem o grupo: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

A presidência da RECM, assim como a do Mercosul, é rotativa e corresponde à presidência da organização. Além da harmonização tributária e promoção do movimento, existem ainda comissões temáticas, dentro do âmbito da Reunião, que tratam de temas técnicos específicos, como a Comissão de Promoção Comercial, que promove anualmente missões comerciais conjuntas entre as cooperativas dos quatro países. O Sistema OCB é membro da RECM desde sua criação em 2001.

Ainda dentro do âmbito do Mercosul, participamos do Fórum Consultivo Econômico-Social (FCES), responsável por desenvolver e providenciar recomendações ao Grupo Mercado Comum (GMC) e a outros órgãos do Mercosul. O FCES é focado na discussão da sociedade civil sobre as preocupações e aspirações dos setores em relação às ações do Mercosul, além de sugestões e análises das medidas tomadas pelo grupo.

De forma sucinta, é um espaço para que os representantes privados dos países do Mercosul possam se articular e oferecer sugestões sobre a gestão do bloco, especialmente para o GMC. Dentre os participantes, há  representantes dos empregados, empregadores e outras entidades diversas do terceiro setor. O setor trabalhador possui três representantes argentinos; o setor empregador, 16 representantes dos 4 países do bloco; e as representações diversas contam com 19 entidades, também abarcando os 4 países do bloco.

Fora da região americana, o Sistema OCB também representa o cooperativismo brasileiro nos encontros dos BRICS, mais precisamente, na Reunião de Cooperativas dos BRICS (BRICS Coop), responsável por discutir o cooperativismo. Esse encontro ocorre desde 2010, quando o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, liderou a iniciativa de criar um fórum de discussão em cooperativismo para os países do bloco econômico. Os objetivos desses encontros visam as cooperativas do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul para promover o intercâmbio de experiências, promover o comércio e o investimento nesse modelo de negócios. A organização do encontro é competência da presidência dos BRICS, que é rotativa, anual e passa por todos os 5 membros.

O Sistema OCB ainda participa ativamente de outras organizações cooperativistas setoriais, como exemplo, a Organização Cooperativista dos Países de Língua Portuguesa (OCPLP), cujo trabalho foi iniciado em 1991, mas a criação oficial data de 1997, ano no qual o Sistema OCB passou a integrar a Organização. A OCPLP é responsável por promover o cooperativismo em oito dos nove países lusófonos: Angola, Cabo Verde, Moçambique, Brasil, Portugal, Timor-Leste, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau; a exceção do grupo de países lusófonos é a Guiné Equatorial.

O trabalho da OCPLP é focado na troca das experiências cooperativistas desses países, além do fomento de programas de desenvolvimento de suas cooperativas, contando com o financiamento de projetos e cooperação técnica. São promovidas, ainda, Assembleias Gerais para lidar com a tomada de decisões e com o âmbito executivo e administrativo dos projetos da Organização, e a última delas ocorreu na sede do Sistema OCB em julho de 2023.

Outra organização setorial é o Consórcio Internacional para Educação Corporativa do Cooperativismo (ICBEC), que reúne instituições educacionais que promovem o conhecimento sobre o movimento cooperativista. O ICBEC foi criado em 2013 com a participação de mais de 30 instituições advindas de mais de 24 países, e, em 2021, alcançou mais de 40 organizações participantes da iniciativa. O intuito é promover a troca de conhecimentos e pontos de contato entre as instituições de ensino que abordam o modelo de negócios do cooperativismo.

No Brasil, quatro instituições participam do Consórcio: Favoo, em Roraima; a Faculdade Unimed, em Minas Gerais; o I.COOP, no Mato Grosso; e a ESCOOP, no Rio Grande do Sul. Vale destacar que, por conta da natureza do ICBEC, que conta com a participação de instituições de ensino, a OCB trabalha como financiadora do consórcio, não sendo considerada membro.

Por fim, a organização internacional mais recente da qual a OCB faz parte é o Consórcio de Cooperativas de Plataforma. Criado em 2018 como um hub de inovação das cooperativas que utilizam as plataformas digitais como forma de vender seus serviços e produtos, o Consórcio tem como filiados institutos de ensino, centros de estudos de grandes universidades, como o MIT, e organizações representantes do cooperativismo. O objetivo é promover essa forma de produzir e vender nas cooperativas, criando bases favoráveis para a criação de cooperativas de plataforma ou fortalecendo as que já existem. O Sistema OCB atuou como membro do conselho consultivo em 2019, quando interrompeu sua vinculação para retornar, atualmente, em 2023, ao mesmo espaço. Outros países que ocupam os assentos do conselho consultivo são a Índia, Estados Unidos, China, Canadá, Reino Unido, Japão e Filipinas. 

Através da participação em Organizações Internacionais, estreitamos relações bilaterais com diversos movimentos cooperativistas. Os representantes participam de reuniões e eventos em organizações globais que lidam com questões econômicas, sociais e de desenvolvimento, além de defenderem os interesses das cooperativas brasileiras, buscando garantir que políticas e regulamentações internacionais sejam favoráveis ao cooperativismo.

Esses representantes também participam de debates e contribuem para a tomada de decisões em temas relevantes para o cooperativismo, como desenvolvimento rural, segurança alimentar e inclusão financeira.

Além da defesa de interesses, o Sistema OCB também promove o cooperativismo como um modelo de negócios sustentável e inclusivo, compartilhando boas práticas e experiências brasileiras.

O trabalho de representação internacional ajuda a criar um ambiente global mais favorável para as cooperativas, o que pode se traduzir em melhores condições de negócios e crescimento, fortalecendo as cooperativas brasileiras.

Ao participar ativamente de organizações internacionais, temos a oportunidade de influenciar a formulação de políticas globais que afetam o cooperativismo e o desenvolvimento sustentável, além de aumentar o poder de influência do cooperativismo brasileiro em políticas globais.

Essa participação internacional permite ainda que compartilhemos conhecimento e experiências do cooperativismo brasileiro com outras nações, promovendo a cooperação global. 

O empenho em mostrar boas práticas brasileiras a parceiros estrangeiros sempre foi uma ação importante dentro do âmbito de representação internacional, mas as missões internacionais vão além. Por meio delas, conhecemos o cooperativismo realizado em outros países, participamos de feiras internacionais e apresentamos produtos e serviços das cooperativas brasileiras a novos mercados. As missões estão abertas a dirigentes e técnicos das cooperativas associadas e das Organizações Estaduais do Sistema OCB. Elas têm fortalecido o cooperativismo brasileiro de diversas maneiras e envolvem: