Cooperativas de SC discutem a importância do trabalho voluntário para a transformação social

“Que maravilha é ninguém precisar esperar um único momento para melhorar o mundo”. Foi com essa frase de Anne Frank, vítima do Holocausto e uma das figuras mais discutidas do século XX, que a analista de Desenvolvimento de Cooperativas do Sescoop Nacional Gleice Morais recepcionou as cooperativas catarinenses durante o evento de lançamento do Dia de Cooperar 2018, no dia 1º de março, em Florianópolis.  Em discussão: de que forma os projetos estruturados das cooperativas podem contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

“Ninguém acredita que uma pessoa sozinha pode mudar a realidade em que vivemos, mas se todos contribuírem, cada cooperativa do Dia C fará parte disso, de uma verdadeira transformação social”, destacou Gleice. Segundo ela, é preciso sempre agir a nível local, contextualizar para a realidade da comunidade em que a cooperativa está inserida e estruturar projetos continuados que atuem em necessidades específicas.

O presidente do Sescoop/SC, Luís Vicente Suzin, lembrou aos presentes que o Dia C é um movimento que fortalece o cooperativismo no estado de Santa Catarina. “Se queremos transformar realidades é por meio da cooperação que vamos conseguir. Eu não tenho dúvidas de que as cooperativas são as responsáveis por fazer desta uma sociedade em que as pessoas, cada vez, se desenvolvem, conseguem renda, trabalho digno e justiça social”, afirma.

Os 64 participantes do evento, de 47 cooperativas de todo o estado, ainda contaram com um workshop sobre o tema: “Como o trabalho voluntário pode ser uma ponte para a transformação social”, ministrado por Eliane Faustini, da Nexus Consultoria. Especializada em orientar empresas a introduzir e fortalecer o conceito de responsabilidade social na cultura organizacional, a consultora aplica o método learning 3.0, que estimula os participantes a serem protagonistas do próprio aprendizado, em um ambiente democrático de estímulo e produção de conhecimento. “Por meio dessa metodologia, pretendemos instrumentalizar as cooperativas com ferramentas práticas, para que possam utilizá-las na elaboração de projetos do Dia C e, consequentemente, em uma transformação social”, explicou.

Marina Crispim, analista de RH da Cootravale, cooperativa do ramo transporte em Itajaí, participa do Dia C pela primeira vez e aprovou o momento de sensibilização. “A principal mensagem que eu levo é a de evitar o puro assistencialismo. É importante sim socorrer quem mais precisa, mas no Dia C é preciso focar em potencializar as competências das pessoas e não torná-las cada vez mais dependentes. O cooperativismo possibilita isso pois é uma fonte de renda, de empregos dignos e um modelo de negócio sustentável”, conta.

O Sicoob São Miguel é uma das cooperativas catarinenses que já participa do Dia C. Uma das iniciativas é o Gibi Sicoobito, distribuído para 80 mil crianças, e que traz de forma lúdica explicações sobre o conceito de cooperação. Segundo Andreia Moraes, coordenadora do Cooperjovem na cooperativa,  a celebração do Dia C na cidade mobiliza mais de 30 parceiros locais, em um grande evento que leva a essência da cooperação para toda a comunidade. “A nossa expectativa é dar continuidade aos projetos e sempre avançar. Nós ouvimos falar muito dos ODS e, às vezes, nos parece algo meio distante. Mas eu paro para pensar o que seria da nossa comunidade sem a cooperativa. Então, eu percebo o impacto positivo que nós temos. Acredito que isso deveria ser um estímulo para todas as cooperativas”, destaca.

A gerente de Organização do Quadro e Governança Corporativa da CECRED em Blumenau, Elaine Rodrigues, conta que eles já participam da celebração do Dia Internacional do Cooperativismo, mas que agora enxerga a necessidade de se engajarem em um projeto estruturado. “Sabemos que a chave é o foco. Existe sim boa vontade em fazer e agora é preciso sermos mais objetivos, olharmos à nossa volta e detectar quais são as necessidades. A partir disso, pretendemos montar um plano de ação e colocá-lo em prática. Esse é o nosso grande desafio”, destaca.

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