Coops destacam soluções em sustentabilidade em painel da COP27
Com a intenção de propagar as boas práticas ambientais das coops do Ramo Agro na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP27, o Ministério do Meio Ambiente convidou o Sistema OCB e as cooperativas CCPR (MG), Coopercitrus (SP), Cocamar (PR) e Coplana (SP) para apresentarem seus cases no painel A importância das cooperativas para o agro sustentável, nesta sexta-feira (11). O evento acontece no Egito até o próximo dia 18 e a participação foi realizada de forma virtual no Pavilhão Brasil da COP.27.
“O cooperativismo agro é protagonista na temática da produção sustentável. Sabemos que somos um player fundamental no fornecimento de alimentos para o Brasil e para o mundo. Tanto que representamos 53% da produção de grãos que são exportados para mais de 100 países. Temos responsabilidade e atuamos na diminuição de emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, na fixação de carbono e também na sua neutralização. Os cooperados contam com auxílio de técnicos e tecnologias de sustentabilidade. Queremos mostrar possibilidades de ampliar essas iniciativas por todo o mundo”, disse o presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, na abertura.
De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o papel que as coops desempenham em prol da sustentabilidade e preservação ambiental precisava ser amplamente divulgado para o mundo, na COP27. “O Brasil é uma potência capaz de transmitir tecnologias importantes e o cooperativismo é um dos protagonistas na busca de soluções coletivas e sustentáveis que fazem a diferença”.
CCPR
A CCPR foi representada por seu presidente Marcelo Candiotto. Ela reúne 31 cooperativas do segmento, que estão distribuídas em 280 municípios mineiros e goianos. Seus mais de 4,5 mil associados produzem 90 milhões de leite por mês. Além de produtos lácteos, a coop também atua na produção de proteínas bovina, equina, suína, aves, peixes e até ração para os pets.
No painel, Candiotto falou que na CCPR “o agro e o meio ambiente caminham juntos há 74 anos e o cooperativismo é a maior plataforma de negócios do mundo com boa gestão, sustentabilidade e cuidado com as pessoas”. Ele destacou, dentre outros, o programa Prática Nota 10, que incentiva o produtor a adotar procedimentos de gestão, de qualidade do leite, de infraestrutura e de bem-estar animal. “Produzimos 1 bilhão de litros de leite, por ano. Tudo alinhado à sustentabilidade com foco na descarbonização da agropecuária brasileira. Já há indicadores da Embrapa de que reduzimos mais de 40% das emissões de carbono. O produtor rural é um agente de transformação”.
A cooperativa também tem o projeto Recicla Mais, para a unidade industrial, que faz a destinação correta de cerca de 2 milhões de embalagens de resíduos, seguindo orientações dos órgãos ambientais. Outra iniciativa é a usina fotovoltaica, que além de abastecer a coop também contribui com parte da demanda de energia da Santa Casa de Misericórdia, em Minas. “Utilizamos energia limpa que gera 1 megawats/hora. Essa usina é responsável pelo atendimento de usina é utilizada por todas as nossas fábricas e postos de captação de leite e parte da energia gerada nesse sistema é doada para a Santa Casa. doamos parte da energia gerada para a Santa Casa. Então, mais que produzir energia renovável, temos responsabilidade social, que já é um princípio do cooperativismo”, orgulhou-se Candiotto.
Coopercitrus
“Diferente de outras organizações empresariais, as cooperativas atuam dentro da porteira com um excelente time técnico. Somos 39 mil agricultores, que atuam em SP, MG e GO, na produção agropecuária, serviços técnicos, insumos e equipamentos. Na minha percepção as cooperativas caminham em uma velocidade superior à do Estado. Já temos carbono reduzido, 40% de nossos cooperados possuem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado, são um milhão de hectares preservados. São 500 profissionais técnicos no campo atuando para redução e captura de carbono e metano”, expressou o presidente do Conselho da Coopercitrus, Matheus Kfouri.
Para acelerar as inovações na produção agro de baixo carbono e recuperação de florestas e nascentes, a Coopecitrus criou, em 2019, a Fundação Coopercitrus Credicitrus, com foco em pesquisa, educação e meio ambiente, e em benefício do produtor e da comunidade do entorno. Segundo ele, os dois projetos da entidade, CooperSemear, que auxilia cooperados a restaurarem áreasrestaurarem áreas de conservação de vegetação nativa, e o CooperNascentes, focado na restauraçãorecuperação de minas d’água no campo, “permitiuram restauro ambiental e o plantio de 70 mil mudas”.
Kfouri reforça ainda que o serviço ambiental é extremamente estratégico para o produtor. “Já existem os acordos de créditos de carbono. No caso da cana-de-açúcar, há créditos regulados. E, no futuro, todo o mercado estará assim, o que representa avanços concretos para a redução de emissão de carbono com ganhos financeiros”.
Coplana
A maior produtora e exportadora de amendoim do país é a cooperativa Coplana, que atua também na produção de cana-de-açúcar e soja. Segundo seu presidente, Bruno Rangel, a policultura mantém a diversidade no solo e faz com que os negócios na região progridam. Ele destacou três pontos que tornam a coop e seus 1, 2 mil cooperados reconhecida na questão socioambiental.
“Logo na década de 1990 começamos a atuar na logística reversa das embalagens. Esse trabalho inspirou uma lei nacional e temos muito orgulho disso porque é um valor muito grande para o nosso país. Em um movimento de intercooperação, a Coplana e o Sicredi [central de cooperativas de crédito] desenvolvem o projeto Top Cana, que classifica e certifica o produtor que esteja em consonância com os métodos de sustentabilidade do solo. Esse produtor consegue, então, acessar créditos verdes na compra de insumos, equipamentos e outros. É um modelo que poderia ser replicado em todo o país. Outra iniciativa nossa, em parceria com o Governo Federal, é o Adote um Parque, onde o recurso aportado pela cooperativa ajuda no trabalho das pessoas que vivem nestas áreas”, expôs Rangel.
Cocamar
A paranaense, com atuação também em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, é referência na implementação da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (IiLPF). A estratégia agrega diferentes sistemas produtivos, na mesma área e em épocas diferentes, para não “viciar” o solo e reduzir a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. O presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, explicou que “desde a adoção do programa reduziu-se de 11,5 para 1,5 de emissão de carbonogases de efeito estufa, para a produção de 1 tonelada de carne com a integração e fixação de 1,5 tonelada/hectare/ano de carbono no solo, com a integração”.
A cooperativa é composta por 18 mil associados, que em sua maioria são pequenos e médios produtores. “Com menos de 100 hectares, 73% dos nossos cooperados melhoraram suas produções com a ILPF. São 160 milhões de hectares já implantados, que causaram uma verdadeira revolução nas áreas degradadas. Produzimos ainda biogás para gerar energia para o nosso complexo, além da utilização de energia fotovoltaica. Desta forma, atendemos nossas 16 unidades industriais onde atuamos com soja, milho e gado”, pontuou Lourenço.