COP27 cria fundo de perdas e danos para países menos abastados

Brasil propõe mercado de metano nos moldes do de carbono

“Somos, definitivamente, parte da solução no que diz respeito às questões climáticas, tanto que já somos referência mundial na produção sustentável.”

A citação do presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, refere-se à conclusão dos trabalhos da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP27, que foi realizada no Egito, entre os dias 6 a 20 de novembro, e reuniu cerca de 200 países. Os mais variados temas e a adoção de diversas medidas para reduzir os impactos climáticos foram aprovados pelos representantes das nações. O Brasil integrou painéis sobre agro sustentável, economia de baixo carbono, mobilidade e futuro verde.

O cooperativismo brasileiro vem atuando de forma propositiva e significativa para o alcance das metas globais. Na conferência, um painel foi reservado para que as coops falassem sobre a importância das cooperativas para o agro sustentável. As cooperativas CCPR (MG), Coopercitrus (SP), Cocamar (PR) e Coplana (SP) apresentaram suas ações em defesa de um ambiente produtivo mais sustentável.

[caption id="attachment_309" align="aligncenter" width="500"]"" Representantes do cooperativismo no painel "A importância das cooperativas para o agro sustentável"[/caption] Os temas de segurança alimentar, recuperação de áreas degradadas e proteção da biodiversidade também foram evidenciados no evento. O cooperativismo brasileiro se mostrou protagonista na adoção de medidas por ter em seus sete princípios atuações similares ao que foi colocado na Agenda 30, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Fundo: A COP27 trouxe uma novidade para minimizar os impactos dos efeitos das mudanças climáticas em países mais pobres. A cúpula criou o chamado fundo de redução de perdas e danos, como forma de compensar financeiramente as nações afetadas. Terão direito a receber os recursos os territórios que sofrem com elevação do nível do mar, como os países ilhas; tempestades graves e outros efeitos de destruição irreparável oriundos do aumento da temperatura. A operacionalização do fundo deverá ser discutida e aprovada na próxima COP, em 2023. Em 2009, países desenvolvidos se comprometeram a repassar, anualmente, a partir de 2020, a quantia de US$ 100 bilhões para ajudar os países pobres na adaptação das mudanças climáticas e ao mesmo tempo reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o valor não foi repassado na totalidade e deve ser aumentado a partir de 2025.

Temperatura global : Em 2015, na COP 21, o Acordo de Paris, produzido durante o encontro, abordou ações de mitigação, adaptação e financiamento para reduzir as mudanças climáticas.  A meta estabelecida para o aumento da temperatura global fixou o limite em  1,5°C, até o final do século. A conferência deste ano reafirmou a meta.

Emissão gases: A neutralidade nas emissões de carbono em sistemas produtivos agropecuários também contou com diversos painéis durante a COP 27.  As cooperativas brasileiras do Ramo Agro já atuam pela redução e neutralização desses gases que contribuem para o chamado efeito estufa. Durante o evento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assumiu compromisso pela neutralidade até 2050.  Segundo as instituição, o desafio é neutralizar as emissões diretas, mas também descarbonizar a carteira de R$ 450 bilhões em empréstimos e cerca de  R$ 70 bilhões em participações societárias.

Sobre as emissões de metano, os cerca de 150 países que são responsáveis por 45% das emissões globais de metano acordaram em reduzir coletivamente as emissões para 30%, até 2030.  O ministro Joaquim Leite (Meio Ambiente) propôs a criação do Mercado Global de Metano, nos moldes do de carbono. A ideia, além de atingir a meta de redução de emissão de metano até 2030, é acelerar os processos de reciclagem. “Assim vamos acelerar os projetos de resíduos sólidos e uma receita extraordinária seria a solução para esses projetos. Essa é uma proposta que a gente vai levar para os cerca de 150 países que assinaram esse acordo para criarmos uma estrutura de crédito de metano”, declarou.

Combustíveis fósseis: Sobre a utilização de combustíveis fósseis, a COP 27 manteve as recomendações do Acordo de Paris, reafirmado pela COP 26, em Glasgow. Os países que utilizam petróleo, gás natural e carvão deverão “reduzir gradativamente” a utilização destes combustíveis. No entanto, parte dos ambientalistas pretendiam trocar o termo no documento para “eliminar gradativamente” o uso deles. Na questão energética, o documento recomenda a adoção da transição energética com a utilização de energias limpas como a fotovoltaica e a eólica.

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