Governo anuncia R$ 340 bi para o Plano Safra 22/23
Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto, o governo federal lançou nesta quarta-feira (29/06) o Plano Safra 2022/2023, com R$ 340,88 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional até junho do próximo ano. O valor reflete um aumento 36% em relação ao Plano anterior.
Do total de recursos disponibilizados, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, uma alta de 39% em relação ao ano anterior. Outros R$ 94,6 bilhões serão para investimentos (+29%). Os recursos com juros controlados somam R$ 195,7 bilhões (alta de 18%) e com juros livres R$ 145,18 bilhões (alta de 69%). O montante de recursos equalizados cresceu 31%, chegando a R$ 115,8 bilhões na próxima safra.
O evento contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, dos ministros Marcos Montes (Agricultura), Paulo Guedes (Economia), do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, além de diversos parlamentares e representantes de entidades da cadeia produtiva no Brasil.
Em seu discurso, o presidente Márcio destacou a importância do crédito rural para o agronegócio nacional e para a segurança alimentar do mundo. “O agro continua sendo o principal motor da economia nacional. É indiscutível que um dos eixos fundamentais para o alcance de resultados cada vez mais positivos é o adequado desempenho do crédito rural no país. O fomento ao agro brasileiro via políticas públicas não pode ser visto apenas como uma questão setorial, mas sim, como garantia da produção e fornecimento alimentar, tanto no âmbito doméstico quanto no global, principalmente em momentos de desafios como os impostos atualmente”.
O dirigente também ressaltou a importância das cooperativas no cenário agro brasileiro. “Por sua atuação predominante junto aos pequenos e médios produtores, as cooperativas agropecuárias prestam grande contribuição à promoção de justiça social por meio da maior distribuição de renda, pela produção econômica coletiva e por seu envolvimento com as comunidades onde atuam, motivo de serem legítimas beneficiárias do crédito rural. Já as cooperativas de crédito garantem capilaridade à distribuição dos recursos, atuando prioritariamente junto aos pequenos produtores e possibilitando o adequado acesso ao financiamento de suas atividades”.
O ministro da Agricultura, Marcos Montes, afirmou que o agro tem conquistado o reconhecimento merecido também nas políticas públicas. “É um protagonismo há tempos aguardado e que agora estamos conseguindo conquistar. O Plano Safra 22/23 traz um conjunto de recursos capaz de atender as necessidades do setor produtivo em suas mais diversas necessidades, com um montante expressivo e juros abaixo dos praticados pelo mercado”.
Já o presidente Jair Bolsonaro, lembrou a relevância do agro brasileiro no cenário mundial. “Nosso agro, muitas vezes criticado, mas tão essencial para todos nós. E o Brasil é um exemplo para o mundo em produtividade, além de protagonista da segurança alimentar”, declarou.
Principais destaques do novo Plano Safra:
- Montante de R$ 340,88 bilhões (+36%)
- R$ 94,6 bi para investimento (+29%)
- R$ 53,61 bi para o Pronaf (+36%)
- R$ 6,19 bi para o Programa ABC (23%)
Articulação
O Sistema OCB participou ativamente do processo de construção do Plano Safra, apontando as principais demandas das cooperativas em diversas reuniões com os ministérios da Agricultura e da Economia, e também com o Banco Central. “Nosso esforço focou na ampliação dos recursos disponibilizados, na priorização das linhas de investimento, na equalização da taxa de juros e no ajuste de normas operacionais, sempre com a contínua preocupação de manter as bases do modelo atual de financiamento rural, fundamental para que o país possa continuar produzindo e alimentando nossa população e a do mundo”, explicou o presidente Márcio.
Fortalecimento de pequenos e médios
Os produtores pequenos e médios continuam sendo prioridade no Plano Safra, com aumento da disponibilidade de recursos de custeio e taxas de juros favoráveis.
Os recursos para os pequenos produtores rurais tiveram um acréscimo de 36%. Serão destinados R$ 53,61 bilhões para financiamento pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com juros de 5% ao ano (para produção de alimentos e produtos da socio biodiversidade) e 6% ao ano (para os demais produtos).
Para o médio produtor, no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), foram disponibilizados R$ 43,75 bilhões, um aumento de 28% em relação à safra passada, com juros de 8% ao ano.
Outro destaque foi o aumento das subexigibilidades do Pronaf e do Pronamp, que passou de 22% e de 28% para 35%, respectivamente, refletindo a prioridade do Plano Safra para os pequenos e médios produtores.
Sustentabilidade
O incentivo a técnicas sustentáveis de produção agropecuária também são destaque. O Programa ABC, que financia a recuperação de áreas e de pastagens degradadas, a implantação de sistemas de integração lavoura-pecuária florestas e a adoção de práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais, contará com R$ 6,19 bilhões. As taxas de juros serão de 7% ao ano para ações de recomposição de reserva legal e áreas de proteção permanente e de 8,5% para as demais.
Além do Programa ABC, o Plano Safra prevê o incentivo à utilização de fontes de energia renovável. Outra novidade é o financiamento de remineralizadores de solo (pó de rocha), que tem o potencial de reduzir a dependência dos fertilizantes importados.
Também será mantida a priorização do programa Proirriga, que contempla o financiamento de todos os itens inerentes aos sistemas de irrigação, inclusive infraestrutura elétrica, reserva de água e equipamento para monitoramento da umidade no solo. Serão disponibilizados R$ 1,95 bilhão, maior aumento de recursos entre os programas de investimento (+44%), com carência de três anos e prazo máximo de reembolso de 10 anos.
Inovação
Por meio de programas como o Inovagro, o novo Plano Safra disponibiliza recursos para o incentivo à inovação tecnológica e para investimentos necessários para a adoção de boas práticas agropecuárias e de gestão da propriedade. Na próxima safra, o Inovagro terá R$ 3,51 bilhões em recursos, com juros de 10,5% ao ano.
Entre os financiamentos previstos no Plano Safra 2022/2023 estão os investimentos relacionados a sistemas de conectividade no campo, softwares e licenças para gestão, monitoramento ou automação das atividades produtivas, além de sistemas para geração e distribuição de energia produzida a partir de fontes renováveis.
Pesca e Aquicultura
O Ministério da Agricultura também vem trabalhando para ampliar a inserção da pesca no crédito rural, com o fortalecimento do apoio à comercialização de produtos da pesca e da aquicultura e o acesso a financiamentos de investimento nas áreas de inovação e modernização das atividades pesqueiras.
Armazéns
O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que financia investimentos necessários à ampliação e à construção de novos armazéns, terá R$ 5,13 bilhões disponíveis na próxima safra, com taxas de juros de 7% ao ano para investimentos relativos à armazenagem com capacidade de até 6 mil toneladas, e de 8,5 % ao ano para os demais investimentos. O prazo de reembolso é de até 12 anos, com carência de até 3 anos.
Neste ano, foi instituído um limite de financiamento de R$ 50 milhões para investimentos relativos a armazenagens de grãos. Para o armazenamento dos demais itens, o limite continua sendo de R$ 25 milhões.
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