Leite com sustentabilidade
Representantes do setor lácteo brasileiro foram à COP26 apresentar propostas para zerar a emissão de gases do efeito estufa até 2030
A cadeia produtiva do leite brasileira quer ser um exemplo para outros setores produtivos nacionais e internacionais no que diz respeito às políticas de sustentabilidade. Para isso, ela investe em tecnologia e práticas que reduzem o impacto ambiental. Parte dos resultados desses esforços foram apresentados para participantes da 26ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26) via transmissão ao vivo de um painel realizado em Brasília nessa quinta-feira (11).
Uma das principais novidades apresentadas foi a calculadora de emissões de gases do efeito estufa (GEE) para propriedades produtoras de leite, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Nestlé — uma das grandes compradoras de leite das nossas cooperativas.
A ferramenta permite aos produtores compreender onde estão concentradas suas emissões, contribuindo para uma tomada de decisão mais assertiva para reduzi-las. Ela foi desenvolvida com base em bancos de dados que cruzam diretrizes e protocolos de produção sustentável e levam em conta, inclusive, as especificidades de cada região produtora.
Por ser fruto de uma Parceria Público Privada (PPP), essa calculadora ficará disponível gratuitamente a todos os produtores rurais, cooperativas e empresas do setor.
Entre as boas práticas de produção de leite capazes de reduzir a emissão de carbono na atmosfera destacam-se: o reaproveitamento da água e do solo, o uso de energias renováveis, a melhoria da cobertura vegetal, a recuperação e preservação de nascentes e mananciais, além da utilização de materiais recicláveis e reciclados.
RECOMPENSA MERECIDA
A calculadora desenvolvida pela Embrapa e Nestlé está sendo utilizada, atualmente, para permitir a remuneração de produtores rurais que demonstrem estar fornecendo um leite de baixo carbono para a empresa. Uma iniciativa que pode servir de inspiração para as cooperativas brasileiras, que hoje são responsáveis por pelo menos 40% da produção brasileira de leite.
O produtor rural Jorge Schmidt, de Silvânia (GO), também participou do painel de debates organizado pelo governo brasileiro e contou que deu prioridade à melhoria da cobertura vegetal como estratégia para a agricultura regenerativa e de baixo carbono. A fazenda Marinho fornece leite para a Nestlé e produz cerca de 32 litros por dia.
“Além do plantio direto, estamos com uma frente em relação às matas e florestas. Nossos mananciais hídricos são preservados, as nascentes não têm acesso de animais, e eu quero que isso evolua, que a gente melhore o volume de água da propriedade”, ressaltou Schmidt.
“Temos a preocupação de ser mais ecologicamente viáveis e que esse problema que o mundo sofre hoje a gente tenha uma pequena parcela de contribuição. De nada adianta a gente produzir sem sustentabilidade.”