LEITE: Cooperação técnica alavanca a produção na região de Castro
Pequenos produtores da região de Castro conseguiram elevar de forma significativa a produção de leite, graças a uma experiência bem sucedida iniciada em 2000, fruto da união de forças e da cooperação técnica entre o Instituto Emater, a prefeitura do município e a cooperativa Castrolanda. O projeto é pioneiro e os resultados foram apresentados na tarde da última terça-feira (13/08) ao secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, que percorreu as propriedades.
Evolução – O projeto começou com 87 propriedades selecionadas que produziam em torno de 230 litros de leite por dia. Hoje estão incluídas mais de 150 propriedades que conseguem produzir acima de 500 litros de leite por dia, alavancando ainda mais a produção de leite de qualidade na região. Castro é o município que mais produz leite no país, segundo o ranking do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O projeto tem como base assistência técnica e investimentos nas propriedades.
Auxílio – A cooperativa Castrolanda pediu o auxílio da Emater e da prefeitura para elevar a produtividade das propriedades na região, aumentando a escala de produção, e melhorar a logística de captação. Denominado “Projeto de Profissionalização do Pequeno Produtor de Leite”, o programa atingiu o seu objetivo, que era de obter produção acima de 500 litros de leite por dia por propriedade, disse o coordenador estadual do leite da Emater, Hernani Alves da Silva.
Orientação – Na década de 90, o produtor José Maria Morgan tinha um pequeno rebanho com 20 vacas leiteiras e produzia 150 litros de leite por dia, que entregava na cooperativa Castrolanda. Na época, ele era avesso a fazer financiamentos bancários e não conseguia expandir sua atividade porque não tinha capital. Por orientação do técnico da Emater, que fez o projeto técnico e identificou viabilidade na sua execução, o agricultor fez empréstimos a juros subsidiados que lhe permitiram comprar um resfriador de leite, construir uma sala de ordenha e aumentar o rebanho.
Readequação – Em 2008, José Maria conseguiu readequar a propriedade, que hoje tem 64 hectares de área, entre terras próprias e arrendadas, onde mantém um rebanho de 125 vacas da raça Jersey, sendo que 82 estão em lactação. A produção atual é de 1.735 litros de leite por dia e o produtor quer evoluir para 1.800 litros de leite por dia. Ele está satisfeito com o preço pago pela cooperativa, em torno de R$ 1,11 o litro, na média, sendo remunerado pela qualidade do leite que está entregando.
Condições sanitárias – Conforme acompanhamento da Emater, as condições sanitárias da produção são boas e hoje a propriedade é certificada pelo programa de Boas Práticas da Fazenda da Nestlé, que compra leite da cooperativa Castrolanda.
Outro exemplo – Outro produtor visitado, Dicley Carneiro Bueno, era antigo funcionário da cooperativa Castrolanda e começou a atuar na produção de leite em 1997, numa área de 7,8 hectares. Na época, produzia 50 litros por dia. Integrou-se ao projeto em 2000 e foi beneficiado, em 2002, com o programa da Paraná 12 Meses - da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento - quando conseguiu comprar cinco novilhas e ampliou a produção. Em 2008, comprou mais seis novilhas e a produção aumentou ainda mais. Porém, esse crescimento considerado rápido não correu tão bem porque o produtor enfrentou alguns problemas de ordem sanitária. Em 2011, fez a adequação da propriedade, reduziu os níveis de células somáticas e da contagem bacteriana feita no leite e hoje sua propriedade também é certificada porque está totalmente adequada aos padrões sanitários.
Lucro – Atualmente, Dicley Bueno tem uma área de 22,7 hectares, entre área própria e arrendada, trabalha somente com mão de obra da família e consegue um preço médio de R$ 1,12 por litro, o que lhe dá uma boa margem de lucro. Hoje, a produção é de 600 litros por dia e a meta é produzir mil litros de leite por dia até o ano que vem. “Esse é o período ideal para fazer novos investimentos na propriedade porque permite a preparação para os períodos em que o preço não remunera tão bem o produtor”, disse o técnico da Emater, Hernani Alves da Silva.
Avaliação – O secretário Norberto Ortigara elogiou o projeto de parceria e a inclusão de pequenos produtores. “A cooperativa Castrolanda trabalhou no sentido contrário e está conseguindo bons resultados. Ao invés de trabalhar só com produtores de elevada produtividade, procurou a ajuda da Emater e outros parceiros, apostou nos pequenos e conseguiu que eles elevassem a produtividade”, avaliou.
Resgate – Para o presidente da Castrolanda, Frans Borg, o modelo faz o resgate do pequeno produtor e a inserção de pessoas numa atividade que permite obter renda o ano todo. Segundo ele, a conta da cooperativa não fecharia se fosse atender o pequeno agricultor porque arcaria com os custos da assistência e capacitação”, explicou. (Fonte: Agência de Notícias do Paraná/Informativo da OCEPAR)