O desafio da economia social

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Chegamos a um novo ano com boas notícias para a economia brasileira. O Produto Interno Bruto (PIB) apresentou excelente performance no terceiro trimestre de 2004, a indústria brasileira continua em forte expansão e o consumo das famílias brasileiras segue a tendência de crescimento pelo quinto trimestre consecutivo.

Os números apresentados pelo IBGE no início de dezembro apontam um cenário otimista para 2005. Entretanto, junto com o desenvolvimento econômico surge novo desafio, o de garantir que o crescimento seja acompanhado pela diminuição da desigualdade social e da injusta distribuição da riqueza produzida. Apesar da euforia do crescimento, é importante lembrar: os dados anuais do IBGE mostram que a participação da renda do trabalhador no PIB brasileiro caiu de 36,1% para 35,6%, entre os anos de 2002 e 2003.

Um equilíbrio maior entre o necessário crescimento da produção da riqueza nacional e o urgente incremento da participação de todos está na economia social, que parte do princípio básico que as atividades econômicas devem atender às demandas sociais. Enfim, trata-se de planejar e produzir também para que mais parcelas da população tenham acesso aos benefícios sociais de saúde, educação, infra-estrutura rural e urbana, trabalho e renda.

Nesse contexto, o cooperativismo, que substitui a competição cega pela cooperação produtiva, se encaixa como uma ferramenta importante para a aplicação da economia social, já que as cooperativas fornecem à sociedade não só bens públicos e sociais, como também promovem o desenvolvimento econômico, a distribuição de renda e a geração de trabalho.

Os números comprovam esses efeitos da ação das cooperativas. Atualmente, há no Brasil 7.355 cooperativas, que congregam 5.762.718 cooperados e mantêm 182.026 funcionários. São pessoas que vivem do cooperativismo e dele tiram sua renda. Se forem computados os benefícios estendidos às famílias dos cooperados, esse número cresce ainda mais. Outro dado importante refere-se à renda do trabalhador. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), enquanto a média salarial dos trabalhadores de estabelecimentos agropecuários não-cooperativos na região Sudeste é de dois salários mínimos, nas cooperativas a média sobre para 4,05 salários mínimos. Este resultado é um dos indicadores que comprovam os benefícios e o respeito garantidos pelas cooperativas aos seus cooperados e trabalhadores.

Mas a economia social praticada pelo cooperativismo não se resume aos benefícios diretos proporcionados aos seus cooperados. A contribuição do sistema cooperativista vai muito mais além, a ponto de se constituir em instrumento capaz de prover a população de serviços básicos, como saúde, educação e infra-estrutura.

Um bom exemplo é dado pelas cooperativas de infra-estrutura. Muito antes da parceria público-privada (PPP) entrar na pauta de negociação do governo com a iniciativa privada, as cooperativas já cumpriam a função de suprir as deficiências de infra-estrutura. Na região Sul, por exemplo, desde o século passado, as cooperativas de eletrificação levam eletricidade a milhares de famílias no campo e em pequenas cidades.

Por isso, confiamos no atual dirigente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e no seu propósito de adotar no banco uma postura mais ativa, buscando alcançar as empresas com necessidade de expansão. É nesse contexto que se insere o setor cooperativista, que precisa continuar crescendo e se fortalecendo para poder fazer jus ao desafio de contribuir para a promoção do desenvolvimento da infra-estrutura e da atividade produtiva no Brasil e também para a inclusão social. Uma aproximação maior do banco com os ministérios, baseada na "cooperação e no amplo diálogo", confor"

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