Sistema OCB participa de webinar sobre cooperativismo e sustentabilidade
O Sistema OCB participou, na quinta-feira (2), de evento promovido pelo Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FVG) que debateu as estratégias do cooperativismo para o desenvolvimento sustentável. No evento, moderado pelo pesquisador Daniel Vargas, o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Marco Olívio Morato, destacou que o modelo de negócios cooperativista está um passo à frente em termos de sustentabilidade, pois atende as premissas de ser ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável.
“O cooperativismo tem sido um dos indutores de tecnologias e soluções sustentáveis há anos. Somos referência em programas de sucesso como adoção de tecnologias de sequestro e baixa emissão de carbono, na recuperação de nascentes e matas ciliares, em ações que transformam passivos ambientais em energia renovável e biofertilizantes”, afirmou Morato. Ainda segundo ele, “essas ações corresponderem aos anseios do movimento, das comunidades e principalmente do mercado”, acrescentou.
Três cooperativas foram convidadas a apresentar projetos de sucesso em sustentabilidade durante o evento: a Cooperativa Lar Agroindustrial, do Paraná; a Cooperativa de Produtores Rurais (Coopercitrus), que abrange São Paulo, Minas Gerais e Goiás, e a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), do Pará.
Exemplos
A apresentação da Lar detalhou como são realizados os trabalhos de assistência técnica e capacitação desenvolvidos e, ainda, sobre o protagonismo da cooperativa quando se trata de biodigestores e aproveitamento de dejetos. O presidente Irineo Rodrigues reforçou que o biogás é o vetor de descarbonização do agronegócio e que a Lar já recebeu prêmios por seu projeto sustentável que prevê a emissão zero de carbono até 2060.
“Nossas práticas buscam e alcançam melhor qualidade da água, do ar, de energias renováveis e gestão de resíduos. São mais de 150 nascentes recuperadas em propriedades de associados, procedimentos de logística reversa, de reciclagem de embalagens, de aproveitamento de dejetos para a geração de energia. Essa integração de atividades gera muita matéria-prima que, com o devido tratamento, como é o caso dos biodigestores, permite uma destinação correta e a produção de energia limpa”, explicou.
Irineu destacou ainda que o inventário elaborado pela Lar para definir metas e prazos para redução de emissão de carbono é o principal método utilizado por seus associados. “Temos o Programa de Inovação e o Lar e Associados, mas nessa temática, o Prêmio Lar Sustentabilidade é o que reconhece as melhores práticas sustentáveis. Neste caminho, o próximo passo a conquistarmos seria o pagamento por serviços ambientais”.
A Coopercitrus foi representada pelo presidente do Conselho de Administração, Matheus Marinho, que pontuou que a sustentabilidade é um pilar estratégico dentro da cooperativa. Ele atribui o sucesso à criação da Fundação Coopercitrus Credicitrus, que recebe investimentos ocasionando mudanças significativas para os cooperados.
“Na Fundação, temos três pilares base: educação para o agro, onde ofertamos graduação em big data e outro curso técnico em agronegócio – aberto para a sociedade. O segundo é o meio ambiente, com equipe técnica que vai ao campo trabalhar com recuperação de matas ciliares, nascentes, projetos de fixação de carbono no solo e mais uma gama ampla de ações desenvolvidas pelo do time da fundação. O terceiro pilar é utilizar a tecnologia de máquinas e implementos a céu aberto, para que o produtor possa caminhar e ver as soluções desenvolvidas para cada situação, bem como o que está alinhado com sua necessidade, com seu nível tecnológico”, afirmou.
A Camta é referência no que diz respeito à sustentabilidade econômica e ambiental a partir do Sistema Agroflorestal de Tomé-Açú (Safta). O Safta contribui para o fim do uso de fogo na escala produtiva, permeando a cultura de baixo carbono; para a geração de emprego, renda e qualificação por conta da necessidade de mão de obra para o manejo das variadas culturas. Segundo o coordenador do Núcleo Agroflorestal de Pesquisa Aplicada da cooperativa, Raul Monteiro, o Safta é um piloto de larga escala.
“Nosso triturador como opção para queima já ganhou premiação da ONU como tecnologia de grande impulso para sustentabilidade. Temos 500 hectares de terra para expansão da produção agroflorestal, estruturação da patrulha mecanizada, agricultura sem queima e fábrica de fertilizantes para otimizar o uso do resíduo da agroindústria. Nossa tecnologia reduz em cinco vezes os gases de efeito estufa. Nosso projeto junto à Embrapa para mecanização e expansão do Sistema da Camta, que vai até 2026, vai nos ajudar a superar limitações e dar continuidade na pesquisa aplicada em agricultura sem queima. Isso agrega valor ao desenvolvimento sustentável e também gera mais rentabilidade aos cooperados, além de replicar tecnologias da agricultura biológica, diminuindo a dependência de insumos externos”, ressaltou.
Agenda
O evento contou também com as considerações do coordenador da FGV Agro e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Ele se mostrou satisfeito com as apresentações e destacou a agenda da sustentabilidade tem estimulado as inovações no campo. “Diversas e importantes ações de inovação e sustentabilidade são lideradas por cooperativas de várias regiões Brasil. São experiência diversificadas e exitosas. Então, esse tipo de encontro traz luz sobre como a sustentabilidade pode se tornar fonte de renda e riqueza para o produtor brasileiro”.
O ex-ministro também agradeceu o apoio do Sistema OCB, ao Observatório da FGV e sugeriu a promoção de um congresso brasileiro de cooperativas e sustentabilidade para divulgar amplamente os modelos expostos durante o webinar.