Intercooperação: gerando valor para as cooperativas

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Edivaldo Del Grande*

Entre os princípios do cooperativismo, é importante ressaltar o sexto – cooperação entre cooperativas –, adotado oficialmente no Congresso Mundial da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), realizado em Viena, Áustria, em 1966, e reafirmado no Congresso Centenário de Manchester, em 1995.

O princípio sintetiza e comprova que as cooperativas praticam a integração como resultado do chamado “espírito cooperativo”, expressando a união de esforços, a solidariedade e a ajuda mútua. “As cooperativas atendem seus sócios mais efetivamente e fortalecem o movimento cooperativo, trabalhando juntas por meio de estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais”, ressalta a descrição do princípio.

Acredito que as parcerias entre cooperativas, ou melhor, a intercooperação, seja um dos principais caminhos para o fortalecimento do cooperativismo. Uma das tendências desse cooperativismo contemporâneo é a formação de redes cooperativas, que tratam a intercooperação como ação estratégica para o futuro do negócio.

As cooperativas podem realizar rico intercâmbio de informações, num processo de aprendizado muito superior às possibilidades de construção de conhecimento de forma individual.

Movidos por este princípio, os empreendimentos cooperativos podem oferecer serviços complementares, mais abrangentes e com mais qualidade, além de conseguirem ganhos de escala na comercialização, na agregação de valor, na profissionalização da administração cooperativa e na maior fidelização dos associados. Estes são fatores essenciais à prática da intercooperação, fundamentais para o sucesso nos negócios.

Com a união de forças, é possível construir parcerias e redes estratégicas para conquistar novos mercados, inclusive fora do País. No âmbito internacional, a cooperação entre cooperativas, além de promover e fortalecer a cooperação entre países, cumpre uma função essencial de representatividade e de defesa dos interesses do movimento em todos os setores da vida cooperativa.

No âmbito interno, imbuídas do espírito cooperativista, as cooperativas podem umas suprir as necessidades das outras, pois há cooperativas nas mais diversas atividades econômicas. Formam organismos superiores (centrais, federações, confederações), de caráter local, regional, nacional e internacional, e que têm por objetivos prestação de serviços, assistência técnica e financeira, educação, representação política, fomento e defesa do sistema. E os preços dos produtos e serviços são mais justos, haja vista que as cooperativas não visam ao lucro, mas sim à melhoria de vida de seus associados, funcionários, familiares e comunidade.

Somente a união dos esforços em torno dos objetivos comuns leva a resultados satisfatórios e abrangentes. Isso não é novidade para as cooperativas. Do mesmo modo deve ser a organização das cooperativas dentro da Ocesp. O sexto princípio resume o caminho a ser percorrido para o fortalecimento do cooperativismo de São Paulo: intercooperação. A Ocesp incentiva a prática da intercooperação de diversas formas, dentre as quais promovendo a discussão sobre o assunto em seus eventos.

Precisamos estimular o exercício da cooperação entre cooperativas, e com o Sistema, para alcançarmos mais representatividade, mais respeito e desenvolvimento. É oportuno avaliar os benefícios que podem advir do relacionamento de uma cooperativa com outra, do intercâmbio comercial, da união de objetivos, ações que certamente trarão vantagens econômicas e mercadológicas mútuas e, na esteira destas, o fortalecimento do cooperativismo como um todo.

*Edivaldo Del Grande é presidente do Sistema Ocesp-Sescoop/SP, membro do Conselho Superior de Agricultura da Fiesp e membro do Conselho Administrativo do Sescoop Nacional.

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