ENTREVISTA DA SEMANA: Leo Trombka
Sistema Unicred se destaca no primeiro semestre e mostra a força do cooperativismo de crédito
Brasília (31/8/16) – Todos os dias, mais e mais brasileiros passam a contar com os serviços do cooperativismo de crédito que, aliás, tem se destacado no país como uma alternativa aos bancos tradicionais. Taxas de juros mais atrativas, produtos pensados sob medida, intenso processo de capacitação em gestão e governança e investimentos pesados em tecnologia são diferenciais que têm atraído a atenção da população. Soma-se a isso o fato de que cada pessoa é cliente e dona ao mesmo tempo. Esses são os elementos que garantem o excelente desempenho das cooperativas de crédito em todas as partes do país.
Um bom exemplo disso é o Sistema Unicred. De acordo com o presidente da Unicred do Brasil, Leo Trombka, o primeiro semestre de 2016 terminou com R$ 134 milhões de sobras, um aumento de 11,7% em relação ao mesmo semestre de 2015. Além disso, segundo ele, o número de cooperados também aumentou 8,5%, chegando a 217 mil. Indicadores como carteira de crédito, depósitos totais e ativos totais também apresentaram um desempenho excelente. Confira na entrevista abaixo!
O que é o Sistema Unicred?
Leo Trombka – O Sistema Unicred surgiu em 1989 no Rio Grande do Sul e é formado por um conjunto de instituições financeiras cooperativas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, sem fins lucrativos e não sujeitas a falência, normatizadas pela legislação cooperativista e do Sistema Financeiro Nacional.
Como se percebe a Unicred, com seus 26 anos de existência, é um sistema bem mais jovem do que os demais Sistemas financeiros cooperativos e que neste pouco tempo alcançou um crescimento extraordinário.
Por imposição do BACEN, nosso órgão regulador, iniciamos em 1989 apenas com médicos e só após 2001 ampliamos para todos os profissionais da área da saúde, pessoas físicas e jurídicas. A partir daí, obedecendo o princípio da singularidade, algumas cooperativas se transformaram em livre admissão.
No entanto é inegável que o sistema Unicred tem o DNA da saúde e contribui para o crescimento das entidades desta área e com isto para a assistência da saúde no nosso país. A partir do Rio Grande do Sul, onde foi criado, se estendeu pelo país e hoje ocupa, além do estado que lhe deu origem, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Espirito Santo.
Quais os números do Sistema?
Leo Trombka – Encerramos o primeiro semestre de 2016 com R$ 134 milhões de sobras, com aumento de 11,7% em relação ao semestre de 2015, 217 mil cooperados (aumento de 8,5%), carteira de crédito de R$ 5,3 bilhões (aumento de 11,6%) com inadimplência de 2,27% (bem abaixo da verificada no SFN), R$ 8 bilhões de depósitos totais (aumento de 22,3%) e estamos chegando aos R$ 10 bilhões de ativos totais (aumento de 21,3%).
No Benchmark com SFN e SNCC em relação ao crescimento do crédito no primeiro semestre de 2016, tivemos crescimento de 3%, enquanto o SFN e SNCC tiveram crescimento negativo de -3% e -1% respectivamente. Ou seja, a despeito das dificuldades econômicas e políticas pelas quais o país atravessa, continuamos emprestando com taxas mais baixas e remunerando os poupadores em níveis mais competitivos do que o sistema bancário tradicional.
Como é a segmentação do quadro social da Unicred?
Leo Trombka – temos dois tipos de cooperados: as pessoas físicas (médicos, veterinários, cirurgiões dentistas, biólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, professores de educação física, empresários, farmacêuticos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogos, assistente social, profissionais de carreiras jurídicas e livre admissão) e as pessoas jurídicas (cooperativas de trabalho médico, hospitais, laboratórios, clínicas, empresas de todos os ramos).
Vale ressaltar que, para se associar, é necessário que o cooperado verifique as condições estatutárias da cooperativa de cada região.
E a composição do Sistema Unicred?
Leo Trombka – O Sistema Unicred conta desde 1º/7/2016 com quatro Centrais e uma Confederação Nacional, com unidades em São Paulo, Porto Alegre e Florianópolis, 35 cooperativas, 230 unidades de negócios distribuídas em nove estados brasileiros.
Quais as estratégias para atrair o público jovem?
Leo Trombka – Temos claramente a intenção de atrair cada vez mais esse público. Todas as alternativas de crescimento orgânico e inorgânico são avaliadas no nosso plano estratégico. O potencial de crescimento entre as pessoas com esse perfil é muito significativo. Há uma gama de oportunidades para aumentar o número de associados que nunca foram expostos às vantagens do sistema cooperativo. Vamos, ao longo do tempo, nos adequar à linguagem deste público e às necessidades que permeiam essa geração entrante no cooperativismo de crédito.
Existe uma clara estratégia de rejuvenescimento dos associados, seja na modernização de nossas agências com o objetivo de mesclar o atendimento presencial ao virtual, seja via internet banking ou via Mobile Banking. Além disto estamos investindo em nossa TI para propiciar aos nossos cooperados todos os métodos contemporâneos de operações bancárias, sejam elas: presenciais ou à distância.
Na área da saúde estamos investindo nos estudantes e profissionais em fase inicial da carreira, propiciando todas as ferramentas comerciais para alavancar seu crescimento. Isto sem contar financiamentos em hospitais, clínicas, bem como todos os insumos necessários para o bom exercício de suas atividades.
Nossa entidade de Previdência Privada, a Quanta, contribui sobremaneira para um rejuvenescimento dos nossos associados, na medida em que há uma preocupação cada vez maior dos cooperados do sistema em assegurar um futuro cada vez melhor para si e para seus descendentes.
Não é por outro motivo que a Quanta é a entidade de previdência privada associativa que mais cresce no país. A Quanta Previdência Unicred, contava em 31/7/2016 com patrimônio no produto Precaver (exclusivo para associados Unicred) de R$ 1.654.624.570 e um total de 51,8 mil participantes ativos.
Quais as perspectivas de futuro?
Leo Trombka – A situação política e econômica pela qual passa o país, ao mesmo tempo em que oferece desafios às pessoas físicas e empresas, oferece oportunidades de crescimento para o sistema cooperativo de crédito, que pelas suas características concede empréstimos e financiamentos a juros mais baixos, assim como remunera seus aplicadores a taxas mais competitivas, já que não visa o lucro. É exatamente em momentos desafiadores como esses, que as vantagens de ser um cooperado saltam ainda mais aos olhos.
O Brasil, com uma taxa básica de juros de dois dígitos e uma inflação ainda muito alta para os padrões internacionais, representa um ambiente hostil para investimentos, como por exemplo os necessários para a expansão dos negócios de um profissional liberal, de uma clínica ou hospital.
O cooperativismo de crédito, já maduro e muito representativo em países com economias mais desenvolvidas, como França, Alemanha e Holanda, tornou-se uma opção cotidiana aos agentes locais naquelas praças. Ainda há muito que se desenvolver no Brasil, porém os números de crescimento relativo não deixam dúvidas que cada vez mais está havendo a percepção dos agentes brasileiros das vantagens comparativas do cooperativismo.
Como vimos na resposta anterior, apesar da crise, o Sistema Unicred vem crescendo relativamente mais (e melhor) se compararmos o seu desempenho com o do SFN e mesmo do SNCC.
Como o Sistema Unicred está se preparando para a entrada de novos agentes no mercado financeiro, conhecidos como Fintech?
Leo Trombka – As Fintechs são uma mudança na forma de relacionamento entre o cliente e as instituições financeiras, comparada à automação industrial das décadas de 1990 e 2000, que dispensou muita mão-de-obra direta na produção fabril. O sistema de intermediação financeira baseado no cooperativismo difere na forma de capitalização da instituição financeira.
O cooperado é um sócio do negócio e pode usufruir dos benefícios oferecidos pelo sistema. Eventualmente, uma cooperativa de crédito pode vir a adotar a desintermediação bancária e desburocratização das operações, usando a tecnologia a seu favor e a favor do cooperado.
Todo o mercado financeiro está revendo seus processos no sentido de otimizar operações que anteriormente levavam dias para serem liberadas, ou seja, é preciso através da tecnologia própria ou se utilizando de Fintechs, tornar ágeis seus produtos e serviços como por exemplo, desde a contratação até a liberação dos recursos de uma linha de crédito, utilizando-se de multi canais, ou seja, possibilitando principalmente que o cooperado possa iniciar a simulação de uma contratação de empréstimo por meio do acesso ao Internet Banking e fechar a mesma operação através de seu aplicativo Mobile ou mesmo de um ATM.