ENTREVISTA DA SEMANA: Sergio Talocchi

Gerente de Logística Reversa e Materiais Reciclados na Natura, Sérgio Talocchi, comenta julgamento do Prêmio Somoscoop​.

Brasília(16/11/16) – Recentemente o Sistema OCB divulgou a lista das 18 cooperativas finalistas no 10º Prêmio SOMOSCOOP – Melhores do Ano que, nesta edição, contou com a participação de 221 cooperativas. Ao todo, elas inscreveram 349 projetos. Esse volume representou um recorde na história da premiação. E, para falar sobre o processo que envolveu o julgamento dos trabalhos inscritos, o Sistema OCB ouviu o gerente de Logística Reversa e Materiais Reciclados na Natura, Sérgio Talocchi.​

Segundo ele, o que mais lhe chamou a atenção ao longo de todo o processo de julgamento foi “o cuidado contra qualquer tipo de tendência ou fraude, com controle por agente externo, bem como a quantidade e qualidade dos avaliadores envolvidos”. Confira!

Qual sua opinião sobre o processo de julgamento dos projetos inscritos pelas cooperativas no Prêmio Somoscoop?

Sérgio: Achei um processo bem estruturado e completo, que é capaz de avaliar projetos de grande diversidade de foco e tamanho das organizações proponentes. Pontos de melhoria seriam: detalhar melhor o tipo de atividades que consumiram os recursos orçamentários; descrever melhor o papel específico de cada parceiro nos projetos; melhorar as informações cadastrais como ano de fundação, número de funcionários/cooperados; e tamanho da operação econômica (faturamento anual; total de recursos captados a fundo perdido, etc.); e talvez criar categorias separadas para pequenas e grandes organizações.

Esta foi a primeira vez que você participou do julgamento de uma das premiações do Sistema OCB. O que mais chamou sua atenção?

Sérgio: Me chamou a atenção a seriedade e cuidado contra qualquer tipo de tendência ou fraude, com controle por agente externo, bem como a quantidade e qualidade dos avaliadores envolvidos.

Como as cooperativas podem mudar a realidade de pessoas e localidades?

Sérgio: Cooperativas, diferentemente de empresas, são organizações em que os membros são “donos” do negócio de forma igualitária. Isso, para mim, abre diversas possibilidades de interação com a sociedade que são diferentes das empresas privadas. Gerar benefícios para o entorno e pessoas da região (mesmo não cooperadas) é um sinal de que a cooperativa percebe que tudo é parte de um sistema único e interligado, que todos dependem de todos em última instância. Não teria sentido a cooperativa ir bem em uma região que vai muito mal.

Como é o relacionamento da Natura com o cooperativismo?

Sergio: A Natura, desde o início dos anos 2000, tem relações com cooperativas de produtores rurais familiares e extrativistas em diversas regiões do Brasil e algumas em outros países da América Latina. Atualmente são mais de 30 cooperativas envolvendo mais de três mil famílias diretamente na produção de matérias-primas para nossos cosméticos.

São relações em que a Natura aplica seus princípios e crenças de relacionamento, gerando relações de parceria genuína com estes fornecedores de matérias primas e conhecimentos tradicionais a nossos processos de produção e inovação. Temos sempre a intenção de criar uma relação horizontal e com perspectivas de desenvolvimento de ambas as partes.

Nosso foco sempre foi trabalhar com grupos organizados em cooperativas (associações em alguns casos) e temos diversos trabalhos contínuos de relação presencial que promove agendas comuns de desenvolvimento do trabalho técnico, administrativo e de fortalecimento dos grupos cooperativos, muitas vezes com foco inclusive em trabalhar conflitos e processos sucessórios que podem eventualmente minar as fortalezas de cada grupo.

Talvez a palavra chave do que buscamos em nossa relação com cooperativas é autonomia, no sentido de que as relações sejam horizontais, transparentes, aberta ao diálogo, e criem valor para todos os envolvidos a partir de seus próprios recursos.

SAIBA MAIS

O Prêmio SOMOSCOOP, entregue a cada dois anos, é a nova marca do até então chamado prêmio “Cooperativa do Ano”, que já reconheceu, ao longo dos últimos 12 anos, 81 cooperativas de 17 estados brasileiros. De cara nova, o prêmio é um reconhecimento à criatividade das cooperativas brasileiras e, principalmente, aos bons resultados obtidos por elas.

Com esta iniciativa, o Sistema OCB reforça o papel das cooperativas, um modelo de negócio competitivo, gerador de renda, de felicidade e que se preocupa com o econômico, sem se esquecer do social.

CERIMÔNIA – A solenidade de entrega dos prêmios está marcada para o dia 22 de novembro, em Brasília (DF). Os vencedores de cada categoria, assim como os 2º e 3º lugares, serão divulgados durante a comemoração!

Conteúdos Relacionados