Na busca do leite ideal, cooperativas empregam genética avançada em SC

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Florianópolis (11/3) – A base produtiva da pecuária que a Cooperativa Central Aurora Alimentos mantém no grande oeste catarinense – formada por moderna indústria, 13 cooperativas agropecuárias, 6800 produtores rurais e 1,5 milhão de litros/dia industrializados – adotou uma inovação mundial: o levantamento genético através da técnica de genotipagem do gado leiteiro. Até o fim de 2016, os investimentos totais atingirão cerca de R$ 2 milhões, recursos aportados pelos parceiros do projeto: Sebrae, Coopercentral Aurora Alimentos e cooperativas agropecuárias filiadas.

O diretor agropecuário Marcos Antônio Zordan e o gerente de lácteos e coordenador do projeto Selvino Giesel explicam que essa tecnologia foi desenvolvida por cientistas de vários países com apoio do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos e Universidades do Canadá e EUA. O objetivo é auxiliar o modelo de seleção genética existente até então, o chamado teste de progênie.

Para esse teste foi coletado material (geralmente pelos, pele, sangue ou outra parte do animal que contenha células) para análise. Após tratado, esse material foi encaminhado para o laboratório especializado, nos Estados Unidos, onde fez-se a leitura do DNA. Isso permitiu um comparativo com os Bancos de Dados Genômicos do Departamento de Agricultura dos EUA.

A meta da Aurora é utilizar essa ferramenta para um levantamento em todas as 13 cooperativas filiadas. Para isso, coletou-se amostragem de 2.500 animais de vários produtores, inicialmente das raças Jersey e Holandesa, para identificar e aferir a situação do patrimônio genético da região, seus pontos fortes e fracos.

A recém-concluída genotipagem permite analisar as deficiências detectadas e as “correções” que terão que ser implementadas. O levantamento foi analisado e discutido com todos os técnicos das filiadas para a padronização do conhecimento. Essas informações e conclusões também foram levadas aos produtores que forneceram animais para a coleta de amostras para que conhecessem os resultados da genotipagem de suas propriedades.

Essa análise do DNA permitiu conhecer 94 características do genoma dos animais, proporcionando estabelecer o mapa genético do rebanho. Incluiu informações de produção (volume de leite, volume de sólidos, proteína e suas variáveis, gordura etc), saúde (vida produtiva, fertilidade da fêmea, células somáticas e genes deletérios) e conformação (sistema mamário, composto corporal, composto de patas e pernas e estrutura).

Com base na definição do padrão genético do rebanho foi desenvolvido o MGA (Modelo Genético Aurora). Agora será possível orientar os produtores sobre quais os touros recomendados para corrigir, nas novas gerações, os problemas detectados. “Todo esse esforço busca obter os animais ideais para a produção de leite de qualidade, atendendo os padrões exigidos pela Instrução Normativa 62 (IN-62)”, resume Zordan.

“Agora sabemos qual é o caminho a seguir em termos de melhoramento genético, dando prioridade aos quesitos mais importantes a serem corrigidos, principalmente eliminação de doenças ligadas aos genes, sólidos do leite, composto de úbere e pernas e patas”, assinala Giesel.

Para atingir os níveis de correção indicados pelo estudo já está à disposição dos produtores de leite das cooperativas filiadas (com custos subsidiados) as doses de sêmen, tanto convencional como ultrassexado, dentro dos padrões do MGA. Os resultados esperados pelo projeto incluem a obtenção de animais melhores para a produção de sólidos, mais longevos, mais saudáveis, livres de doenças ligadas genéticas que proporcionem melhor rendimento para a indústria e maior remuneração aos produtores em face do pagamento pelo critério de qualidade.

PIONEIRISMO – O projeto desenvolvido na Coopercentral Aurora Alimentos, nessa amplitude e dimensão, é pioneiro no Brasil e na América do Sul, pois se trata de levantamento de vários criadores com um número relativamente grande de animais observados (2.500 amostras), em único processo de seleção, desenvolvido através de um modelo de animal específico (MGA) em um sistema cooperativo, buscando a correção das necessidades da indústria e o atendimento à legislação (IN-62), dando condições para os produtores fornecem um leite que lhes permita receber mais por qualidade.

Atualmente, a utilização da leitura do DNA no apoio a melhoria genética na bovinocultura de leite ocorre em associações de criadores e fazendas particulares em países desenvolvidos, como EUA, Canadá, Alemanha, França e, de maneira tímida, em algumas associações de criadores no Brasil.

“Os resultados nos levaram a tomar medidas urgentes no sentido de alertar e orientar nossos técnicos e produtores para uma nova fase no melhoramento genético. Esta nova ferramenta nos traz mais conhecimento. Abandonamos o antigo modelo, onde se orientava a inseminação artificial e outras metodologias, usando touros com provas em teste de progênie e características visuais. Agora, o que importa é o que realmente está no seu DNA, evitando a transmissão de algumas doenças ligadas aos genes e tendo mais segurança na produção e composição do leite. Isso é possível pelas informações que a nova tecnologia proporciona”.

EMBRIÕES - A instalação de uma Central de Transferência de Embriões é uma das ações previstas no projeto de melhoramento genético bovino da Aurora. A criação de um centro de doadoras para a transferência de embriões empregará animais da região que atendem aos padrões desejados e detectados neste levantamento. Ainda não estão definidos o local onde será instalada, a capacidade de atendimento, quanto custará e quem a financiará.

A futura construção desse centro permitirá oferecer essa ferramenta aos produtores associados das cooperativas do Sistema Aurora. Zordan e Giesel assinalam que os resultados esperados de todos esses esforços e investimentos levam, ao produtor do Sistema Aurora, informações para que possa tomar as melhores decisões no uso da genética, atender a legislação, maximizar seus ganhos e produzir um leite de melhor qualidade, com mais sólidos, com animais mais saudáveis e com maior longevidade. Por outro lado, a indústria obterá melhor rendimento. 

QUALIDADE, SEMPRE

A qualidade do leite depende de higiene, sistema de resfriamento, manejo do rebanho, nutrição e dos componentes que formam o alimento e, estes, são influenciados por vários fatores, especialmente a genética. A genotipagem fornece informações e avaliações para corrigir problemas e evitar que afetem a saúde do rebanho e a qualidade do produto. 

O programa de melhoria genética da Cooperativa Central Aurora Alimentos teve início em julho de 2014 com a formação de um Conselho Gestor, constituído por técnicos de todas as cooperativas filiadas, parceria com Sebrae e empresas do ramo de genética e laboratório. A meta inicial do projeto era a coleta de 2.500 amostras em mais de 200 propriedades do Sistema Aurora. 

O estímulo para a adoção dessa tecnologia foi a constatação de que muitas propriedades apresentavam dificuldades para atender as exigências da IN-62, mesmo com assistência técnica, aperfeiçoamento do manejo, nutrição e outras modalidades de apoio e assistência. “Percebemos que muitos problemas estavam relacionados à genética. Por isto, este primeiro levantamento foi feito, e as informações que temos nos leva a continuar com a compilação de dados e principalmente informar e orientar o nosso produtor a corrigir os problemas detectados”, expõe Giesel. (Fonte: Assimp Sistema Ocesc)

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