Tecnologia ajuda produtor a superar adversidades climáticas
Rio Verde (2/4) – Grande preocupação dos produtores brasileiros na atualidade, a seca será tema de amplo debate durante a Tecnoshow Comigo 2015, programada para ocorrer entre os dias 13 a 17 de abril, no Centro Tecnológico da Comigo (CTC), em Rio Verde (GO). PhD em engenharia genética, o agrônomo Alexandre Nepomuceno, de 50 anos, ministrará a palestra “Estratégias para aumento da tolerância à seca em plantas” no dia 14/4, às 14 horas, no Auditório 1.
Pesquisador da Embrapa Soja (PR), Nepomuceno afirma que a tecnologia pode ajudar o homem do campo a produzir mesmo em condições climáticas adversas. No final do ano passado, por exemplo, as chuvas atrasaram no Centro-Oeste, Sul e Sudeste, o que afetou o início do plantio da soja. “Quero apresentar ao público as ferramentas que a engenharia genética disponibiliza para ajudá-lo na produção. Mostrar que as grandes empresas e instituições de pesquisa ao redor do mundo estão investindo pesado em biotecnologia.”
A Embrapa, inclusive, está testando genes para aumentar tolerância à seca em milho, soja, algodão e cana-de-açúcar. No entanto, segundo o pesquisador, ainda não existe prazo para que essas plantas possam ter uso comercial no Brasil.
“Existem genes com respostas muito boas, mas ainda dependemos de mais pesquisas, investimento e maior número de pessoas envolvidas. Estamos fazendo uma parte inicial, que mostrou que um dos genes que estamos testando funciona muito bem, mas colocar esse gene em outras variedades de soja adaptadas a todas as regiões do Brasil, e fazer a desregulamentação, é bastante complexo.”
No entanto, a Monsanto conseguiu a liberação, nos Estados Unidos, de uma planta transgênica de milho tolerante à seca. A empresa colocou o gene de uma bactéria no milho, o que aumentou a defesa da célula quando a mesma perde água.
O produto está sendo comercializado desde 2013, mas ainda não existe previsão para entrada no Brasil. Esta tecnologia é uma das originadas de uma parceria da Monsanto com a Basf onde investiram, em cinco anos, 1,2 bilhão de dólares em pesquisa básica.
Nepomuceno alerta que não só os EUA estão investindo pesado nas Plantas Geneticamente Modificadas (PGM), mas também a China e o Japão. “Esses países estão inovando em biotecnologia, enquanto no Brasil a discussão não avança. Não podemos abrir mão, pois mais de 40% dos empregos no Brasil estão ligados direta ou indiretamente ao agronegócio. Sem falar que aproximadamente 90% da soja do mundo já são transgênicas.”
Por fim, Nepomuceno explica que é importante formar massa crítica no Brasil para debater e avançar a biotecnologia em alto nível, além de treinar adequadamente os jovens pesquisadores e cientistas para trabalharem com biotecnologia.
“Não podemos ir contra a biotecnologia no agronegócio, pois é uma tecnologia estratégica para nosso país. Grandes empresas e instituições de pesquisa no mundo todo estão procurando estratégias genéticas para ajudar na solução de problemas e/ou agregar valor no agronegócio. Na medicina e na indústria, a biotecnologia já está no nosso dia a dia desde a década de 70, agora é a hora do campo. São mudanças que vão impactar, para melhor, a vida de milhões de pessoas no futuro.” (Fonte: Assimp da cooperativa)