09/08/2010 - Cooperativa gera trabalho e renda para comunidade
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Marcel Gugoni, do R7
Imagine uma empresa em que os ganhos são divididos igualmente e os prejuízos, quando existem, são minimizados entre todos os trabalhadores, que são funcionários e donos da produção ao mesmo tempo. Esse tipo de negócio existe, são as cooperativas, um tipo de empreendimento em que a única finalidade é o sucesso do trabalho coletivo.
Evandro Ninaut, gerente de Mercados da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), diz que uma cooperativa pode ser entendida como uma “empresa” que presta serviços aos seus associados.
- Numa companhia mercantil, há um dono, dois, um pequeno grupo. Na cooperativa, você é associado e tem parte dela em suas mãos, e o número de participantes é ilimitado.
Nesse tipo de negócio, ele diz, o resultado positivo – o que é chamado de sobra (o lucro) – é dividido igualmente, assim como as perdas. Em uma empresa, um resultado ruim pode até quebrá-la. Já as cooperativas dificilmente quebram.
As diferenças não se resumem somente ao fato de que as empresas buscam lucro e as cooperativas não. O consultor Benedito Roberto Zurita, especialista em associativismo do Sebrae-SP, explica que, em conjunto, os trabalhadores podem alcançar degraus mais altos.
- Individualmente as dificuldades são maiores. Pense em um produtor rural que quer vender sua colheita. Junto de colegas, ele consegue negociar para comprar insumos, como adubo, por preços mais baratos. Ele também vai poder encontrar o mercado ideal para comercializar aquilo que criou, obtendo margens melhores de retorno.
A opinião é a mesma do engenheiro agrônomo José Aroldo Gallassini, diretor-presidente da maiores cooperativas agrícola do país, a Coamo. Ele reconhece que se não estivessem unidos, os produtores da região de Campo Mourão (centro do Paraná) não conseguiriam sequer produzir seus grãos em grande escala.
- O pequeno só cuida de plantar. Uma cooperativa significa muito para seus associados, porque dá estrutura e assistência à colheita, à pesquisa, à venda e a industrialização. A falta de base é uma dificuldade de estar sozinho.
Educação e assistência
Para Cintya Destro Toth, da ANCC (Associação Nacional das Cooperativas de Crédito), as grandes oportunidades desse tipo de associação são de educação e assistência. Ela diz que, no caso das cooperativas de crédito, há oportunidades de cursos de finanças pessoais para ensinar os parceiros a saírem das dívidas.
- Como dívida não depende da classe social, a cooperativa vai te ajudar e te ensinar a cuidar do teu dinheiro. Já vi presidente de empresas internacionais pegarem empréstimos em cooperativa. Uma das coisas importantes é de projetos educacionais com os endividados, com apoio até de assistentes sociais e de consultores financeiros, se necessário.
A área de crédito cooperativo é uma das que mais cresce no país, e já é a que conta com o maior número de associados. São 3,497 milhões de pessoas que colocam seu dinheiro nesses grupos, que atuam como bancos e podem oferecer crédito a taxas mais baixas do que as de bancos convencionais.
O ramo agropecuário é o mais expressivo em número de cooperativas (1.615), contando com mais de 940 mil sócios.
A questão educacional e de desenvolvimento técnico é tão importante que as cooperativas têm o Sescoop (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo), um órgão próprio do Sistema S – que reúne Senac (do comércio), Senai (da indústria), Senat (dos transportes) e Senar (rural), entre outros.
O especialista do Sebrae Benedito Zurita vê grande potencial de crescimento nesse setor de empreendedores.
- É um sistema que tem muito a crescer. O sucesso de uma cooperativa depende exclusivamente da participação de seus associados. As cooperativas também têm seus riscos, já que podem concorrer no mercado como uma empresa comum. Mas o pior problema é a não participação.
Veículo: Portal R7
Publicado em: 08/08/2010