10/06/2011 - Abram Szajman vê o comércio forte e crescimento contínuo com a classe C

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Abram Szajman comanda desde 1985 a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio). O empresário falou ao DCI e projetou um crescimento de 4,5% para o País este ano. Szajman critica os sistemas tributário, previdenciário e trabalhista e defende que a modernização desse conjunto, com a redução da burocracia, é necessária para o desenvolvimento do Brasil. O representante do varejo paulista acredita que a expansão do comércio deve ser limitada e que o câmbio no atual nível é positivo para o setor. Abaixo, os principais trechos da entrevista. -

Roberto Müller Filho- Com quais categorias comerciais a Fecomércio atua, e quantos estabelecimentos?

Abram Szajman - Envolve o comércio varejista, o atacadista, o armazenador, turismo e hospitalidade e agentes autônomos, são cinco categorias. E se você contar os agentes autônomos, 1,8 milhão. Mas estabelecimentos varejistas, com porta aberta no Estado de São Paulo, são 870 mil. Comércio e serviços são os maiores geradores de emprego da economia moderna, tanto que no Brasil esses setores representam, talvez, 33 milhões de pessoas empregadas diretamente.

No Estado de São Paulo, nós temos hoje 3,3 milhões de empregados, tirando o sistema financeiro. Só em comércio tem 1,4 milhão. Quando se fala da indústria, que a indústria representa muita mão de obra, não é verdade. Na economia moderna, quando se fala de posicionamento de empresas e tecnologia avançada, você tem toda uma nova estrutura de mão de obra.

RMF - O setor de serviços vai crescendo cada vez mais, e o industrial...

AS - Diminuindo. Então, na verdade, nós [da Fecomércio] representamos essa mão de obra toda e somos responsáveis pelas negociações salariais entre empregados e empregadores. Nós negociamos aqui na capital, com o Sindicato dos Comerciários, e a nível estadual com a Federação dos Empregados do Comércio. Então você vê o universo que isso representa, como evoluiu a entidade, a representação, nestes últimos anos.

RMF - Você está há quantos anos na presidência?

AS - Eu estou há 25 anos, desde 1985. É uma presidência longa. Eu acho que nós temos um sistema sindical-patronal com uma deficiência que existe em muitas entidades, em geral, não só nas entidades de comércio. A substituição de pessoas é muito lenta, porque existe pouco interesse. Quando entrei na federação, tinha 29 anos. Hoje, o jovem quer ganhar dinheiro ontem, não amanhã.

Ele só se interessa em ganhar dinheiro. Eu comecei no Secovi, a minha entidade-mãe; na época em que comecei, eu era delegado do Secovi. É difícil você encontrar gente jovem que queira se dedicar gratuitamente -não tem remuneração-, que queria se dedicar ao trabalho voluntário -é praticamente isso- e firmar suas bases, acreditando em economia de mercado e naquilo que é possível fazer com um trabalho de sustentação política.

RMF -Como é formada a Fecomércio?

AS - Nós temos a federação do comércio, que são os 152 sindicatos patronais, e a entidade civil, que é o Centro do Comércio do Estado de São Paulo, que tem por volta de 2 mil associados e uma diretoria premium. A Fecomércio ainda tem o direito de administrar o Sesc e o Senac, nas áreas de comércio e serviços (relacionados à atividade comercial). Então, nós administramos quatro entidades, sendo que duas são muito grandes, o Sesc e o Senac são voltados, um, para o lazer, esportes, educação e cultura; o outro, para a formação profissional do trabalhador de comércio e serviços. Entre funcionários diretos e indiretos dessas duas entidades, nós temos hoje 11 mil (diretos) e 30 mil (indiretos).

RMF - Como você está vendo o cenário econômico hoje, com essa desaceleração da economia, a elevação da taxa de juros, o presidente do BNDES dizendo que vai haver crescimento de 0,5% só no próximo bimestre...?

AS - Eu acho que o Brasil, nos últimos 15 anos, talvez nos últimos dez, trouxe para o mercado consumidor esses 35 milhões de brasileiros que estavam marginalizados. Ainda tem hoje mais 30 milhões de marginalizados, mas esses 35 milhões que adentraram adquiriram bens e serviços, mostram que o Brasil tem um potencial muito forte no mercado interno. O Brasil teve o privilégio de ser um produtor de minérios, matérias-primas importantes para o crescimento de outros players mundiais, como a China.

E teve exportações abundantes com preços, nos últimos dois, três anos, que evoluíram de uma forma tão brutal que possibilitaram ao Brasil acumular US$ 335 bilhões em reservas. Com isso, possibilita-se ao Brasil ser um grande player internacional, tanto como exportador, um dos líderes mundiais em superávit comercial, como importador, portanto para a moderniza&ccedi"

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