13/05/2011 - Fome de mercado

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Volume da safra e investimentos das agroindústrias impulsionam o segmento no ParanáHá cerca de um século, o padre suíço Theodor Amstad avaliou que os produtores rurais de Nova Petrópolis (RS) precisavam de crédito para comprar sementes, utensílios e ferramentas para o trabalho no campo. Também necessitavam guardar a renda das vendas de grãos e de animais.

Foi para atender a essas necessidades que nasceu a primeira cooperativa de crédito do Brasil e de toda a América Latina, chamada Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos de Nova Petrópolis. Nesses quase 100 anos, o país passou a ter 6.652 cooperativas – 1.548 ligadas ao segmento agropecuário –, que reúnem 9 milhões de associados. “E com uma comprovada administração de sucesso”, completa o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. No mês passado, a entidade divulgou o balanço de 2010, quando o setor fechou com faturamento de R$ 90 bilhões, metade dos quais provenientes do campo.

As vendas para o exterior, quase todas oriundas de produtos agrícolas, somaram US$ 4,4 bilhões, 21,76% acima do resultado anterior. “Isso reflete a recuperação do crescimento do setor cooperativista após a crise financeira mundial”, afirma Freitas.

O agronegócio respondeu pela ampla maioria dos 7,9 milhões de toneladas exportadas pelas cooperativas no ano passado. Açúcar e etanol, grãos, óleo e farelo de soja estão entre os principais artigos enviados ao mercado internacional, principalmente para China, Emirados Árabes e países da Europa. As organizações do Paraná foram as que mais contribuíram para o resultado: 3,2 milhões de toneladas comercializadas e US$ 1,64 bilhão em recursos (37,11% do valor total).

“As cooperativas representam 56% de tudo o que produz a agropecuária paranaense”, analisa o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski. O estado possui 236 cooperativas, de 11 diferentes segmentos da economia. No total, o Paraná reúne 632 mil cooperados e teve faturamento de R$ 28 bilhões, o que representou cerca de 30% da movimentação econômica do cooperativismo brasileiro no ano passado. Segundo Koslovski, o crescimento registrado em 2010 foi impulsionado pelo grande volume da safra e pelos investimentos da ordem de R$ 1,1 bilhão em infraestrutura realizados nas agroindústrias.

“O resultado (obtido com as exportações) reflete a recuperação do crescimento do setor após a crise econômica mundial”
Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB
 
Em 2011, a Ocepar espera que as associadas alcancem a cifra de R$ 30 bilhões e expandam ainda mais a participação nas exportações nacionais. “Bateremos a meta se continuarmos nesse ritmo”, afirma José Aroldo Galassini, presidente da Coamo Agroindustrial Cooperativa, de Campo Mourão. A empresa faturou R$ 5 bilhões no ano passado. Criada em 1970, hoje atua em 53 municípios do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso, movimentando 3,3% de toda a produção brasileira de grãos e fibras e 17% da safra paranaense.

A OCB reconhece que outra marca do balanço de 2010 foi o aumento dos empréstimos pelas cooperativas de crédito. Segundo Sílvio Giusti, gerente de desenvolvimento do cooperativismo de crédito, 60% dos pedidos são direcionados para custeios de lavoura e pecuária. Dentro do mercado de crédito rural no país, calculado em R$ 81 bilhões, as cooperativas participam com 2% do valor. “Pode parecer pouco, mas é um papel bastante significativo”, diz o gerente. A maioria absoluta dos recursos é distribuída entre os bancos públicos, privados e estrangeiros por meio das operações de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN).

Giusti afirma que as cooperativas estão em lugares em que outras instituições não conseguem se instalar e espera que sua atuação possa ser ampliada com a aprovação de dois projetos de lei (PL) que tramitam no Congresso Nacional. O PL 40/2011 está ligado à gestão de recursos públicos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), com foco na atividade rural e que atualmente é administrado apenas pelo Banco do Brasil. Já o PL 409/2011 se refere aos Fundos Constitucionais criados para programas de desenvolvimento nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste e que hoje são controlados pelos bancos públicos. “As cooperativas acompanham as fronteiras agrícolas do país. Elas conhecem como ninguém as necessidades do agricultor”, avalia.

Veículo: Site Globo Rural
Publicado em: 11/05/2011

 

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