31/05/2010 - Cooperativa é opção barata de crédito
Clique aqui para ler todas as notícias do clipping
Associados apontam os juros menores e o clima mais amigável como vantagens das cooperativas
DENYSE GODOY
DE SÃO PAULO
As cooperativas de crédito ainda não são muito conhecidas no Brasil. Segundo o Banco Central, elas respondem por apenas entre 2% e 2,5% do total de empréstimos concedidos no país.
Mas as novas regras para a criação de cooperativas anunciadas no final da semana passada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) devem dar novo impulso ao setor exatamente no seu melhor momento em décadas.
No ano passado, por exemplo, a carteira de uma das quatro grandes redes de cooperativas que operam no país, a Sicoob Confederação, teve um aumento de quase 16%, enquanto a dos bancos de varejo comuns subiu apenas perto de 4%, na média.
Como as cooperativas podem ser alternativa mais barata e acessível do que o crédito tradicional, normalmente experimentam crescimento em época de crise.
Entretanto, o bom desempenho registrado em 2009 é apenas resultado de uma reorganização do sistema que está em curso há pelo menos cinco anos.
Para enfrentar a acirrada concorrência com os bancos, as cooperativas também precisaram ganhar escala.
Como nem sempre é possível ampliar as atividades apenas organicamente, muitas pequenas instituições se juntaram e se fundiram a fim de ter mais agências de atendimento. Atualmente, existem cerca de 1.300 cooperativas no Brasil.
Esse processo também reduz o risco de insolvência.
"As políticas brasileiras de regulação e supervisão foram apontadas como exemplares na crise", lembra Edson Feltrin, chefe do Departamento de Normas do Sistema Financeiro do BC.
MENOS JUROS
"A cooperativa existe para servir à comunidade. O cliente não é apenas um número, ele é sócio, ele é dono", diz José de Menezes, presidente da Sicoob Confederação.
É assim que se sente Aparecido Soares dos Santos, funcionário do Residencial Santa Catarina, um condomínio para idosos em São Paulo que faz parte do grupo do Hospital Santa Catarina.
Ele é cooperado desde 2006. "Os juros são até a metade dos cobrados pelos bancos. E há uma relação amigável com os responsáveis por aprovar os empréstimos."
Gestão da entidade exige profissionalismo
DE SÃO PAULO
São necessários apenas 20 associados para começar uma cooperativa de crédito.
"Mas, desde o início, é muito importante que a entidade possua uma estrutura profissional", afirma Ademar Chardon, presidente da confederação Sicredi.
Um bom plano de viabilidade econômica deve ser apresentado ao Banco Central para que o funcionamento da instituição seja autorizado.
As organizações que reúnem as cooperativas -centrais e, um nível acima, confederações- podem dar orientações para a criação de novas instituições.
PARTICIPAÇÃO
Uma vez que a cooperativa esteja funcionando, é essencial envolver os associados na sua administração.
No caso da rede Sicredi, toda a administração do dia a dia é confiada a executivos especializados do ramo.
Existe, entretanto, um conselho de cooperados. Seus integrantes recebem cursos sobre finanças a fim de que estejam bem preparados para participar das decisões estratégicas da instituição, o que inclui a distribuição de lucros anuais.
Para as cooperativas pequenas, o mais indicado é sempre ter um contador na direção dos negócios.
Além das mudanças de regra que saíram na semana passada, as quais, entre outras, permitem que cidades com mais de dois milhões de habitantes tenham cooperativas de livre admissão (que abarcam pessoas livres e empresas), outras modificações estão a caminho.
"Cooperativas pequenas não devem ser obrigadas a seguir as normas de Basileia [que estabelecem, por exemplo, parâmetros mínimos de capital para o funcionamento de bancos] porque têm uma estrutura mais simples", defende Sérgio Belsito, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central).
Essa é uma reivindicação antiga do setor, e o BC confirma que está analisando modificar também essa exigência. Uma nova regulamentação deve sair até o final do ano.
(DG)
Cooperativas podem atingir os "excluídos" pelos juros altos
LUIS MIGUEL SANTACREU
ESPECIAL PARA A FOLHA
Qual seria a conveniência do cooperativismo dentro do sistema bancário brasileiro? Estamos vendo uma expectativa forte de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a renda está melhorando e o emprego está crescendo.
No entanto, a despeito do crescimento do crédito, os juros ainda são elevados. As taxas não facilitam o crescimento econômico com melhor distribuição de renda.
Há pessoas"