Banco Central ressalta importância do cooperativismo para a inclusão financeira no Brasil
Durante o Fórum de Cidadania Financeira, promovido pelo BCB e Sebrae, com apoio do Sistema OCB, o diretor Edson Feltrim ressaltou a capilaridade das cooperativas de crédito
Brasília (4/11) – “As cooperativas de crédito, considerando sua capilaridade, têm importância fundamental no processo de bancarização e inclusão financeira no país”. A afirmação foi feita hoje pelo diretor de Relacionamento Institucional do Banco Central, Luiz Edson Feltrim, durante a abertura do Fórum de Cidadania Financeira, iniciado hoje em Brasília e que termina amanhã. O evento é realizado pelo Banco Central junto com o Sebrae e conta com o apoio e participação do Sistema OCB.
Feltrim fez questão de destacar que, atualmente, todos os municípios brasileiros contam com os serviços bancários, seja por um correspondente, vinculado aos bancos comerciais ou, ainda, por uma cooperativa. Segundo ele, as cooperativas de crédito têm ampliado sua participação no mercado, o que pode ser comprovado pelo número de cooperados: cerca de 7,5 milhões. “E, aqui, reafirmamos o desafio lançado ao movimento cooperativista, pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de ampliar este número para 10 milhões de cooperados”, comenta Feltrim.
Durante seu discurso de abertura, da qual participaram o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, os presidentes das unidades estaduais Celso Regis (Mato Grosso do Sul) e André Pacelli (Paraíba), o superintendente Renato Nobile e a gerente geral da OCB, Tânia Zanella, Feltrim fez questão de ressaltar a participação das entidades parceiras não só no Fórum de Cidadania, mas em todas as ações realizadas pelo BCB.
“Nossas ações de cidadania financeira só podem ocorrer se pudermos contar com o apoio de entidades parceiras. Ao redor do mundo, diversos organismos nacionais e internacionais vêm dando ênfase à missão de incluir financeiramente a população. No Brasil não é diferente. E só temos a agradecer às instituições que nos apoiam nesta causa”, comenta.
MICRO EMPRESA – O presidente do Sebrae Nacional, Guilherme Afif Domingos, defendeu mais acesso ao crédito para as micro e pequenas empresas durante a abertura do Fórum. “O sistema financeiro nacional é muito concentrado nas médias e grandes empresas. O crédito ainda é voltado a serviços financeiros para pessoas físicas e consumo. Mas, quando a gente fala em financiar a produção, temos um longo caminho pela frente, pois as instituições são grandes demais para atender o pequeno produtor. O papel do Sebrae é entrar mais firme nessa batalha”, destacou.
Afif apresentou uma pesquisa feita pelo Sebrae em 2015, segundo a qual apenas 17% das microempresas tomaram empréstimo, enquanto 24% das empresas de pequeno porte contraíram crédito. Segundo o levantamento, os fornecedores são os principais financiadores de 72% das microempresas e de 76% dos empreendimentos de pequeno porte.
O cheque pré-datado é usado por 51% das microempresas e 57% dos negócios de pequeno porte. Ainda conforme a pesquisa, possuem conta bancária 84% dos donos de microempresa e 89% dos proprietários de pequenas empresas. Em 2015, o valor médio de empréstimo solicitado foi de R$ 36 mil por microempresa e de R$ 56 mil por empresa de pequeno porte.
O presidente recém-eleito do Sebrae reforçou a importância dos pequenos negócios na manutenção de empregos. “Enquanto as médias e grandes desempregaram 800 mil pessoas de janeiro a novembro, as micro e pequenas empresas ainda sustentam saldo positivo de 109 mil vagas”, frisou.
COOPERATIVISMO – Amanhã, o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, participa como debatedor no talk show Cooperativas e Cidadania: fortalecendo o desenvolvimento local e sustentável. Ao seu lado estarão: Roberto Rodrigues, embaixador especial da FAO para o cooperativismo mundial, que fará a palestra do painel, o consultor e coautor do livro “Rumos do Cooperativismo Financeiro no Brasil”, Marden Marques Soares, e o gerente da Unidade de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional, Bruno Quick. A moderadora será a jornalista, Mara Luquet.
REALIDADE NACIONAL – As cooperativas de crédito promovem o desenvolvimento econômico e asseguram o exercício da cidadania pela inclusão financeira, a partir de um trabalho de educação financeira junto aos associados. Além disso, o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo representa o quinto maior conglomerado financeiro do país.
O Ramo Crédito cresceu nos últimos 10 anos 171%, superando o crescimento de todos os outros sistemas bancários, e está presente em 95% dos municípios brasileiros, sendo que em 450 deles a cooperativa é a única forma de inclusão financeira disponível na região.
Segundo dados do Banco Central do Brasil, em dezembro de 2014 haviam 1.106 cooperativas e mais de 7,5 milhões de cooperado. No total, o Sistema Nacional de Crédito Cooperativo gera mais de 43 mil empregos diretos, possui R$ 143 milhões em ativos e capta depósitos da ordem de R$ 68 bilhões.
SOBRE O EVENTO – O Departamento de Educação Financeira do Banco Central, responsável pela organização do fórum, estima a participação de mais de 800 pessoas, entre operadores de microfinanças, potenciais investidores, empresas de tecnologia e representantes de instituições financeiras, do setor educacional, de organismos governamentais e multilaterais e do terceiro setor, além de pesquisadores de temas relacionados com a cidadania financeira. Clique aqui para conferir a programação completa.