Brasil deve estimular o cooperativismo

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Muitas pessoas não se dão conta, mas no dia-a-dia usam serviços e produtos que têm como orgiem as cooperativas. Num país como o Brasil, carente de empregos, que precisa crescer a uma média alta para permitir a colocação e a recolocação de profissionais no mercado de trabalho, estimular o cooperativismo deveria ser uma grande opção para acelerar o desenvolvimento. O cooperativismo é, ao longo de quase 200 anos, respon´savel pela evolução de setores econômicos, categorias profisisonais e comunidades.

Surgida em 1844, em Manchester, na Inglaterra, a idéia partiu de 28 tecelões, conhecidos como pioneiros de Rochdale. Eles economizaram uma libra ao mês e em um ano fundaram a Sociedade Rochdale de Tecelões, primeira cooperativa de que se tem notícia no mundo. É a demonstração simples de que um número pequeno de participantes pode ter elevadas as chances atuando em gurpo. Riscos se diluem, animação se amplia e permite ousadia de saltos maiores.

Quando os tecelões buscavam a chance atuar no mercado como alternativa criativa e saída econômica e competitiva, não sabiam, mas estavam fazendo história. No Brasil, o início do movimento se deu em 1847, com o médico francês Jean Maurice Faivre. Ele criou no interior do Paraná a Colônia Tereza Cristina.

Há casos com o maior ou menor sucesso, dependendo das facilidades ou obstáculos proporcionados pela legislação e pelo governo. Um exemplo é o Sistema Unimed, que surgiu em 1967, em Santos. Insatisfeitos com as más condições do atendimento público de saúde e crescimento das empresas de medicina de grupo, alguns médicos se reuniram e deram início a um modelo até então inédito no mundo, o cooperativismo de trabalho médico.

Baseada na ética para a prática da medicina e condições de tabalho dignas, a Unimed lançou um modelo segundo o qual cada associado é dono de um pedacinho da cooperativa. Interfere na qualidade do atendimento e na forma de remuneração, já que o salário é formado a partir do desempenho da gestão.

No Brasil há inúmeros casos de setores que passaram a atuar por conta própria, aliados em torno dos ideais cooperativistas.

Empreendedor nato, o brasileiro encontra no cooperativismo excelente alternativa. Temos artesãos, médicos, advogados, motoristas, motoboys, apenas para citar alguns mais visíveis aos olhos da sociedade. Há ainda as cooperaivas agrícolas, com sucesso. Há modelos a serem copiados e também há os que agem com má fé e acabam por macular todo um formato. Os cases de sucesso, felizmente, são em número infinitamente maior.

Hoje, o Sistema Unimed possui 378 cooperativas médicas, que disponibilizam aos seus usuários cerca de 80 hospitais. Possibilita, num país de dimensões continentais, o intercâmbio e o pronto atendimento de pacientes em praticamente todos os lugares. Também há desde 1993 o incentivo ao aparecimento de cooperativas de usuários de serviços de saúde. Irá crescer e forçar as cooperativas de trabalho médico a se aprimorarem, com preços mais adequados e investimento em pesquisas.

O espaço do cooperativismo poderia ser ampliado? Claro que sim, desde que houvesse por parte dos governantes o entendimento de que as cooperativas devem ter tratamento diferenciado em questões trabalhistas e tributárias como, aliás, já determina a Lei 5.764/71, mas nunca aplicada completamente.

Não são vantagens, mas formas de estimular a expansão de um modelo que, mesmo sob condições adversas, atua com enorme sucesso e produz riquezas e empregabilidade sem precedentes.

* Presidente da Unimed Paulistana   

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