C. Vale estimula participação feminina nas decisões da cooperativa

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A C.Vale Cooperativa Agroindustrial, com sede em Palotina (PR), decidiu apostar em programas de capacitação de associadas e esposas de cooperados e estimular a participação feminina nas instâncias decisórias da cooperativa. Para isso, criou o projeto Núcleos Femininos que conta com 22 núcleos que congrega 610 integrantes, que servem também, como canal de diálogo com a diretoria. A idéia valeu o troféu Prêmio Cooperativa do Ano 2009, Ramo Agropecuário, categoria educação cooperativista. 

Ao iniciar investimentos na diversificação de atividades como leite, suínos, mandioca e frangos, a C.Vale pensou em criar fontes alternativas de renda, garantindo mais estabilidade econômica aos produtores e envolvendo a família para mantê-la na propriedade. Para a cooperativa, a mulher do campo leva mais em conta os efeitos dos negócios sobre o futuro dos filhos, influenciando o marido a manter um relacionamento mais estreito com a unidade.

“As mulheres tem essa sensibilidade, tem essa visão maior e tem uma facilidade para convencer o marido, os filhos, a buscarem um sistema cooperativista, que é a extensão da propriedade dele, que isso vem contribuir imensamente para o futuro deles”, analisa Alfredo Lang, presidente da C.Vale.

Com a criação dos núcleos, a cooperativa estruturou um programa anual de treinamentos sustentado em três linhas de ação: qualidade de vida, geração de renda e formação pessoal e profissional. Abriu ainda espaços para que as mulheres pudessem conhecer as ações e influenciar as decisões da C.Vale. Três núcleos formados por lideranças femininas que representam todos os demais núcleos passaram a se reunir mensalmente com a direção para se atualizar sobre as atividades e projetos, e para apresentar propostas para melhorar a atuação da cooperativa.      
             
Na área de qualidade de vida, as mulheres começaram a receber treinamentos sobre cuidados com o corpo, segurança no trabalho agrícola, cuidados com defensivos, reaproveitamento de alimentos e produção de conservas caseiras. A cooperativa também se preocupou em qualificar as associadas e esposas de cooperados sobre fabricação de produtos artesanais e culinária por profissionais contratados pela cooperativa. Os treinamentos serviram de estímulo à abertura de negócios que resultaram em ampliação da renda familiar
     
As participantes dos núcleos são estimuladas a frequentar cursos para crescimento pessoal e desenvolvimento de habilidades. Entre eles estão relacionamento conjugal, informática, liderança, administração rural, tendências do mercado agrícola, desafios da mulher no mercado de trabalho.

Solidariedade - Com a estrutura dos 22 núcleos, as 610 integrantes se sentiram estimuladas a desenvolver ações em benefício das comunidades como campanhas do agasalho e arrecadação de alimentos nos eventos promovidos pela cooperativa. Fazem visitas técnicas e intercâmbio com outras cooperativas a fim de buscar novos conhecimentos. Na área ambiental, elas se dedicam à produção e comercialização de sacolas retornáveis para substituir as sacolas plásticas de supermercado.

A estratégia de envolver as mulheres nos cursos e nas ações da C.Vale permitiu que elas e também os maridos percebessem com mais clareza que a cooperativa era o caminho para a melhoria da renda e da qualidade de vida. Essa consciência nasceu após a participação no programa de qualificação que foi desenvolvido ao longo dos anos e em 2008 chegou a 113 eventos com um total de 5.447 participantes, conforme quadro abaixo:
      
As ações desenvolvidas pela C.Vale se refletiram na participação das mulheres no quadro social da cooperativa. O envolvimento nos núcleos femininos, os treinamentos e o acesso aos canais de diálogo motivaram as mulheres a se associarem. Esse movimento se refletiu no crescimento do número de associadas da C.Vale, que passou de 8,95% em 1999 para 12,52% em 2008, um aumento de quase 40%. O número de associados da cooperativa cresceu 54% desde a implantação do plano de modernização.

O envolvimento feminino nas atividades agropecuárias também estimulou as famílias dos associados a investir na diversificação de atividades. São 1.500 associados que ampliaram a renda familiar através da produção de leite, frangos, mandioca e suínos. Isso porque são atividades que exigem mão-de-obra e, portanto, requerem a participação de toda a família.

Essa estratégia também surtiu efeito sobre o desempenho econômico da cooperativa, que multiplicou seu faturamento por oito, elevou a arrecadação de tributos em sete vezes, e o número de funcionários em três vezes e meia. Parte desses postos de trabalho foi ocupada por filhos dos próprios associados que investiram na diversificação.

O Prêmio - O Prêmio Cooperativa do Ano edi&cc"

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