CMN regulamenta Depósito Interfinanceiro Vinculado ao Crédito Rural
São Paulo, 19/06/2013 - Um novo instrumento criado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) tende a agilizar a concessão de crédito por parte das cooperativas agrícolas do país. Nesta terça-feira (18/06), o órgão regulamentou o chamado Depósito Interfinanceiro Vinculado ao Crédito Rural (DIR). O instrumento visa a facilitar a transferência de recursos do sistema nacional de crédito rural dos bancos para as cooperativas. "Era um sonho antigo nosso", afirma Dilmar Antônio Peri, gerente de produção da Credicoamo, braço de financiamento da Coamo, maior cooperativa do país, com sede em Campo Mourão, no Paraná.
Peri explica que as cooperativas já captam recursos junto aos bancos, por meio de um instrumento conhecido como cédula totalizadora (ou cédula-mãe) - uma espécie de carta de crédito, com base na qual a cooperativa pode oferecer empréstimos aos agricultores.
A liberação do dinheiro só acontece, porém, quando a cooperativa apresenta a relação e a documentação dos agricultores a serem contemplados. Segundo o gerente, o processo demora até 15 dias. "É um período no qual o produtor fica descoberto, sem seguro", observa ele.
Com o DIR, explica Peri, as cooperativas passam a captar o recurso diretamente dos bancos, sem a necessidade de apresentar a lista dos tomadores. "A partir de agora, quando o produtor assinar o financiamento, o dinheiro já estará disponível", diz.
Com o novo instrumento, os bancos também devem ter mais facilidade para cumprir as exigências em relação ao crédito rural. Os bancos são obrigados a direcionar 34% dos depósitos à vista para o financiamento agrícola, uma tarefa difícil para instituições menores ou com pouca penetração nas zonas rurais. Quem não cumpre a exigência tem de deixar o recurso depositado por 12 meses no Banco Central, sem remuneração.
Os recursos do sistema de crédito rural possuem juros controlados, e os bancos não podem cobrar spread. Para financiar a safra 2013/14, está prevista a liberação de R$ 136 bilhões com taxas de 1,5% (nas linhas disponíveis para a agricultura familiar) a 5,5%, conforme o Plano Agrícola e Pecuário anunciado este mês. Segundo Peri, a Credicoamo capta cerca de R$ 700 milhões do sistema de crédito rural junto a bancos de pequeno e grande porte. O recurso é repassado a aproximadamente sete mil produtores. (Gerson Freitas Jr. | De São Paulo – Valor Econômico)