Consultor traça cenário macroeconômico brasileiro na Ocepar
"O cenário não é ruim, mas o Brasil está perdendo a oportunidade de ter um crescimento brilhante de 6% ao ano". Foi com essa mensagem que o consultor da Tendências Consultoria Integrada, Juan Jensen, concluiu sua palestra no Fórum Financeiro 2011, promovido pelo Sistema Ocepar, na tarde desta quinta-feira (28/04), na sede da organização, em Curitiba. De acordo com ele, o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 7,5% em 2010 e a projeção para 2011, já contabilizando a desaceleração da economia, é de 3,9%. "Apesar disso, temos que lembrar que esse índice está entre os melhores dos últimos 30 anos, bem acima da média desse período, que foi de 2,7%", frisou Jensen, procurando encerrar sua participação no evento de forma otimista. "Não quero deixar uma impressão ruim sobre o futuro do País", comentou. Ainda de acordo com o consultor, o Brasil deverá apresentar um crescimento econômico de 3,7% em 2012 e índices mais robustos a partir de 2013 e 2014.
Inflação - Jensen afirmou que atualmente a inflação é o principal problema da economia brasileira. "Nos próximos meses, ela deve arrefecer, mas a meta para este ano, estabelecida em 6,5% pelo Banco Central, está perdida. Projetamos alta de 6,6% para 2011. A convergência deve se dar, na melhor das hipóteses, em 2012, para o qual projetamos alta de 5,2%", disse ele. Segundo o consultor, nos últimos seis meses, a inflação foi muito elevada, registrando valor acumulado de 4,72%. "A alimentação tem forte impacto, mas a alta é generalizada. Os preços dos serviços subiram 8,5% em 12 meses. É muita coisa. Abril foi mais um mês de inflação elevada, mas o pior momento está passando. As taxas devem baixar, mas o risco é o governo relaxar quando isso ocorrer", acrescentou.
Câmbio - Sobre o câmbio, ele disse que a taxa tende a compensar o movimento de commodities no mercado internacional. "Entretanto, as ações para evitar apreciação traz o viés inflacionário. Nesse momento, o câmbio tem compensado". Jensen acredita que nos próximos quatro a seis meses, o câmbio mantém-se entre R$ 1,55 e R$ 1,60, devendo chegar a R$ 1,70 no final do ano. Ele lembrou que no mundo todo está havendo uma valorização das moedas, inclusive do Real, frente ao dólar. "No curto prazo, isso tem origem na percepção de que os juros nas economias desenvolvidas devem permanecer baixos por mais alguns trimestres, principalmente nos Estados Unidos. No médio prazo, a redução de liquidez internacional, com a elevação dos juros por parte dos norte-americanos e a reversão dos nossos termos de troca, devem valorizar o Real. Projetamos desvalorização real de 3% ao ano entre 2012 e 2014", disse.
Juros - Já em relação aos juros, o BC está dando indícios de que vai continuar subindo as taxas por mais tempo. "Na nossa percepção, o fim do ciclo de alta de juros, em julho do ano passado, foi prematura. Hipóteses inflacionárias do BC não se concretizaram, o que levou a autoridade monetária a iniciar um novo ciclo de aperto", frisou. Nas projeções da Tendências Consultoria, somente com a convergência da inflação em direção às metas é que as taxas de juros voltarão a cair, em 2012. "Projetamos queda para 12,5%, ao final de 2012, e de 11% para o final de 2013. Os juros reais devem subir 5,1% nesse ano e 7,5%, em 2012, e só devem voltar a cair em 2013, para 6,3%", afirma o consultor. Ainda de acordo com ele, a situação fiscal do País deve melhorar no curto prazo. Ele também ressaltou a queda na credibilidade do BC, que tem tomado medidas descompassadas, e afirmou que, até o momento, o governo de Dilma Roussef ainda não tomou medidas de longo prazo, em 120 dias de gestão.
Cenário internacional - Sobre o cenário mundial, Jensen afirmou que a recuperação econômica está em curso, sendo que nos Estados Unidos isso vem ocorrendo de forma mais rápida. De acordo com ele, o terremoto no Japão traz impacto pontual. Os países emergentes mantém um ritmo aquecido de crescimento, especialmente a China e a Índia. "Com essa dinâmica, o mundo deverá crescer acima da média dos últimos 40 anos, ou seja, 3,6%". Já a Europa, devido à deterioração da situação fiscal, com os atuais ajustes sendo postos em prática, apresenta perspectivas de baixo crescimento econômico. Segundo o consultor, a Alemanha possui situação diferenciada, com alto crescimento e baixo desemprego.
Participação - O Fórum Financeiro 2010 reuniu cerca de 80 participantes, entre diretores, gerentes e analistas das cooperativas do Paraná, convidados de instituições financeiras e de outras entidades parceiras. O evento foi aberto pelo superintende da Ocepar, José Roberto Ricken, pelo diretor da organização e presidente da cooperativa Bom Jesus, Luiz Roberto Baggio e pelo gerente de Desenvolvimento e Autogestão, Gerson José Lauermann, do Sescoop Paraná. (Fonte: Ocepar)
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