Cooperativa paraense é destaque em Lyon, na França
Belém (1º/12/16) – A iniciativa dos empreendedores paraenses da Coober, de Paragominas, é uma das soluções discutidas para o desenvolvimento sustentável de empresas e cidades do mundo inteiro. A Cooperativa é a única representante da região Norte no grupo convidado pela iniciativa da União Europeia LCBA que está na Feira Pollutec, evento que ocorre em Lyon, na França, há 27 anos.
A Pollutec facilita o encontro de profissionais com soluções inovadoras e novos temas ambientais. São mais de 2,5 mil expositores e 400 conferências e shows com atualizações sobre as últimas notícias da indústria ambiental. O advogado Raphael Vale representa a cooperativa.
Vale é o presidente da Cooperativa Brasileira de Energia Renovável (Coober), que inaugurou neste ano a primeira usina solar do Brasil construída na modalidade de uma cooperativa. Ele já agendou sete encontros, visando à troca de experiência e networking. A expectativa é que novas parcerias sejam firmadas e com isso, sejam atraídos investimentos para promover o potencial que Paragominas e o Estado do Pará têm para expandir novas formas de energia renovável, entre elas a solar fotovoltaica e o biogás.
Até amanhã (2/12), a exposição aborda temas como serviços de gestão de água, energia, o uso correto de resíduos e reciclagem de materiais. O salão também oferece discussões em cinco focos: cidades sustentáveis, indústria sustentável e futuro, a agricultura, hospital e desenvolvimento sustentável. No espaço de "Cidade Sustentável", são apresentas as últimas inovações para tornar a cidade mais energia eficiente, mais ecológica e onde cada um encontra o seu lugar.
A Cooperativa Brasileira de Energia Renovável (Coober) é um dos expositores. Ela foi constituída em fevereiro deste ano, a partir da iniciativa de 22 cooperados. São advogados, biólogos, engenheiros agrônomos, eletricistas e outros profissionais de áreas afins.
“O foco principal é produzir a nossa própria energia de forma mais limpa e segura. A energia consumida em Paragominas, para chegar da usina hidrelétrica de Tucuruí, gasta aproximadamente 800 km de linhas de transmissão, entre alta, média e baixa tensão. Para o mundo novo, não é racional ter uma produção tão longe do consumidor. Vamos deixar de ser consumidores e passar a ser “prossumidores”, ou seja, consumidores e produtores”, afirma Raphael.
O espaço físico da micro-usina tem capacidade de 75 KWp. São 288 placas fotovoltaicas que possuem capacidade de produção média de 11.550 KW/H por mês. Até entrar em operação, o projeto representou investimentos da ordem de R$ 600 mil, bancados totalmente com recursos próprios dos cooperados. Toda energia produzida pela usina é injetada no sistema da rede Celpa.
O resultado é rateado entre os cooperados e descontado diretamente na conta de energia da unidade consumidora de cada um, independentemente de sua localização. Estima-se que metade do quadro social da Coober tenha a conta completamente zerada, dependendo do nível de consumo individual.
As metas da cooperativa visam ampliar a geração para um grupo maior de pessoas. De acordo com Raphael, o número de cooperados será ampliado para 300 ou até 600 a partir do segundo semestre de 2017, dependendo da expansão da capacidade de produção.
Pela legislação, o teto que cada concessionária pode atingir é 5MW de potência. Hoje, a Coober produz 7,5% de 1MW. “Por Mega instalado, conseguimos atender até 300 pessoas. Iniciamos a fase pós-inauguração e injeção de rede para entendermos a tratativa por concessionária, compreendendo o fluxo entre a Coober, a Celpa e os cooperados de contratação. Posteriormente, implantaremos um plano de negócio para ampliar a cooperativa e abrir para novos cooperados”, completa Raphael.
De acordo com a Agência Internacional da Energia (AIE) o combustível e as tecnologias de baixo carbono, principalmente renováveis, representarão 80% do crescimento da oferta no setor energético nos próximos 25 anos.
“A Coober é um passo concreto em um caminho que não tem volta. A matriz de produção mundial será renovável. Hoje, ainda depende de combustíveis fósseis, e outras alternativas não sustentáveis. No Brasil, a produção energética está baseada em grandes hidrelétricas que geram grandes impactos sociais e ambientais. Em poucos anos, o Brasil terá centenas de cooperativas de energia renovável espalhadas de norte a sul produzindo energia elétrica de forma compartilhada e distribuindo entre seus cooperados, gastando muito menos sem transmissão, afetando muito menos o ambiente com uma forma econômica mais viável e acessível. Esse é um momento histórico. É uma grande transformação”, afirma o Presidente do Sistema OCB/PA, Ernandes Raiol. (Fonte: Sistema OCB/PA)