Cooperativismo brasileiro é apresentado na Inglaterra
Governança cooperativa e o sistema de crédito cooperativo brasileiro foram temas apresentados pelo professor Sigismundo Bialoskorski Neto, titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP), na Universidade em Oxford, na Inglaterra. Ele participou de uma reunião internacional entre os dias 2 e 4 deste mês, com o apoio Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).
Na ocasião, Bialoskorski, que também é coordenador do Observatório do Cooperativismo Convênio USP/OCB, apresentou dois temas distintos: "Sistemas gerenciais e governança cooperativa" e "Uma comparação dos 10 anos de performance das cooperativas de crédito e dos bancos no Brasil".O evento, que acontece anualmente foi organizado pelo Comitê de Pesquisa da Aliança Cooperativa Internacional, integrado pelo professor.
Sobre governança, ele destacou as sociedades cooperativas apresentam uma estrutura particular de distribuição de direitos de propriedade e de decisão que implicam desafios relacionados ao agenciamento e, portanto, custos de transação. “Essa situação implica direitos residuais e transferências de risco que interferem diretamente na eficiência da autogestão dessas organizações”, disse.
Segundo Bialoskorski, o trabalho apresentado por ele envolve uma análise dessas fontes de custos e ineficiências, com o objetivo de explicar essas questões de duas formas diferentes e complementares. “A primeira discorre sobre os aspectos de governança corporativa que poderiam gerar conflitos de agenciamento, e a segunda sobre as características de sistemas gerenciais que poderiam contribuir para gerar assimetrias de informação e problemas de monitoramento”, explica o professor.
A análise da distribuição dos direitos de propriedade dos cooperados e de decisão tanto dos associados eleitos como dos profissionais contratados indica que os direitos ao resíduo e a distribuição de riscos nas relações contratuais das organizações cooperativas permitem uma tipificação das características de governança corporativa e dos sistemas de informação, complementa Bialoskorski.
No segundo tema apresentado, ele analisou comparativamente o desempenho financeiro das cooperativas de crédito nos últimos dez anos, frente ao de outras instituições do setor bancário. A análise foi baseada na evolução monetária e percentual do ativo, patrimônio líquido e das contas depósitos e operações de crédito.
“Essas são as contas mais representativas no balanço de uma instituição financeira e em índices financeiros, tais como rentabilidade líquida dos investimentos, custo total do financiamento, Taxa de Retorno sobre o Ativo e Auto-sustentabilidade”, destacou Bialoskorski. Ele fez uma leitura das condições macroeconômicas do Brasil nesse período para mostrar com mais fidelidade se o crescimento das instituições financeiras foi significativo perante o cenário econômico.
O professor da USP de Ribeirão Preto participou também de um painel sobre os efeitos da crise financeira internacional nas cooperativas brasileiras, e de uma reunião do Comitê de Pesquisa que decidiu sobre a orientação geral de coordenação das atividades acadêmicas no âmbito da ACI, como novos encontros e a edição da revista da ACI.