Cooperativismo de crédito: força na Alemanha
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Por: Gabriela Prado (enviada especial)
Montabaur, Alemanha (6/8/2013) - A importância dos negócios empreendedores na economia alemã e seus modelos de gestão e governança – como o cooperativismo de crédito – foram destacados aos participantes do Curso de Formação de Conselheiros do Cooperativismo de Crédito (Formacred), em mais uma atividade de capacitação promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), em Montabaur, na Alemanha. As colocações foram feitas por Stefan Daferner, gerente de Produtos da Academia das Cooperativas Alemãs (ADG – sigla em alemão), responsável pela Coordenação Nacional de Educação e pelos projetos internacionais da instituição.
Na economia – “As pequenas e médias empresas são a grande força da nossa economia. Cerca de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do país são gerados por essas organizações, e as cooperativas de crédito têm um papel fundamental nesse processo. Praticamente 100% da movimentação dessas empresas acontecem justamente nos bancos cooperativos. Eles têm credibilidade diante desses setores e, mais ainda, da população alemã. Essa visão é consequência, por exemplo, do comportamento dos bancos cooperativos na crise financeira de 2008. Com um perfil diferenciado, eles investem menos em negócios arriscados, oferecendo mais segurança”.
O cooperativismo – “Hoje, as 1.101 cooperativas de crédito, agrupadas nos bancos Volksbank e Raiffeisenbank, respondem por cerca de 30% do sistema financeiro alemão, com uma presença mais forte no meio rural, onde não há outras instituições. Paralelamente, ocupam o seu espaço nas cidades. Elas reúnem praticamente 17 milhões de associados, mas não trabalham somente com eles. Aqui, as cooperativas de crédito também atendem a outros clientes que não são sócios. Logicamente que os cooperados têm vantagens, como participação nas decisões, distribuição anual de dividendos, contratos de seguros com condições especiais ou até mesmo descontos no comércio local”.
Fusão – “Para chegar a esse estágio de desenvolvimento, os bancos cooperativos passaram por um processo de amadurecimento da sua gestão. Nesse contexto, podemos observar a diminuição no número de cooperativas e o consequente aumento no total de associados. Essa movimentação reflete as fusões que ocorreram, principalmente no período de 2005 a 2010. E os resultados mostram que as decisões foram acertadas. Os custos foram reduzidos e os negócios, potencializados. Em 2012, por exemplo, foram registrados 750 bilhões de euros, considerando os dois sistemas. Justamente por isso, têm uma participação tão representativa no sistema financeiro”.
Recursos humanos – “Com os objetivos de serem a ‘número um’ entre seus sócios e clientes e de se consolidarem como referência em sua área de atuação, as organizações investem fortemente no desenvolvimento humano. Há um processo de formação contínuo, no qual a Academia das Cooperativas Alemãs tem uma participação importante, assim como as regionais, além das próprias cooperativas. O foco está na preparação das pessoas, com ações inclusive em escolas para a sensibilização dos jovens, visando às futuras lideranças. A intenção é garantir o sucesso no exercício de um determinado cargo, nas cooperativas. É o que realizamos, por exemplo, com futuros diretores, nos cursos da ADG. Vale ressaltar, ainda, que é fundamental a formação de instrutores para repassar esses conhecimentos. Isso influenciará diretamente nos resultados”.