Cooperativistas brasileiros se espelham no sistema de crédito alemão

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Brasília (15/08) - O modelo de negócio aplicado pelos bancos cooperativos alemães é referência para o cooperativismo mundial. As principais estratégias adotadas pelo setor no país foram apresentadas aos 28 participantes do Curso de Formação de Conselheiros do Cooperativismo de Crédito (Formacred), durante um módulo de capacitação promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), em Montabaur, na Alemanha.

As atividades foram realizadas na Academia das Cooperativas Alemãs (ADG – sigla em alemão) e também contaram com a participação do conselheiro do Sescoop, João Ferri, da gerente de Formação e Qualificação Profissional do Sescoop, Andréa Sayar, do assessor de Auditoria e Controle da instituição, Miguel Neubern, e da analista de Formação e Qualificação Profissional, Nêmora Paim.

Para os conselheiros, as ações desenvolvidas pelos alemães devem servir de exemplo e de inspiração no que se refere a boas práticas de gestão e de governança – prioridades para o cooperativismo brasileiro, trabalhadas pelo Sistema OCB. A importância da formação profissional de dirigentes e do quadro de colaboradores e o controle interno garantido pelos procedimentos de auditoria são apontados entre os pontos fortes das cooperativas alemãs. 

Confira abaixo a avaliação de alguns dos participantes da programação realizada na Alemanha. Eles fazem uma análise do Formacred e das experiências conhecidas no país.

João Ferri – integrante do Conselho Nacional do Sescoop

“Esse processo de formação para a qualificação dos representantes das cooperativas de crédito traz a possibilidade de se compartilhar problemas, dificuldades, alternativas e, efetivamente, trocar experiências, o que eleva, com certeza, o nível de conhecimento de todos, dando suporte a decisões fundamentadas. Além disso, a formação continuada contribui diretamente para a construção de competências. Lembrando que competência é "CHA" - Conhecimento, Habilidade e Atitude -, é importante desenvolver uma massa crítica que possa realmente promover as ações necessárias ao fortalecimento do sistema. Assim, certamente, continuaremos ampliando e melhorando o cooperativismo. O que se constrói em conjunto, com cooperação e empenho de todos, tem robustez e perenidade”.

Jaime Basso – Central Sicredi - Paraná

“Pudemos conhecer a melhor referência no cooperativismo de crédito mundial, ficando clara a importância do investimento na formação de pessoas e no controle interno. Temos de fazer certo o que tem de ser feito, visando sempre à segurança e à sustentabilidade do sistema de crédito cooperativo brasileiro. O modelo aplicado na Alemanha também mostra o grande potencial que ainda temos para crescer e nos consolidar no mercado financeiro nacional. Certamente, após essa atividade de capacitação, teremos condições de aplicar as melhores práticas, buscando a construção de um sistema sólido”.

Jarbas Lorenzini – Cooperativa Central de Crédito Urbano (Cecred) – Santa Catarina

“O cooperativismo de crédito brasileiro carece de profissionalismo na sua gestão. O Formacred é um importante instrumento para preencher esta lacuna, pois, além da transmissão de conhecimentos atualizados, possibilita o intercâmbio de experiências entre os participantes e a aplicabilidade do conteúdo ministrado à realidade das nossas cooperativas. O módulo internacional na Alemanha comprovou que estamos no caminho certo e que devemos intensificar nossas ações nos temas relacionados à governança e aos controles internos”.

Telma Solange da Silva Souza – Sicoob Central NE - Paraíba

"Merece destaque, por exemplo, a postura ética entre os bancos cooperativos alemães, atuando especificamente na região onde se encontram, não havendo competição entre eles, mas apenas com outras instituições financeiras, de natureza diferente. Esse ponto deve ser levado em consideração no Brasil. Aqui, ainda há uma competição forte entre cooperativas, deixando as de menor porte em desvantagem. Acredito que a OCB pode trabalhar no sentido de combater a esse tipo de comportamento. Os valores significativos de reserva legal nas cooperativas alemãs também chama atenção. Eles contribuem para o crescimento do patrimônio da cooperativa, proporcionando-lhe mais segurança".  

Rubens Ribeiro Rodrigues – Cooperativa de Crédito Rural de Ji-Paraná – Rondônia

“Sem dúvida, os alemães estão adiantados no que diz respeito às questões normativas do cooperativismo de crédito, mas, ao avaliarmos esse ponto, precisamos considerar as questões culturais. Mas, é fato que temos um espaço interessante para avançarmos em governança e fiscalização. Outro ponto interessante, desenvolvido na Alemanha, são as empresas prestadoras de serviço ao sistema cooperativo germânico. Lá, isso acontece de forma unificada, elas atendem a todos os bancos cooperativos. Adotar medidas semelhantes no Brasil contribuiria para evoluirmos nas discussões sobre fusão e aglutinação”.  

Ramiro Rodrigues – Sicoob Central Cecremge – Minas Gerais

“A nossa realidade é um pouco diferente do que vimos na Alemanha. Grande parte do atendimento lá é automatizada. Aqui, no Brasil, temos trabalhado nesse sentido, mas ainda concentramos muitas operações nas sedes das cooperativas. O Sicoob, por exemplo, está investindo nesse processo com o objetivo de oferecer mais facilidades aos associados e, ainda, diminuir custos. O número de fusões também chama a atenção. Na nossa região, em Minas Gerias, nós temos incentivado uma reflexão sobre os ganhos desse tipo de processo, assim como tem apontado o Banco Central, no sentido de formarmos cooperativas regionais – de credibilidade e segurança, que fortaleçam ainda mais o cooperativismo de crédito brasileiro”.

 

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