CRÉDITO: Intercâmbio germano-brasileiro
A Alemanha tem tudo a ver com o cooperativismo brasileiro. Para quem não sabe, a primeira cooperativa brasileira de crédito foi registrada no município gaúcho de Nova Petrópolis, quando trabalhadores vindos da Alemanha decidiram fundar uma entidade semelhante às que existiam em sua terra natal. Mais de cem anos depois, o cooperativismo alemão continua servindo de referência e influenciando as organizações brasileiras, a ponto de motivar uma comitiva formada por líderes cooperativistas, técnicos do Banco Central e profissionais do ramo Crédito a conheceram – in loco – o cooperativismo de crédito Alemão. Eles ficarão no país até a próxima sexta-feira (13) e você poderá acompanhar toda essa experiência aqui, no Informativo OCB. Nesta fase,o projeto teve o apoio da Confederação Alemã de Cooperativas (DGRV sigla em alemão)
Projeto - A iniciativa do Sistema OCB faz parte do Projeto de Prospecção de Boas Práticas e Aprendizado Experimental em Cooperativismo de Crédito. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre boas práticas no cooperativismo de crédito nacional e internacional e estabelecer proposta de aplicação destas experiências. Mais do que isso o grupo está determinado a desenvolver um centro de inteligência para o cooperativismo de crédito, que servirá de referência para o setor que investe em profissionalização, sem perder a essência de cuidar da melhoria de vida do cooperado. As etapas começaram em 2012 com visitas às cooperativas do Rio Grande do Sul e do Paraná. Este ano o mesmo grupo visitou as cooperativas da Bahia e Rondônia. No próximo ano o grupo segue para Canadá e Espanha. Participam representantes do governo, Banco Central do Brasil e Ministério da Fazenda, dos Sistemas de crédito (Sicoob, Unicred, Sicredi, Confesol), das cooperativas e centrais (Cecred e Credicoamo), Sebrade e de auditoria (CNAC).
DGRV - A primeira parada do intercâmbio é na cidade de Bonn, onde se encontra um dos escritórios da DGRV. O diretor do departamento de Relações Internacionais da DGRV, Paul Armbruster fez um panorama das cooperativas alemãs que constituem um elemento essencial da economia e da sociedade. Combinando cooperação igualitária e orientação para o mercado, elas são modelo econômico atraente há 160 anos, tanto para países industrializados quanto para países em desenvolvimento. A DGRV é a instituição responsável pela fiscalização do sistema cooperativo alemão e presta assessoria nas áreas de contabilidade, auditorias, direito, tributação, impostos, além de promover a cooperação internacional e desenvolvimento de recursos humanos. A instituição foi fundada em 1972, por meio da união das organizações Raiffeisen e Schultze-Delitzsch e, atualmente, possui 145 filiadas, dentre federações nacionais, federações de auditoria regionais e especiais, federações centrais regionais e federais, cooperativas centrais e especializadas.
DIFERENÇAS - Diferente do Brasil, que possui uma Lei especifica para as cooperativas (5.764/71), na Alemanha, a lei que regula os bancos é a mesma para as cooperativas. “Isso é importante, pois nós podermos fazer todas as atividades financeiras que outros bancos oferecem”, diz Armbruster. Mas fazer parte de uma cooperativa, ele assegura, que sempre trará benefícios singulares: “Desenvolvimento regional, decisões mais rápidas - em especial na aquisição de crédito e direito a dividendos”, enfatiza. Todas as atividades cooperativas têm como foco o fomento do sócio e de suas necessidades econômicas, seja particular ou como empresa. As cooperativas estão abertas a todas as pessoas, filiados ou não.
Agradecimento - O presidente da Organização das Cooperativas da Bahia e da unidade Estadual do Sescoop (OCB/Sescoop-BA), Cergio Tecchio, agradeceu, em nome do grupo, ao representante da DGRV, Paul Armbruster, pela oportunidade de conhecer o cooperativismo Alemão. “Nós estamos repensando o cooperativismo brasileiro. Por isso esse grupo quer entender o funcionamento dos bancos cooperativos Alemão, para posteriormente sugerir novas formas de trabalho”, disse o presidente.
Saiba quem esta nesta missão:
Cergio Tecchio (Sistema OCB)
Lucas Matias (Ministério da Fazenda)
Ailton Aquino, Paula Ester Leitão, Rodrigo Monteiro, João Paulo Magalhães, Alexandre Bastos, Jaime da Fonte Neto, Marco Antônio Pinheiro, Sandra Lúcia Castro, Márcia Assunção (Banco Central do Brasil);
Alexandre Euzebio – (CNAC)
Ivo José Bracht (Cecred)
Dilmar Antônio Peri (Credicoamo)
Jonas Klein (Confeso)
Evandro Kotz (Unicred)
Blair D’Avila (Sicredi)
Daniela Cancian (Sicoob)
Ricardo Senra (Sicoob)
SOTAQUE GERMÂNICO - No Brasil, a DGRV mantém parceira com o Sistema OCB há 25 anos para apoiar o desenvolvimento das cooperativas crédito. Entre as atividades estão cursos de capacitação para gestores, consultorias, intercâmbios e divulgação do cooperativismo. Coordenador da DGRV no Brasil, Mathias Knoch, está acompanhando o grupo de 24 brasileiros que estão hoje na cidade de Bonn, e ele explica que a unidade, instalada em Salvador (BA), mantém atuação especialmente nas regiões Norte e Nordeste, além de uma cooperação triangular com Moçambique. Atualmente, o principal foco do trabalho da DGRV no Brasil é a introdução das microfinanças nas cooperativas ligadas ao Sicoob. Projetos piloto já foram instalados em cinco entidades, sendo três na Bahia, uma em Pernambuco. "Estamos testando planos de implementação, de novos produtos e tecnologias de microcréditos, para depois implementarmos em todo o Brasil. Essa tarefa representa hoje 80% de nosso trabalho”, diz Mathias Knoch. Para o coordenador da DGRV, investir na área das microfinanças é uma boa estratégia para que as cooperativas de crédito possam ampliar sua participação no mercado financeiro. Isso porque, segundo ele, o público atendido, prioritariamente de baixa renda, ainda é discriminado pelas instituições bancárias, apesar de ser constituído por trabalhadores e pequenos empreendedores economicamente ativos.