ENTREVISTA DA SEMANA_EUDES DE FREITAS AQUINO

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Países reconhecem importância do cooperativismo brasileiro, afirma Eudes Aquino

Brasília (6/4) – Graças os resultados das cooperativas brasileiras ano após ano e, ainda, à participação de representantes do Brasil no board da Aliança Cooperativa Internacional, os países integrantes da ACI reconhecem o movimento cooperativista nacional como sendo um dos mais representativos e sólidos do mundo. A afirmativa é do presidente da Unimed do Brasil, Eudes de Freitas Aquino, integrante do Conselho de Administração do organismo internacional.

Segundo ele, a ACI é fundamental na promoção mundial do cooperativismo, na sua identidade cooperativa e na incidência junto aos governos. Para ele, “o cooperativismo é um segmento que tem contribuído para o desenvolvimento social e econômico dos países, contando com um histórico comprovado na criação e na manutenção de postos de trabalho.”

Eudes Aquino também fala sobre a criação do Fundo da União Europeia para o desenvolvimento do cooperativismo no mundo, anunciado pela ACI no Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional, em março. Confira a entrevista.
 
Como representante do cooperativismo brasileiro junto à Aliança Cooperativa Internacional, como o Senhor compara o crescimento do movimento no Brasil em relação ao dos outros países?

Eudes Aquino –
O cooperativismo brasileiro tem uma excelente reputação no âmbito internacional e nos países membros do Conselho Administrativo da Aliança Cooperativa Internacional - ACI (International Co-operative Alliance). Podemos associar essa imagem à pujança do cooperativismo agrícola no Brasil, dada a sua importância para o produto interno bruto do país, e ao cooperativismo de saúde, representado pelo Sistema Unimed – classificado como a 30ª maior cooperativa do mundo, a 1ª em Saúde, na mais recente edição do "World Monitor" da ACI. O cooperativismo brasileiro ganhou ainda mais reconhecimento por meio dos representantes do país na ACI. Além da minha participação, o Brasil também contou com representação de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura que se tornou o primeiro não europeu a presidir a Aliança, pelo advogado Américo Utumi, que permaneceu como membro do board da ACI por um período de 12 anos e do presidente do Sistema OCB, Márcio Freitas.
 
Na sua opinião, qual a importância da Aliança Cooperativa Internacional para a promoção internacional e o reconhecimento por parte dos governos do modelo cooperativista?

Eudes Aquino –
A Aliança Cooperativa Internacional é fundamental na promoção mundial do cooperativismo, na sua identidade cooperativa e na incidência junto aos governos. Afinal, trata-se de um segmento que tem contribuído para o desenvolvimento social e econômico dos países e que conta com um histórico comprovado na criação e na manutenção de postos de trabalho. Estudos recentes mostram que, somando os empregos diretos e indiretos, as cooperativas geram 250 milhões de postos de trabalho ao redor do mundo. No Brasil, em 2014, as cooperativas brasileiras fecharam o ano com saldo positivo em seu comércio externo ao exportarem aproximadamente US$ 4 bilhões. Os produtos das cooperativas brasileiras foram exportados para 143 países ao longo do ano passado. Ou seja, os resultados do setor são mais do que claros e precisam ganhar dimensão. É preciso que estejamos unidos sob a mesma bandeira e atuando da mesma forma para mudar esta realidade.
 
Sobre o recentemente criado Fundo da União Europeia para o desenvolvimento do cooperativismo no mundo, como as cooperativas brasileiras poderão ser beneficiadas?

Eudes Aquino –
Por meio do Fundo da União Europeia para o desenvolvimento do cooperativismo no mundo, anunciado pela ACI no Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional, em março, projetos de promoção do cooperativismo em todo o mundo poderão ser financiados. No Brasil, estamos desenvolvendo projetos via OCB, para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras e as de países de língua portuguesa, por meio de cursos com temas em Cooperativismo, Governança Cooperativa e Administração em Geral. Além disso, cursos para conscientizar a população sobre o que é cooperativismo. Esses projetos serão apresentados para a ACI América e ACI Global em junho.
 
Na sua opinião, qual o principal desafio enfrentado pelo movimento cooperativista internacional atualmente?

Eudes Aquino
– O principal desafio que enfrentamos atualmente é fazer entender o cooperativismo. As pessoas precisam saber o que são cooperativas e como funcionam. Já que se trata de um segmento que tem contribuído para o desenvolvimento social e econômico dos países, e que conta com um histórico comprovado na criação e na manutenção de postos de trabalho.
 
Quais são, na sua opinião, os principais desafios do cooperativismo de saúde a serem superados nos próximos anos, no Brasil?

Eudes Aquino –
O Brasil precisa se consolidar como líder mundial, fazendo do cooperativismo um mecanismo econômico e social de mudança. Podemos comprovar que já existem cooperativas brasileiras, como o Sistema Unimed, que já são modelo de escolha dos beneficiários. Somos líderes de mercado há anos. Se olharmos para os dados do agronegócio, um volume percentual importante do PIB brasileiro vem de cooperativas agrícolas. Com base nesse exemplo, as cooperativas de saúde crescem rumo a mudanças significativas de governança, investindo na qualificação de seus profissionais e adotando critérios profissionais na gestão executiva. E o Sistema Unimed busca ser um exemplo desse modelo através do debate desses conceitos e apresentando seus resultados em reuniões da ACI.
 
Como o Sistema Unimed tem se estruturado para enfrentá-los?

Eudes Aquino –
Um dos principais desafios do Sistema Unimed é trabalhar coletivamente respeitando a singularidade das cooperativas. É importante que saibamos que o modelo de gestão das cooperativas é favorável por garantir que os médicos cooperados tomem as decisões mais assertivas para suas cooperativas, considerando aspectos regionais que permitam um atendimento digno e de qualidade. Contudo, precisamos ter claro que as ações individuais sempre serão espelhadas na imagem da marca como um todo.
 
Como você avalia o desenvolvimento do Projeto Qualifica, que conta com o apoio do Sescoop?

Eudes Aquino –
O programa Qualifica tem o objetivo de implementar diferentes políticas de integração para aprimorar ainda mais os serviços prestados pelas operadoras de planos de saúde do Sistema Unimed. É fundamental para contribuir de forma determinante na ampliação da sustentabilidade e competitividade do Sistema Unimed. Assim, busca cada vez mais a eficiência e a possibilidade do cliente ter uma melhor percepção da qualidade da operadora de saúde, já que demonstra que estão buscando atender os padrões nacionais e internacionais de qualidade nos atendimentos.
 
Como despertar nos jovens, dos diferentes cantos do país, o interesse em participar de negócios/empreendimentos cooperativados?

Eudes Aquino
– O interesse dos jovens em participar de negócios ou empreendimentos cooperativistas é conquistado a partir da difusão desta doutrina, explicando-se a sua importância, e como funciona este modelo de desenvolvimento nas sociedades, regiões e países. Assim, podemos aumentar o interesse dos jovens na economia cooperativista.

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