ENTREVISTA DA SEMANA: José Renato Bouças Farias
Embrapa Soja: preocupação constante com a sustentabilidade da produção
Brasília (13/4) – "Temos ciência do tamanho de nossa responsabilidade, especialmente, se considerarmos a expectativa mundial de consolidar o Brasil como o grande celeiro mundial. Com toda certeza seremos, cada vez mais, exigidos para respostas rápidas, eficientes e sustentáveis.” A afirmação é de José Renato Bouças Farias, chefe da Embrapa Soja, com sede em Londrina (PR). Ele é destaque na edição 456 da Revista Coamo, recém distribuída. Além do trabalho desenvolvido na sojicultora, José Renato também fala da parceria com a cooperativa Coamo na difusão de tecnologias, e destaca: “A Embrapa Soja tem uma das maiores bases genéticas de soja do mundo, com mais de 35 mil tipos, que servem de referência para a geração de novas cultivares."
Qual a missão da Embrapa?
José Renato Bouças Farias – A Embrapa é uma empresa de inovação tecnológica focada na geração de conhecimento e tecnologia para a agropecuária brasileira. Atua para viabilizar soluções tecnológicas em diversos problemas que afetam a produção agropecuária, desde a produção primária até a produção secundária e terciária, garantindo a sustentabilidade dos sistemas produtivos, em benefício da sociedade brasileira.
Qual o foco da Embrapa Soja?
José Renato Bouças Farias – Inserida na missão da Embrapa, a Embrapa Soja tem foco de atuação mais direcionado a algumas culturas e viabilizar soluções tecnológicas para os agronegócios da soja e girassol no Brasil, e dar suporte ao programa de desenvolvimento da cultura do trigo para o Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, em colaboração com a Embrapa Trigo, buscando soluções tecnológicas, eficientes e capazes de viabilizar uma agricultura sustentável, do ponto de vista econômico, ambiental e social.
Qual a importância e os resultados da Embrapa Soja?
José Renato Bouças Farias – A principal preocupação da Embrapa Soja sempre foi apresentar soluções viáveis e sustentáveis para os diversos problemas que afetam a produção de soja, girassol e trigo. Desde a nossa fundação, há 40 anos, procuramos trabalhar com tecnologias para superar os desafios. Primeiro, foi viabilizar a produção de soja em regiões de baixa latitude (regiões tropicais), depois veio o desafio do cancro da haste, doença que quase dizimou a produção brasileira e foi superada com genética. Mais recentemente, tivemos, por exemplo, a ferrugem e a helicoverpa, entre tantos outros. A cada safra surgem novos desafios, onde procuramos agir rapidamente e apresentar soluções sustentáveis, idôneas e livres de comprometimento econômico e financeiro. Esse é o grande diferencial do trabalho da Embrapa.
Quais são os desafios para os próximos anos?
José Renato Bouças Farias – Como toda instituição pública, convivemos diariamente com dificuldades orçamentárias e financeiras que, muitas vezes, tornam mais difícil alcançar o resultado almejado, quando comparados as empresas privadas. Temos várias amarras, intrínsecas ao setor público, que contribuem para dificultar ainda mais nossa atuação. Mas, na Embrapa Soja, procuramos contornar e superar essas dificuldades da melhor forma possível, pois atuamos com uma das mais importantes culturas brasileiras, onde o setor produtivo exige soluções de forma rápida e eficiente. Na medida do possível, procuramos atender essa expectativa. A busca por parcerias, públicas e privadas, em muito tem colaborado para que possamos alcançar o resultado esperado. Temos ciência do tamanho de nossa responsabilidade, especialmente, se considerarmos a expectativa mundial de consolidar o Brasil como o grande celeiro mundial.
Qual o trabalho frente a resistência das pragas, doenças e plantas daninhas, aos produtos existentes?
José Renato Bouças Farias – Isso, é de fato, um dos grandes desafios que o Brasil tem pela frente. A cada dia que passa surgem relatos de novos insetos, doenças e de plantas daninhas, com dificuldade de manejo e controle. O problema de resistência nas lavouras é algo real e preocupante, fruto do desequilíbrio que enfrentamos. Provavelmente, muito disso se deve ao uso inadequado das técnicas e do conhecimento existente, o que acaba estimulando, de uma forma mais rápida e, por que não dizer, mais complicada, o aparecimento da resistência desses organismos não desejados. Não tem sido fácil trabalhar contra isso. A Embrapa tem procurado gerar dados, realizar experimentos para, a partir de informação técnica de qualidade, subsidiar as discussões junto a técnicos e produtores.
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