ENTREVISTA DA SEMANA_ÁLVARO TOSETTO
PDGC é instrumento de garantia em empréstimos no Banco do Brasil
Brasília (8/7) – O Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas (PDGC) tem se consolidado no Brasil como um instrumento que assegura a excelência da gestão e da governança nas cooperativas. Tanto é assim que o Banco do Brasil tem solicitado das cooperativas interessadas em contratar empréstimos com recursos do crédito rural a comprovação de que elas aderiram ao programa, um dos desdobramentos da Diretriz Nacional de Monitoramento do Sescoop.
O objetivo do PDGC é promover nas cooperativas a adoção de boas práticas de gestão e governança, aprimorar os processos de produção, reduzir custos e aumentar a produtividade e competitividade das organizações. Na semana passada, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 110,5 bilhões aos produtores rurais brasileiros, cooperativas e empresas vinculadas ao setor produtivo.
Do total anunciado, R$ 90,5 bilhões em crédito rural serão destinados às cooperativas e aos produtores. Este valor é 23% superior ao disponibilizado no último ano safra, quando o banco gerenciou R$ 73,3 bilhões. Às empresas da cadeia do agronegócio, o banco liberou R$ 20 bilhões.
O gerente executivo de Negócios com Cooperativas do Banco do Brasil (Genec), Álvaro Tosetto, que participou do evento falou com exclusividade ao Informativo do Sistema OCB, sobre o assunto. Confira abaixo!
O Banco do Brasil tem solicitado às cooperativas, ao pleitear empréstimos, que comprovem sua participação no PDGC. Qual a razão?
Álvaro Tosetto – Percebemos claramente que a iniciativa do Sistema OCB em fazer um programa em que a gestão e a governança sejam fatores relevantes, é muito importante para uma instituição financeira, especialmente para o Banco do Brasil, pois temos um relacionamento muito próximo com o setor cooperativista.
Para nós, desenvolver a gestão é essencial, pois vemos os agricultores agregando tecnologia, o que aumenta sua produtividade. Com isso, as cooperativas tornam-se cada vez mais complexas, por agregar mais valor à produção de seus cooperados, disponibilizar armazenagem, dentre outros serviços oferecidos no âmbito da cooperativa. Tudo isso junto torna a gestão da cooperativa mais e mais complexa.
Neste aspecto, incentivar mecanismos que permitam elevação no nível de governança e de gestão, de maior transparência, é importante tanto para o cooperado, quando para a instituição financeira que vê, cada vez mais, na cooperativa, uma alternativa importante para a produção dos cooperados.
Na semana passada o banco anunciou a segmentação dos recursos para o Plano Safra 2015/2016 e, as linhas de crédito destinadas às cooperativas, tiveram aumento na taxa de juros. Poderia explicar?
Álvaro Tosetto – As linhas de crédito que, basicamente, as cooperativas têm acessado, permitem recursos para dentre outras coisas, capital de giro, compra de matéria-prima e de embalagens, custeio de despesas normais do processo de beneficiamento e agroindustrialização de produtos que recebe de seus cooperados.
Há linhas como o Prodecoop, que permite a aquisição de ativos, construção de instalações, reformas e melhorias e, também, o Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), cujo foco é a ampliação da capacidade de armazenagem, dentre outros. Temos um universo de linhas de crédito que atende a todas as necessidades das cooperativas, com taxas bastante atraentes, abaixo das taxas de mercado, especialmente, no crédito rural.
Nós tivemos uma elevação nas taxas de juros, mas que acompanhou a economia como um todo, mas, ainda assim, são taxas atraentes e abaixo das praticadas no mercado, então, é uma oportunidade importante para as cooperativas terem à sua disposição recursos tanto de capital de giro quanto de investimento e também de comercialização.
A participação das cooperativas é muito importante nestas linhas de crédito. Tanto é que dos R$ 110 bilhões anunciados na última semana pelo Banco do Brasil, R$ 90 bi são direcionados a produtores rurais e cooperativas. Comente.
Álvaro Tosetto – Temos buscado ano após ano uma aproximação maior com as cooperativas e os resultados são muito bons. Temos ampliado a nossa oferta de crédito para este segmento. Estamos percebendo de forma clara que, em muitos casos, o Banco é o principal agente financeiro das cooperativas. Naturalmente elas são multibancarizadas, ou seja, possuem relacionamento com vários agentes financeiros, isso é normal para um cliente de grande porte. Contudo, neste processo de multibancarização, o Banco do Brasil costuma ser o primeiro em termos de crédito rural voltado às cooperativas. Nossa intenção é continuar ampliando cada vez mais o acesso das cooperativas às linhas de crédito rural oferecidas por nós.
Quais são os destaques do plano anunciado na última semana?
Álvaro Tosetto – São os seguintes:
PRONAMP – Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural – Em continuidade à política de apoio ao médio produtor rural, o Banco do Brasil irá incrementar o volume de crédito em 21% em comparação ao valor desembolsado na safra 2015/2015, destinando R$ 14,1 bilhões nesta safra.
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Sendo o principal banco da agricultura familiar, o BB estima aplicar R$ 17,7 bilhões. Este volume representa um aumento de 11% sobre o valor realizado na safra anterior.
PRONAF MAIS ALIMENTOS – A linha de crédito para investimento do Pronaf terá R$ 7,8 bilhões para financiamentos na safra 2015/2016.
ABC – Programa Agricultura de Baixo Carbono – O BB vem ampliando o apoio financeiro à agricultura sustentável através do Programa ABC. Na safra 2015/16 o BB projeta a concessão de R$ 2,7 bilhões em financiamentos destinados à essa finalidade.
ARMAZENAGEM – Demonstrando o apoio creditício ao melhoramento da infraestrutura do país e da capacidade estática da armazenagem do país, o Banco do Brasil estima aplicar R$ 1,5 bilhão por meio do Programa de Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) na safra 2015/2016.
INOVAGRO – Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária – o BB incentiva a incorporação de inovação tecnológica no campo, a adição de boas práticas agropecuárias e a agregação de valor no campo. Para tanto, projeta financiar R$ 1,1 bilhão por meio do Inovagro nesta safra.
MODERFROTA – Em continuidade ao apoio à modernização no agronegócio, o Banco do Brasil estima aplicar R$ 4 bilhões para operações de investimento por meio do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) e do Programa de Sustentação de Investimento (PSI Rural).
EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO – O BB, fortalecendo os elos com o segmento produtivo antes e depois da porteira, disponibiliza R$ 20 bilhões às empresas da cadeia do agronegócio.