Faesc: A comida é barata no Brasil graças ao produtor rural
As famílias estão comendo mais e melhor e isso não se deve aos programas sociais ou ao controle de preços, mas, aos produtores rurais brasileiros que produzem com eficiência e oferecem à nação a comida mais barata do mundo. A afirmação é do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, realçando os ganhos de eficiência na produção das últimas décadas.
Pedrozo referencia estudos da Fundação Getúlio Vargas que realça a capacidade produtiva e o poder de competição do agricultor brasileiro, o que explica o aumento das vendas brasileiras de alimentos para todos os mercados. O estudo apresenta um balanço das lavouras de grãos e oleaginosas e fibras, especialmente as de arroz, feijão, milho, soja, trigo e algodão. O trabalho revela que o aumento da participação das lavouras e da silvicultura no valor bruto da produção agropecuária cresceu de 45% para 75% entre o censo rural de 1995-96 e o de 2006. A da pecuária bovina diminuiu 38%, para 20%.
A mudança é explicável pela combinação de dois fatores, a variação do produto físico e a dos preços nacionais e internacionais, associada em grande parte à demanda cada vez maior de grandes mercados emergentes, como a China. O estudo mostra também uma considerável diferença entre os ganhos de eficiência das lavouras e os da pecuária. Entre as safras de 1995-96 e a de 2005-2006, a área plantada com os produtos analisados aumentou 24,2%, enquanto a produção cresceu 95,9%.
Os produtores têm colhido volumes crescentes, expandindo em proporção muito menor a ocupação de terras. Essa tendência continuou nos últimos anos, no período não coberto pela pesquisa. Na safra 2002-2003, foram colhidos 2.805 quilos por hectare plantado com aqueles produtos. Na deste ano (2009-2010), a produção por hectare chegou a 3.100 quilos. Houve um aumento de 19,1% na produção total e uma variação de apenas 7,7% na área plantada. Detalhes como esse são geralmente ignorados ou menosprezados quando se associa a crescente produção agrícola à ocupação crescente de terras e à devastação de florestas e outros biomas. Ignorância e má-fé não são componentes novos do discurso ecologicamente correto.
No período coberto pelo estudo a produtividade da pecuária cresceu muito menos. A taxa de abate (relação entre os animais abatidos e o total do rebanho) passou de 20,2% em 1996 para 20,5% em 2006. Para compreender esse resultado, é preciso analisar três fenômenos. Nos anos 80 a pecuária de corte ganhou produtividade mais velozmente que as lavouras e isso explica o aumento das exportações de carne a partir daquele período. Outras criações, como a de frango, também já se haviam tornado internacionalmente competitivas quando chegaram os anos 1990. Os preços relativos da carne continuaram caindo e isso se refletiu no aumento do consumo. A pecuária nacional é uma das mais competitivas, mas, as barreiras comerciais são o principal obstáculo à expansão das exportações.
Para o presidente da Faesc, o novo estudo da FGV confirma a importância das mudanças tecnológicas, em grande parte produzidas pela Embrapa, e da modernização da agropecuária. Mostra também a perda de participação da chamada agricultura familiar nas produções analisadas. Mas o próprio conceito de agricultura familiar tem utilidade limitada para a análise do desenvolvimento da agropecuária. Propriedades exploradas por famílias podem ser altamente eficientes, se as atividades forem apoiadas com financiamento adequado e tecnologia. As propriedades ligadas ao agronegócio por meio de contratos com indústrias, por exemplo, são uma prova bem conhecida desse fato.
José Zeferino Pedrozo mostra que a agropecuária continua sendo a principal fonte do superávit comercial brasileiro: de janeiro a junho, o agronegócio acumulou um excedente de 28,9 bilhões de dólares, 7,2% maior o ano anterior. (Fonte Faesc/MB Comunicação)