Gestão e governança: caminhos para o sucesso das cooperativas
Guarujá (10/10) - O profissionalismo e a transparência na gestão, aliados à adoção de uma governança moderna e cooperativa, são pontos fundamentais para que o movimento cooperativista se consolide como modelo de negócios sustentável. A todo o momento, tais questões são apontadas pelos participantes da XVIII Conferência Regional da Aliança Cooperativa Internacional para as Américas (ACI-Américas) como prioritárias ao desenvolvimento do setor e ao seu posicionamento da Década do Cooperativismo. Da mesma forma, os cooperativistas sul-americanos ressaltam a necessidade de formação de lideranças para o sucesso do negócio cooperativo.
SISTEMA FINANCEIRO – O presidente do Banco Sicredi, Ademar Schardong, por exemplo, destacou desafios apresentados às cooperativas de crédito pela competividade do mercado financeiro nacional. Entre os principais, está o oferecimento de produtos e serviços financeiros eficientes aos associados. “As cooperativas de crédito têm de entregar o produto pretendido pelo cooperado, da mesma qualidade ou até superior ao do mercado bancário e, ao final do exercício financeiro, ainda gerar resultado. É isto que faz o cooperativismo ser um modelo interessante. Por realizar bem o seu papel, o segmento tem crescido uma média de 20% ao ano”. Segundo ele, cerca de 80% do sistema financeiro são controlados por cinco instituições – duas públicas e três privadas. Outro ponto citado por Schardong é a busca dos sistemas que atuam no cooperativismo de crédito por um balanço combinado que mostre a contabilização de patrimônio de referência. “Isso faria com que as cooperativas de credito se tornassem muito mais competitivas no mercado financeiro de varejo", disse.
GOVERNANÇA COOPERATIVA - A participação ativa dos associados, dentro do que propõe a autogestão, é outro ponto determinante para o sucesso das cooperativas. Tão importante quanto, segundo Helmut Egewarth, parceiro do Sistema OCB, é a inclusão crescente de mulheres e jovens nesse processo. “É necessário sair do discurso para a prática. Podemos, por exemplo, prever nas eleições das cooperativas a inscrição de, no mínimo, três candidatos aos cargos de direção, prevendo sempre a participação de mulheres e jovens. O fato de ter três pessoas abre a possibilidade para a discussão de propostas. Outro mecanismo interessante, no sentindo de reforçar que os cooperados devem trabalhar juntos para o crescimento da cooperativa, é o compromisso público dos candidatos, de apoiar aquele que for eleito”, ressaltou.
ICPC 14 - O tema “capital” mereceu um colóquio especial na Conferência da ACI, do qual participou a Analista Giulianna Fardini, que falou sobre o ICPC 14, que tem preocupado as cooperativas brasileiras. Pelo ICPC 14, de aplicação obrigatória adiada para 2016, após esforços da OCB, o capital social das cooperativas terá que ser classificado no Passivo e não no Patrimônio Líquido, como é feito hoje na Contabilidade. O Passivo registra as dívidas da sociedade, enquanto o Patrimônio Líquido registra o capital próprio, que é a parte do patrimônio que não está comprometida com as dívidas; a principal fonte de capital próprio é o capital social, ou seja, o capital que os associados colocam na sociedade para viabilizar seu negócio. É o capital próprio que inspira a confiança nos novos credores de que a sociedade é sólida e tem condições de honrar seus compromissos financeiros; classificar o capital social como dívida causará um impacto muito negativo no mercado de credores das cooperativas e afetará sua competitividade, sua capacidade de captar novos recursos e, consequentemente, sua sustentabilidade. O problema não afeta apenas as cooperativas do Brasil, já que o ICPC 14 é a versão brasileira para a IFRIC 2, emitida pelo Internacional Accounting Standards Board – IASB, entidade responsável pela emissão das normas internacionais de Contabilidade. Após sua apresentação, Giulianna foi abordada por representantes de outros países da América, como Uruguai, Colômbia, Costa Rica, El Salvador e Peru, que mostraram interesse em participar do grupo técnico que irá elaborar um documento a ser enviado ao IASB para a revisão da norma.
NOVAS LIDERANÇAS – A importância da formação de jovens lideranças para a continuidade do negócio cooperativo foi outra questão em destaque na conferência. Filhos de cooperados e integrantes do Coopa Jovem em Patrocínio, Thais Anselmo e Caciano Sangaletti, falaram sobre o tema no IX Encontro da Juventude promovido no evento. Eles apresentaram o Coopa Jovem, um projeto desenvolvido pela Cooperativa Agropecuária de Patrocínio. Segundo Thais, o objetivo é fortalecer a agropecuária na região, formando uma juventude consciente e atuante na cooperativa. Os dois jovens integraram o grupo do Sistema Ocemg que representou Minas Gerais na conferência.
CONFERÊNCIA - O evento, que conta com o apoio do Sistema OCB, também é uma realização do Sistema Unimed. Acompanhe no Informativo OCB outros temas debatidos durante a XVIII Conferência Regional da ACI-Américas.