Guedes defende novo mecanismo de proteção ao produtor
A atual política de crédito rural foi tema de uma reunião ocorrida na manhã desta quinta-feira (27/05), na sede do Sistema Ocepar, em Curitiba, com a participação do vice-presidente de Agronegócio do Banco do Brasil, Luís Carlos Guedes Pinto. Estiveram ainda presentes o diretor de agronegócio, Luis Carlos Vaz, o gerente de agronegócio do BB no Paraná, César Dal Col, além do gerente da Corporate Paraná, Ademir Alves Pereira. O encontro reuniu cerca de 40 dirigentes de cooperativas dos ramos agropecuário e crédito e foi coordenado pelo presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski. "As políticas públicas devem passar por uma modernização.
A grande dificuldade que temos hoje é a falta de instrumentos de política agrícola para garantir renda ao produtor", afirmou Koslovski na abertura da reunião. O vice-presidente de Agronegócio do BB concordou. "O problema é proporcionar uma garantia de renda. O João Paulo tem razão", disse Guedes. Na avaliação dele, o sistema de crédito rural precisa passar por uma grande reestruturação. Guedes defende o "seguro de renda", que é a proteção dos preços no mercado futuro. Seria um instrumento que, juntamente com o seguro rural, proporcionaria maior tranquilidade ao produtor.
Garantia de preço - "Além de ter a cobertura do seguro da produção, nós temos defendido que o produtor precisa se proteger no mercado futuro. Ou seja, na época de plantio, ele já garantiria um preço mínimo de venda, o que nós chamamos de travar o preço no mercado futuro. Isso é muito importante em relação ao crédito. Se o agricultor está protegido com o seguro rural, caso a colheita for menor do que era esperado devido a um fenômeno climático, como uma seca ou enchente, ele também estará protegido no mercado futuro com relação ao preço. Desta forma, ele poderá ficar absolutamente tranqüilo. Caso, por infelicidade ocorrer uma das duas coisas, ou as duas, ele tem a sua renda garantida.
Ninguém gosta de usar o seguro, principalmente o de vida, mas é ele, o seguro que dá tranqüilidade ao agricultor", disse Guedes. "O Banco do Brasil, inclusive, tem lançado opções no mercado para que o agricultor possa se proteger, no caso de soja e milho. Temos atuado muito fortemente com o objetivo de contribuir para a formação da consciência do produtor, muitas, às vezes, nem conhecem essa possibilidade de optar por essas alternativas, que, na realidade, consideramos como um investimento. Nós temos procurado contribuir para que essas formas de proteção se difundam entre os produtores rurais brasileiros", acrescentou.
Essencial - De acordo com Guedes, há uma preocupação em estender os mecanismos de proteção ao agricultor. "Numa análise retrospectiva, acredito que estamos avançando no sistema de crédito mas, talvez, esse processo devesse ser um pouco mais acelerado. Nós sabemos que o produtor rural está sujeito aos riscos da produção. A colheita pode não ser aquela que ele esperava devido às intempéries climáticas. Por outro lado, o produtor pode ser bem sucedido na produção mas os preços não são remuneradores e isso afeta a sua capacidade de pagamento, inclusive de pagar o banco e saldar os seus compromissos financeiros.
Dessa forma, com relação ao sistema de crédito, nós estamos muito preocupados em estender os mecanismos de proteção ao produtor. No caso do seguro rural, que proporciona cobertura numa frustração de safra, causada por um fenômeno meteorológico não previsto, nós melhoramos bastante. No ano passado, 62% dos financiamentos de custeio do Banco do Brasil foi coberto com o seguro rural, com o seguro da produção, e o Paraná é um estado exemplar nesse sentido, onde, acredito, nós mais avançamos. Isso é muito importante para o sistema de crédito", avaliou.
Avaliação - Na reunião desta quinta-feira, Guedes respondeu diversas questões dos dirigentes cooperativistas, após fazer uma análise da evolução do setor agropecuário e do sistema de crédito rural no Brasil. Em sua avaliação, o encontro foi bastante positivo. "Foi oportuno e de altíssimo nível. Aqui estão representantes das principais cooperativas do estado, as mais expressivas do Brasil, que são extremamente bem dirigidas. Essa reunião nos deu a oportunidade de fazer um balanço da política agrícola do Brasil, particularmente a relativa ao crédito e aos mecanismos de cobertura do produtor, tanto o seguro rural, como os instrumentos de mercado futuro, que poderíamos chamar de seguro de renda.
A partir desse encontro, nós podemos avançar ainda mais na direção da reformulação do crédito rural no País, dos mecanismos de proteção, na medida em que pudermos avaliar o que está acontecendo no campo e identificar os obstáculos que ocorrem. É claro que não é algo imediato. Algumas propostas implicam em mudan&ccedi"