Jovens brasileiras se mobilizam pela causa ambiental na COP26
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Em mesa sobre juventude e engajamento de rede, elas falaram sobre a importância de usar a internet com alavanca de preservação do meio ambiente
Engajamento e comunicação uniram jovens brasileiras em torno de uma causa e as levaram para o maior debate sobre o meio ambiente em curso no mundo, a 26ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26).
Duas representantes do projeto Missão de Jovens para Engajamento de Rede integraram um painel na manhã deste sábado (6), em Glasgow, na Escócia, onde acontece o encontro. Com o tema “Foco no Clima: Engajamento Jovens na sustentabilidade e clima”, o painel ainda contou com a presença do Museu de Ciência da Amazônia (MuCA), que tem entre os principais focos de atuação o empreendedorismo e a educação.
Resultado de uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o projeto criou uma rede de jovens para engajamento das causas ambientais em centros urbanos, povoados indígenas, áreas rurais e de conservação. A ideia é que eles multipliquem ações de cidadania ambiental nas regiões onde vivem.
A liderança jovem Quéren-Hapuque Luna, 22, reforçou que pretende expandir a voz em torno do tema, mobilizando outros jovens nas discussões sobre sustentabilidade e mudança do clima. “Estamos montando uma estratégia de comunicação para difundir informações para a maior quantidade de pessoas possível. Queremos construir diálogo, para chegar a uma compreensão do que a nossa geração pode trazer como solução”, afirmou, na COP26.
Estudante de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Acre e assistente de Pesquisa do Centro Integrado de Geoprocessamento e Monitoramento Ambiental do Acre, Quéren disse sentir-se estimulada ao trocar informações com outras jovens, daí a motivação para envolver novas lideranças.
“Eu trabalho diretamente com o monitoramento de área queimada e da qualidade do ar. E conheço muitos técnicos, de diferentes perfis envolvidos com essa dinâmica, que não tem oportunidade de congregar suas expertises com outras pessoas. Então, é empoderador estar no ambiente de diálogo que estamos construindo. Afinal, todos temos uma responsabilidade. Precisamos questionar o que são mudanças climáticas e o que isso tem a ver com a gente”, provocou a jovem.
Pertencente às etnias Yawanawa e Ashaninka, a indígena Eriya Pinhanta, de 18 anos, também integra o grupo e deu um depoimento aos que acompanhavam o painel da Cúpula do Clima.
“Cada um que tenha a consciência de preservar a floresta é muito importante para nós. Somos uma geração que está no meio da comunicação, da participação. Queremos juntar cada vez mais jovens, porque cada palavra de proteção sobre a Amazônia nos ajuda a garantir um futuro”.
A jovem comentou que encontra desafios ao escolher morar na cidade, mas sempre procurar usar “o poder de fala” para conquistar a melhor convivência possível.
“Eu me comunico por meio das redes sociais e de reuniões com assembleias, com povos que moram nas cidades, e levo informação para dentro da aldeia”, finalizou.
INTERCÂMBIO
Outras duas jovens integram, atualmente, a rede que recebeu uma capacitação relacionada a políticas públicas sobre o tema.
Franciele Costa, 23, mora na Reserva Extrativista do Rio Cautário, em Rondônia. A estudante do 6º período de Biologia atua como professora de agroindústria e agroecologia e percebe in loco a ação do maior projeto de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) em uma unidade de conservação estadual brasileira. Já Myrelle Marchl (18), estudante do 3º ano do Ensino Médio, dedica-se a causas sociais e ambientais no bairro de Capão Redondo, em São Paulo (SP), onde mora. As jovens criaram o perfil chamado Foco no Clima, na rede social Instagram, para mobilizar outros jovens na causa ambiental.
Em setembro, as quatro jovens conheceram políticas públicas internacionais sobre o meio ambiente, com visitas às embaixadas da Itália e do Reino Unido. Elas também foram recebidas no Ministério do Meio Ambiente, onde foram informadas sobre políticas públicas em andamento em prol do desenvolvimento sustentável. Os gestores da pasta também ouviram sobre a realidade das jovens.
“Recebi essas jovens aqui no ministério para ouvir a contribuição delas em relação à Conferência do Clima. É muito importante o engajamento de jovens na agenda do clima, para garantir um futuro ao nosso país”, ressaltou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, na ocasião. Para a diretora de Ecossistemas da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientes, do MMA, Julie Messias, esse tipo de iniciativa insere a juventude dentro de um “espaço de governança”, onde podem expressar suas opiniões.