Ministro da Agricultura anuncia na Ocepar medidas de apoio à comercialização do trigo
Curitiba (16/9) – As preocupações dos produtores de trigo com a diminuição dos preços do trigo tiveram um alento nesta terça-feira (12/09). Num encontro com representantes do setor produtivo, em Curitiba, na sede da Ocepar, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, anunciou oficialmente que serão disponibilizados R$ 350 milhões para apoiar a comercialização do cereal, por meio de instrumentos da Política de Garantia de Preços Mínimos, como o Prêmio Equalizador pago ao Produtor (Pepro) e Aquisições do Governo Federal (AGF).
Do total, R$ 150 milhões serão destinados à realização de Pepro e R$ 200 milhões para AGF. “São medidas para a sustentação dos preços. No Brasil, temos uma supersafra vindo aí e no mercado internacional também houve queda de preços. Portanto, o governo vai fazer no momento certo a subvenção de garantia de preço mínimo, através destes dois mecanismos de comercialização”, disse o ministro.
Prazos – Segundo Neri Geller, os R$ 200 milhões para AGF já estão liberados. “O que os produtores ou as cooperativas têm que fazer é por o trigo no armazém, levar o recibo e solicitar o recurso. Já a solicitação dos R$ 150 milhões destinados à realização de Pepro está no Ministério da Fazenda, mas nossa expectativa é que no máximo a partir da próxima quinta-feira os recursos já estejam liberados”, afirmou.
Em relação aos leilões, Neri Geller também garantiu que há pressa por parte do governo. “Nossa previsão é que na próxima semana já seja realizado o primeiro leilão, mas pretendemos sentar com o setor produtivo para avaliar qual a demanda, ou seja, como a colheita está se encaminhando, e na medida em que as demandas forem surgindo, iremos programando os leilões”, frisou.
Pleito - A Ocepar estima que o valor anunciado pelo ministro seja suficiente para promover a comercialização de 1,8 a 2 milhões de toneladas, dependendo do prêmio dos leilões. No mês passado, a entidade, que representa as cooperativas do Paraná, solicitou apoio do Mapa para a comercialização de 3,1 milhões de toneladas de trigo visando melhorar liquidez e reduzir a perda de renda do produtor rural.
Já em julho, a cotação do produto havia registrado queda de 12% nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, que lideram a produção do cereal no País, levando os triticultores a receber menos que o preço mínimo estabelecido pelo governo federal, que é de R$ 557,50 por tonelada.
Suporte – Ao avaliar as medidas anunciadas hoje em Curitiba, o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, disse que, mesmo não atendendo totalmente a demanda, este aporte de recursos para comercialização é importante para dar um suporte inicial ao escoamento da safra, que já começou a ser colhida no Paraná e atinge cerca de 18% da área plantada no Estado.
“Em relação à política de trigo, sempre brigamos por medidas de médio e longo prazo, porém, temos que reconhecer o esforço do ministro Neri Geller. O volume de recursos, evidentemente, não supre toda a demanda, mas como início é fundamental porque estabelece um pacto de que haverá uma política de garantia de preço”, afirmou.
Preço mínimo - O dirigente lembrou que estas medidas são importantes também para garantir o preço mínimo ao agricultor. “O país já importou de 4 milhões de toneladas de trigo este ano, volume que, somado aos 7,7 milhões que deverão ser colhidos na atual safra, já dá uma previsão de mais de 11 milhões de trigo no Brasil. Ou seja, do ponto de visto do consumidor a demanda está suprida, confirmando a tendência de termos um preço mais baixo, por isso, temos que atuar para que o agricultor receba, pelo menos, o preço mínimo para ter sustentação na atividade que desenvolve”, disse.
Seguro – De acordo com o Koslovski, além do preço mínimo, outras questões preocupam o setor produtivo, a exemplo do seguro rural. “Em plena época de plantio da safra de verão e quando os financiamentos de custeios agrícolas nos bancos em fase adiantada de contratação, produtores rurais não tem acesso ao seguro agrícola no âmbito do programa de subvenção ao prémio”, frisou Koslovski.
Em janeiro de 2014, o Mapa havia publicado no Diário Oficial da União a Resolução n.º 27, que estabeleceu o aporte de recursos orçamentários de R$ 700 milhões para 2014. No entanto, até o momento, foram disponibilizados somente R$ 400 milhões para subvenção.
“Hoje as seguradoras já estão parando de fazer o seguro em função da falta de recursos, então, pleiteamos a alocação daqueles R$ 300 milhões que ainda faltam para completar os R$ 700 milhões que temos no orçamento e isto tem que ocorrer o mais rápido possível para que o agricultor possa ter este amparo e que possa plantar a sua lavoura com segurança e sem risco de ter prejuízo”, disse.
Prodecoop - Outras questões citadas pelo dirigente envolveram o feijão e a Laranja, em especial a necessidade do governo em apoiar a comercialização destas duas culturas, por meio de recursos para AGF e do Pepro Laranja.
Também o Prodecoop foi mencionado pelo dirigente que, além de lembrar a importância deste programa no processo de agroindustrialização das cooperativas, falou da necessidade de ampliar o atual limite de financiamento que hoje está em R$ 100 milhões para as cooperativas singulares e de até R$ 150 milhões para as cooperativas centrais.
“Estes limites têm se mostrado insuficientes para atender diversos projetos agroindustriais das cooperativas, obrigando-as a buscar recursos em outras fontes e com custos financeiros maiores”, disse.
Tempo - Na avaliação do superintendente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Roney Volpi, que no anúncio representou o presidente da entidade Ágide Meneguette, as medidas de apoio a comercialização anunciadas hoje em Curitiba estão dentro do que o setor produtivo espera, porém, é importante que elas cheguem na ponta na hora certa. “Isto acontecendo, as medidas atendem praticamente todas as reivindicações do Paraná”, afirmou.
Endosso - O secretário em Exercício da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), Otamir César Martins, lembrou que na atual safra o Paraná aumentou a área plantada com trigo. “E como não há previsão de problemas climáticos, a perspectiva é de uma produção recorde no estado, o que acaba pressionando os preços. Então, precisamos urgentemente que as medidas anunciadas hoje cheguem rapidamente ao produtor”, frisou.
Martins destacou ainda que a Seab tem um bom diálogo com o setor produtivo estadual, estando, portanto, a par das solicitações feitas ao governo federal visando apoiar a comercialização do trigo e de outras culturas, como o feijão, que no momento também estão exigindo uma atenção especial em função de preços baixos. “Endossamos todas as propostas feitas pela Ocepar no sentido de que possamos ter realmente todas as questões analisadas e sanadas”, comentou.
Presenças – Acompanharam o ministro no anúncio, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Rocha, o diretor de Política Agrícola, José Maria dos Anjos, o diretor Departamento de Economia Agrícola, Wilson Vaz de Araújo, e o assessor especial Sávio Pereira, e o superintendente do Mapa no Paraná, Gil Bueno de Magalhães.
COOPAVEL – Para o período da tarde, estava previsto que o Ministro faria o mesmo anúncio, durante uma visita à Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), interior paranaense.
Clique aqui e confira na integra as propostas de Políticas Públicas de Apoio ao Agronegócio entregues ao ministro Neri Geller
(Assimp Ocepar)