O ganho da genética na pecuária

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Goiânia (18/5) – Melhor rentabilidade por hectare, mais empregos e maior “eficiência ambiental”. Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo não só reforça o que o produtor já sabe, mas quantifica o ganho que o investimento em genética zebuína proporciona do ponto de vista financeiro, ambiental e social.

Encomendado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), o estudo durou sete anos, período que corresponde à vida útil de um touro. Seis pares de propriedades foram comparados: quatro de corte (em Goiás, Mato Grosso e São Paulo) e dois de leite (em Goiás e Minas Gerais). Parte delas tinha rebanho com genética zebuína provada, outra parte não – essas fazendas foram chamadas de “típicas” ou “modais”.

No caso do gado de corte, o trabalho abordou ainda diferentes sistemas de produção: cria, recria-engorda e ciclo completo. Em Goiás, por exemplo, os pesquisadores acompanharam três propriedades especializadas em cria. Uma delas, próxima a Rio Verde e que realizou investimento em genética, obteve uma margem líquida (descontados custos operacionais) de R$ 1.092 por hectare.

O resultado foi comparado com os de outras duas propriedades “típicas”: a primeira, localizada em Jussara e dotada de melhores índices técnicos, alcançou remuneração de R$ 860 por hectare. A segunda, em Mineiros, relativamente próxima à fazenda “com genética”, conseguiu retorno de apenas R$ 88,94 por hectare.

Outro dado interessante, medido em Paranatinga (MT), é que um touro comprado por R$ 10 mil gerou R$ 39.172 em valor de produção no sistema de cria desenvolvido por uma fazenda com bons índices zootécnicos. Em uma propriedade próxima e até menos tecnificada, esse valor chegou a R$ 43.130. Para determinar o “valor do boi” em sistema de cria, os cálculos levaram em conta a diferença de peso dos bezerros.

PECUÁRIA DE LEITE - Quando o assunto é o gado de leite, o resultado também é favorável ao investimento em genética. Em Uberlândia (MG), a propriedade com rebanho meio sangue (genética provada) registrou uma margem líquida por hectare 54% superior à da propriedade típica, ou seja, “sem genética”. Já em Luziânia o resultado da fazenda “com genética” foi 164% maior que a da típica, localizada em Piracanjuba.

A proprietária da Fazenda Palma de Luziânia, Weslliane Roriz Neule, afirma que a propriedade investe em genética há 20 anos e o retorno veio com o passar do tempo. As estrelas na produção leiteira são animais das raças holandês, gir e girolando. Atualmente, desenvolve um trabalho de ponta na genética girolando.

“Temos um longo caminho de seleção e a cada dia há um novo aprimoramento. A nossa preocupação é 100% com a qualificação da mão de obra, genética e nutrição animal. Esse é o segredo de sucesso e permite que a propriedade alcance altos resultados”, afirma.

A produção de leite da raça girolando se dá pelo sistema a pasto, o que segundo Weslliane, possui uma melhor relação custo-benefício. “Mesmo com os resultados positivos do Cepea, com o potencial genético dos animais que temos queremos ir mais longe. Com os ajustes, o objetivo é aumentar a produção em 30%, chegar à média de 22 litros de leite produzidos por animal diariamente. Além disso, são 400 animais a pasto e queremos chegar aos 500, pois temos capacidade para isso”, frisa.

O professor e pesquisador Sergio De Zen, responsável pelo trabalho, destaca que, além de investir em genética, as propriedades que obtiveram melhores resultados “têm boas práticas de manejo e nutrição do rebanho”. A mão de obra treinada também está presente. O “porém”, segundo ele, é que mesmo entre essas fazendas é um desafio encontrar aquelas que realizam ao mesmo tempo gestão financeira e controle de indicadores técnicos. (Fonte: O Popular – Portal Sistema OCB/GO)

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