Participação é a chave para o desenvolvimento das cooperativas de crédito
Belém (24/7) – Dados do Banco Central indicam que a falta de participação dos cooperados na governança das cooperativas de crédito ainda é o principal obstáculo para o crescimento do setor no país. Apesar desse índice, as cooperativas de crédito ocupam 3% do PIB nacional e estão em franca expansão. No Pará, é o segmento cooperativista que mais cresce.
No total, são quatro sistemas que atuam em segmentos distintos: a Unicred Belém, o Sicredi, o CrediSis e o Sicoob, que este mês inaugurou uma agência da Sicoob Cooesa no bairro de Nazaré em Belém e tem previsão de inaugurar mais 8 unidades até o final do ano. Em nível nacional, o setor já cresceu 20,5%, enquanto o Sistema Financeiro Nacional (SFN) apenas 2,6%. Em operações de crédito, as cooperativas se destacaram com crescimento de 12,9% contra 7,9% do SFN.
Neste cenário, o Sistema OCB/PA e a Confederação Alemã de Cooperativas (DGRV) retomaram o Projeto “OCB-DGRV Norte/Nordeste” para fortalecer a gestão e a governança das cooperativas de crédito no Estado, por meio de cursos de capacitação. No Brasil, a DGRV tem o papel de suporte, aporte e investimento no cooperativismo de crédito, com ênfase nas regiões Norte e Nordeste.
Em Belém, o primeiro curso do Projeto encerra nesta quinta-feira (23) sobre o tema “Governança cooperativa e os desafios: papel e prática”, na sede do Sicoob Unicoob. “É um trabalho de troca de expertise e de informações. O berço do cooperativismo de crédito no mundo é a Alemanha. Nesse curso, trouxemos questões práticas e discutimos sobre o que está sendo feito que está dando certo ou não e, o mais importante, como trabalhar possíveis soluções. A governança não é algo estático. Ela se constrói na medida da necessidade e de realidade de cada cooperativa”, explica o consultor do projeto, Sílvio Giusti.
Segundo o assessor do Departamento de Organização do Sistema Financeiro do Banco Central, Romeu de Lima, além da participação dos cooperados é preciso que os conselhos e a diretoria executiva saibam os seus respectivos papeis.
“O Banco Central é um órgão normativo e de fiscalização, mas ao mesmo tempo sugere para as cooperativas boas práticas para orientá-las sobre as melhores soluções dentro do sistema financeiro. As cooperativas de crédito têm uma característica muito particular que é a autogestão. Por isso, apresentamos às cooperativas as informações levantadas pela pesquisa e refletimos juntos. Porém, a decisão em última instância é do associado”, ressalta.
Georgete Costa, conselheira fiscal da Sicoob Unidas, explica que o cenário mudou muito e que é hora de se renovar e ampliar os conhecimentos. “A nossa cooperativa surgiu da incorporação de 7 cooperativas. Eu era de uma pequena e hoje sou conselheira fiscal de uma grande cooperativa. Precisamos alinhar e conhecer hoje esse nosso novo momento, ampliar as estratégias e socializar tudo. Este curso, nos dará um aparato para crescermos juntos”.
Para o presidente da Unicred Belém, Amaury Dantas, o curso deixou sementes para uma nova fase do cooperativismo de crédito paraense. “É um novo passo. É uma necessidade imposta pelo contexto atual que virá independente da vontade de cada um.
É um processo irreversível no sentido de aperfeiçoar e aumentar a nossa eficiência nos processos de trabalho para que possamos oferecer ao cooperado melhores condições de acompanhamento técnico, econômico e financeiro. Essa é a principal tarefa das cooperativas de crédito”, enfatiza.
“Estamos trabalhando para potencializar as oportunidades para o desenvolvimento das cooperativas no Estado. É preciso darmos a mãos para que, em breve, o cooperativismo paraense alcance a força que pode ter e isso resulte em empregos diretos e indiretos, em qualidade de vida e renda digna para a nossa sociedade. O Ramo Crédito é apenas um braço dessa grande estrutura que pode ser ainda mais ramificada através da intercooperação”, arremata o superintendente OCB/PA, Luiz Carlos dos Santos.