Pesquisas da Embrapa Gado de Leite surpreendem jovens leiteiros

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Coronel Pacheco (15/9) – Um dia cheio de descobertas e repleto de informação de qualidade, técnica e sigilosa. Foi assim a programação do primeiro dia do 2º Encontro Pan-Americano de Jovens Produtores de Leite, iniciado hoje, na cidade mineira de Coronel Pacheco. Os mais de 200 participantes tiveram a oportunidade de participar de um Dia de Campo nas instalações da Embrapa Gado de Leite, onde conheceram bem de perto alguns dos experimentos e investigações realizadas pelos pesquisadores.

O evento é uma realização da Federação Pan-Americana de Produtores de Leite, em parceira com o Sistema OCB e Embrapa Gado de Leite. Os jovens visitaram as seguintes estações:
- Sistema de produção de leite a pasto com rebanho girolando
Os jovens produtores conheceram a estação de Sistema de Produção de Leite a Pasto composto por animais da raça girolando. No tipo de relevo observado, uma área montanhosa, o rebanho suporta as condições de temperaturas, a ausência dos bezerros e é realizado ordenha mecânica. Além disso, o rebanho é alimentado com capim durante o período chuvoso e com silagem durante o seco, o que reduz os gastos com a alimentação.
Não se cria macho e existe grande aceitação no mercado para venda desses animais. E importante ressaltar que cada produtor tem um sistema diferente de produção, é necessário escolher o que se adequa a sua propriedade para se obter eficiência e lucratividade.
O analista da Embrapa Gado de Leite José Augusto Salvati explica que não existe um padrão de modelo de sistema, mas sim uma adaptação ao tipo de relevo. A filha de produtores do Panamá Marlen Morales, enfatiza que o encontro é uma grande oportunidade para busca de conhecimento para implementação em seu rebanho. “Aprendi muitas coisas que serão úteis para a nossa realidade”.
Gustavo Carneiro de Araxá (MG) disse sobre a experiência de troca de conhecimentos tanto com os participantes quanto com os técnicos. “Aqui pude perceber um excelente corpo técnico que esclarece com precisão as dúvidas e clareia o nosso pensamento a respeito da atividade leiteira.
- Sistema intensivo de produção de leite com rebanho puro holandês
A estação criada pela Embrapa Gado de Leite possui pesquisas nas áreas de manejo do rebanho em confinamento, criação de bezerros e novilhas, alimentação com volumosos e concentrados gestão de resíduos, dentre outros. A panamenha Marlen Morales, de 21 anos, cuja propriedade está com sua família há várias gerações e hoje tem um índice de produção diário de 1.750 litros de leite, defende a realização de encontros como este para aprimoramento. “É preciso estar sempre aprendendo para evoluir”, considera.
- Sustentabilidade da atividade leiteira
Na estação sobre sustentabilidade da atividade leiteira, o pesquisador Marcelo Otenio mostrou as tecnologias para utilização de resíduos da atividade leiteira por meio da fossa séptica biodigestora para a produção de biofertilizantes e energia. Ele também falou sobre a implantação de cloradores, que melhoram sensivelmente a qualidade da água na propriedade rural. “A implantação de fossa séptica e cloradores são de baixo custo, mas o sistema de produção de energia requer um pouco mais de investimento. No entanto, em pouco tempo se mostra compensador”, observou.
- Pecuária de Precisão
É uma nova estrutura, criada pela Embrapa em 2011, e que ainda está em fase de construção. Possui uma área de 13,7 mil m2, onde são realizadas pesquisas visando à eficiência da produção agropecuária. Possui quatro grandes laboratórios: Metabolismo, Biotecnologia e Ambiência, Pecuária e Precisão e Saúde Animal. Dentre os estudos apresentados está o que mede a produção de gás metano pelo gado criado a pasto. A intenção é descobrir, aqui no Brasil, qual o volume da produção deste gás, um dos principais destruidores da camada de ozônio. Atualmente, apenas os Estados Unidos possuem informações como as deste tipo.
O argentino Guilherme Piva, de 28 anos, que trabalha na fazenda da família na região de Córdoba, com produção diária de quatro mil litros de leite, frisa a importância de eventos como o Encontro Pan Americano de Jovens Produtores de Leite pelo rico intercâmbio que ele proporciona. “Temos chances de conhecer diferentes realidades, tecnologias e processos que podemos implantar ou adaptar em nossas propriedades”, avaliou Piva. 
- Forrageiras comerciais mais utilizadas no Brasil e Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF).
Nesta vitrine, os jovens foram recebidos pelo pesquisador da Embrapa, Antônio Vander Pereira, que falou sobre as principais forrageiras para a agropecuária tropical. Ele explicou a necessidade de investimento em pesquisas de melhoramento genético vegetal no Brasil a partir das diversas variedades de espécies existentes no país ou trazidas para cá por navios de escravos da África ou exploradores europeus, desde o período do Descobrimento do Brasil.
Em seguida, os jovens o acompanharam na visita aos canteiros da Vitrine de Forrageiras para que ele falasse um pouco sobre as características de cada espécie de forragem: para inverno, regiões úmidas, períodos secos, ensilagem e sistemas intensivos ou a pasto. Vander destacou, ainda, que as espécies desenvolvidas pela Embrapa são predominantes nos mais de 200 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil. 
Ainda na Vitrine de Forrageiras, os pesquisadores Marcelo Muller e Domingos Paciullo falaram sobre o sistema de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Domingos enfatizou que as tecnologias de integração vêm sendo recomendadas pela Embrapa por oferecerem recuperação de pastagens degradadas, intensificação do uso do solo e diversificação de atividades, fatores que trazem impactos positivos na renda da propriedade. Os pesquisadores falaram sobre as espécies mais utilizadas para iLPF, tanto para a lavoura quanto para o componente florestal, cujo domínio nos sistemas brasileiros é do eucalipto, com cerca de 90% de incidência.
Já o equatoriano Ernesto Gallo, de 28 anos, gerente de uma cooperativa de produtores em Salinerito, com produção diária de 18 mil litros, se encantou com o sistema iLPF. “Vou estudar mais a respeito, quem sabe futuramente seja viabilizada uma parceria com a Embrapa para desenvolvimento da tecnologia no Equador”. Sobre o encontro, ele considera genial. “Uma maravilha poder conhecer outros povos, tecnologias e sistemas de manejo. É um aprendizado difícil de mensurar” afirma entusiasmado.

(Com a colaboração de Marcos La False e Nara Reis, do Núclo de Comunicação Organizacional)

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