Presidente da Ocesc avalia participação do jovem no campo
O futuro da agricultura brasileira e da vasta cadeia do agronegócio dependerá de manter a juventude no campo. Este é um desafio para o qual se voltam as cooperativas. “Nosso objetivo é mantê-la no campo, satisfeita e motivada, disposta a agregar tecnologia e produzir com eficiência. Nosso dever é lutar pela preservação do modelo agrário catarinense, notabilizado pela densa ocupação minifundista e pela intensa produção”, assinala o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Marcos Antônio Zordan.
O cooperativismo é essencial para a economia catarinense e os jovens são essenciais para a perpetuação do cooperativismo. Um terço dos catarinenses está diretamente relacionado ao cooperativismo. Em Santa Catarina funcionam 255 cooperativas de 12 diferentes ramos (agropecuário, consumo, crédito, educação, especial, habitação, infra-estrutura, mineração, produção, saúde, trabalho e transporte) que movimentam R$ 12 bilhões por ano. Isso equivale a 12% do PIB do Estado. Juntas, elas reúnem 860.000 famílias associadas que representam 2,5 milhões de pessoas. Para o desenvolvimento de suas atividades, as sociedades cooperativas empregaram diretamente mais de 30.000 pessoas.
Nesta entrevista, o presidente Marcos Antonio Zordan e o superintendente Geci Pungan do sistema Ocesc/Sescoop (Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina e Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo) abordam essa complexa questão:
Qual deve ser a preocupação das cooperativas em relação aos jovens?
As cooperativas e demais instituições que atuam no universo do setor primário precisam saber o que quer o jovem rural; quais as suas expectativas para o futuro; o que fazer para satisfazer suas necessidades e aspirações a fim de mantê-lo como um dos protagonistas do rico e multifacetado universo da agroeconomia catarinense.
E o que, de fato, querem os jovens rurais?
O que o jovem rural mais quer é ser ouvido e respeitado. Ouvido em seus anseios e desejos; respeitado em suas opiniões e posições. O jovem quer educação de qualidade, oportunidade de atualização, recreação e lazer; quer falar e ser ouvido, valoriza o cooperativismo e não quer só participar mas, especialmente, oportunidade de ocupar postos de relevância e comando. Esses resultados orientam a atuação das cooperativas e se transformaram em exitosos programas de ação.
Existem, ainda, muitas diferenças entre os jovens urbanos e os jovens rurais?
Jovens do campo e da cidade compartilham preferências – a maioria delas, é claro, ditadas pela força da mídia – no modo de vestir e de falar, nos ídolos do momento, nos times preferidos, nas bandas musicais, nos filmes etc. O primeiro efeito dessa homogeneização não é somente a expansão dos horizontes do jovem rural, mas, essencialmente, a criação de novas necessidades e o surgimento de novas expectativas.
Qual é o papel dos meios de comunicação nesse processo?
A expansão dos meios de comunicação de massa, especialmente da mídia eletrônica (Rádio e TV), experimentada a partir da década de 1980, proporcionou absoluta integração territorial. Todos os produtos da indústria cultural consumidos nas cidades constituem-se, rigorosamente, nas mesmas mensagens consumidas pela população rural. Os veículos da mídia impressa – jornais e revistas especializadas – chegam, hodiernamente, com regularidade às famílias rurais. O nível de informação sobre a atualidade brasileira e mundial das comunidades urbanas e rurais, hoje, equivale-se.
Que tipo de iniciativa existe no âmbito das cooperativas para manter os jovens rurais no campo?
Através do Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo (Sesccop/SC), as cooperativas têm a sua disposição vários programas. O CooperJovem, dirigido às crianças do ensino fundamental, divulga a cultura da cooperação, cooperativismo e ajuda mútua. O Jovem liderança cooperativista, dirigido aos filhos de associados de cooperativas com idade de