Rio de Janeiro sedia seminário do Ramo Trabalho

Rio de Janeiro (11/9/18) – Os Sistemas OCB e OCB/RJ realizaram, na Casa do Cooperativismo Fluminense, o Seminário do Ramo Trabalho da Região Sudeste, destinado a cooperativas contempladas pela Lei nº 12.690/12. O evento, ocorrido no dia 5/9, teve por objetivo promover o diálogo entre os representantes do sistema cooperativista, com o intuito de apresentar a realidade do setor e mostrar os benefícios e resultados do cooperativismo tanto ao trabalhador associado quanto à sociedade.

O evento – que reuniu cerca de 60 pessoas, entre dirigentes de cooperativas, representantes do Conselho Consultivo do Ramo Trabalho e colaboradores das unidades estaduais do Sistema OCB – debateu temas, como a Terceirização, Licitações e Contratos com a Administração pública e direitos sociais da Lei 12.690/12. Também foram apresentados os principais desafios e oportunidades identificadas pelas cooperativas do ramo.

O primeiro item da pauta foi a apresentação institucional do Sistema OCB, feita pela analista da Gerencia Técnica e Econômica do Sistema OCB, Carla Bernardes de Souza. Em sua fala, ela apresentou os números do cooperativismo no Brasil e as funções específicas das três instituições que compõem o Sistema OCB: Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).

Em seguida, Elza Cançado, diretora de relacionamentos e negócios da Coopersystem e representante estadual do Ramo Trabalho no Distrito Federal destacou as atividades desenvolvidas pela cooperativa, especializada em TI, nas áreas de desenvolvimento, manutenção, sustentação, treinamento e auditoria de sistemas, sites, programas para web e sistemas de mainframe e suporte à infraestrutura de informática e de redes.

 

CASOS DE SUCESSO

O diretor administrativo da Cooperativa dos Produtores de Artigos de Ferramentaria (Coopifer), de São Paulo, Vanildo Cesar Biazotto, apresentou a história, o objeto social, o organograma, o quadro de cooperados e funcionários e sua política de qualidade, responsável por manter a cooperativa há 19 anos, atuando forte no mercado.

Logo após, o diretor de marketing da Cooperativa de Trabalho dos Técnicos Industriais e Tecnólogos do Estado do Espírito Santo (Coopttec), Jamilson Machado, destacou as atividades ligadas às áreas de gestão, capacitação, tecnologia, agronegócios e meio ambiente. Para superar os desafios de se manter competitiva no mercado, a cooperativa utiliza o lema: “Enquanto houver sonho, sempre haverá possibilidade”.

O presidente da Cooperativa de Trabalho dos Consultores e Instrutores de Formação Profissional, Promoção Social e Econômica (Coopifor), José Ailton Carvalho, falou sobre a missão e o objeto da cooperativa, que presta consultoria e instrutoria em geral e ainda assistência e extensão rural.

Sobre desafios e oportunidades, o presidente reforçou que, pela qualificação dos 155 cooperados, o objetivo é ampliar a área de atuação da cooperativa para o Ramo Educacional.

Os cases do Rio de Janeiro ficaram por conta das cooperativas Educacional Escola Fribourg e de Trabalho e Produção de Catadores de Materiais Recicláveis de Irajá (Coopfuturo).

A primeira atua no município de Nova Friburgo e conta com 216 alunos. O case de sucesso é marcado por uma história de superação, como explicou a presidente Esther Araújo, que também é conselheira de administração do Sescoop/RJ e representante estadual do Ramo Educacional, junto à OCB/RJ.

Segundo ela, em 2011, a cooperativa Escola Fribourg passava por uma situação delicada. Com poucos alunos e cooperados, o temor de fechar as portas era grande. Para agravar a situação, no mesmo ano, Nova Friburgo e outras três cidades da Região Serrana foram castigadas pelas chuvas que deixaram 506 mortos.

Nada disso, no entanto, diminuiu a confiança que Esther tinha em seu potencial e no da equipe. A única solução foi arregaçar as mangas e ir pessoalmente às ruas, em busca de novos alunos.

“Saímos para panfletar pelo bairro. Oferecemos 100 bolsas gratuitas à comunidade de Olaria, bairro que sedia a escola. A intenção era os alunos estudarem de graça neste primeiro ano, para que tivéssemos oportunidade de mostrar a qualidade do nosso trabalho, a fim de que, no seguinte, investirem em nosso serviço. Foi desafiador e difícil convencer os pais e o grupo de cooperados de que essa era uma alternativa para não fecharmos as portas. Atualmente temos 642 alunos de várias classes sociais e 100% de adesão dos cooperados. Quando paro para pensar no assunto, vejo que esse foi um dos momentos mais desafiadores, mas também uma das maiores conquistas do nosso conselho”, comenta.

Já a Coopfuturo tem, hoje, 39 cooperados e, mensalmente, recolhe 230 toneladas de resíduos. Durante o Seminário, a presidente da cooperativa, Evelin Marcele, comentou como foi o desenvolvimento do trabalho nos últimos cinco e deu seu testemunho de como o cooperativismo mudou a vida dela e dos demais cooperados. “Não é fácil ser catador de material reciclável, mas o cooperativismo deu a dignidade que precisamos. Fazemos tudo da forma transparente e, hoje, os cooperados têm condições para fazer compras, pagar suas contas, entre outras questões”, comentou.

 

Lei 12.690/12

No período da tarde, o Seminário Regional foi focado na Lei 12.690/2012. No painel Licitações e Contratos com a Administração Pública, o procurador do Estado do Rio de Janeiro, Flávio Amaral Garcia, abordou o fato de muitas cooperativas do segmento serem impedidas de participarem de licitações e sua inconstitucionalidade. Em seguida, o assessor jurídico da OCB/RJ, Ronaldo Gaudio, abordou a terceirização por cooperativa de trabalho após a reforma trabalhista.

Por fim, a analista da gerência jurídica da OCB, Milena Tawany Gil Cesar comentou os Direitos Sociais da Lei 12.690/2012, como a retirada mínima dos cooperados, o repouso anual remunerado e outros pontos. “É importante que o cooperado tenha em mente que ele não é um empregado. Esse é um fator que é um problema recorrente e que precisa ser sanado”, finalizou.

 

AVALIAÇÃO

O saldo do evento foi bastante positivo. O presidente do Sistema OCB/RJ, Vinicius Mesquita, destacou o fato do ramo Trabalho ser a solução para o combate das mazelas do país. “O Seminário foi um sucesso e acredito que quem participou saiu do evento com uma nova perspectiva para o segmento, pois essa era uma proposta do evento”, comentou o presidente, que anunciou a retomada dos trabalhos para a elaboração de uma cartilha de recomendações das cooperativas de trabalho, explicando para os fiscalizadores as especificidades do segmento.

A coordenadora do Conselho Consultivo do Ramo Trabalho e presidente da Fetrabalho/RS, Margaret Cunha, também falou do saldo positivo do evento. “Sabemos das dificuldades de cada região e o encontro foi importante para sabermos as demandas das cooperativas dos estados. Estamos fazendo a diferença”, disse.

O representante estadual do ramo Trabalho junto a OCB e secretário de finanças da OCB/RJ, Ildecir Sias, também comentou sobre o Seminário. “Foi um prazer o Rio de Janeiro sediar este evento. O segmento é muito forte e tem muitos desafios a serem implementados. As cooperativas foram as principais beneficiadas”, finalizou.

 

VISITA TÉCNICA

Na quinta-feira, 6 de setembro, representantes do Conselho Consultivo do Ramo Trabalho visitaram a Cooperativa de Trabalho e Produção de Catadores de Materiais Recicláveis de Irajá (Coopfuturo). Lá, conheceram o espaço e o funcionamento da instituição.

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