Sistema Ocergs-Sescoop/RS propõem projeto de reestruturação das cooperativas agropecuárias
Safras frustradas, oscilação nos preços de commodities, excesso de custos operacionais e escala de produção insuficiente para competir no mercado são alguns dos fatores que afetam negativamente as cooperativas Agropecuárias. “É fundamental reestruturar o cooperativismo Agropecuário. Isso significa ter mais eficiência e trazer mais benefícios aos produtores rurais e consumidores brasileiros” – acredita o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Vergilio Perius. Com base neste pensamento, a entidade elaborou um projeto de reestruturação das cooperativas Agropecuárias.
As principais diretrizes do plano foram apresentadas no dia 15 de setembro aos membros do Conselho Deliberativo da Ocergs. O gerente jurídico do Sistema Ocergs-Sescoop/RS, Mário De Conto, foi quem coordenou a apresentação. “Nosso objetivo é criar um projeto que, a partir de um determinado orçamento, possa auxiliar as cooperativas na execução destas diretrizes” – explicou De Conto.
As principais diretrizes do projeto, que foi aprovado pelo Conselho, são:
1. Definição de modelo de gestão política e profissional
Dirigentes, técnicos e gerentes precisam de formação, especialização e capacitação. Para tal, os cursos realizados pelo Sescoop/RS estão disponíveis a todas as cooperativas gaúchas, que também podem realizar cursos descentralizados com recursos do Sescoop/RS. Além disso, ocorrerão seminários exclusivos do ramo Agropecuário ao longo do ano.
2. Definição das áreas de ação
Será formulado um mapa estadual com a indicação das áreas de ação para efeitos de admissão de associados. O desenho do mapa será tarefa do Sistema Ocergs-Sescoop/RS; as informações serão analisadas e discutidas pelos dirigentes e associados das cooperativas envolvidas.
3. Revitalização dos núcleos buscando a transparência e o comprometimento dos associados com o empreendimento cooperativo
A pouca participação e integração dos associados têm como consequência o baixo comprometimento destes com a cooperativa, gerando dificuldades de gerenciamento econômico. Por isso, pretende-se organizar os associados em Núcleos de Desenvolvimento Cooperativo e formar um Conselho Central de Representantes, visando a viabilização econômica de suas atividades através da formação de comitês por produto e capacitação profissional.
4. Projeto de viabilidade de modelos de integração cooperativa.
“A palavra-chave para este projeto de reestruturação é “união”. Aplicaremos o princípio Rochdaleano de que irmão ajuda irmão; neste caso, cooperativa coopera com cooperativa. Atingiremos, com esse processo, melhor escala no mercado e redução de custos operacionais” – explica Perius.
O projeto de integração entre cooperativas visa alcançar melhores escalas operacionais. O cooperativismo tem se pulverizado nos últimos anos, dando origem à criação de centenas de cooperativas de pequeno porte, sem estruturas comerciais e industriais capazes de garantir operações em escala e compatíveis com os custos. Desta forma, devem ser estabelecidos níveis de operações eficientes e capazes de gerar bons preços e sobras.
Os três principais modelos de integração são a parceria, integração ou criação de centrais. Qualquer um deles demanda uma cuidadosa análise econômica e financeira da organização que será criada. “Cada caso é um caso” – explica de Conto. “Em alguns, a incorporação é viável e recomendada. Em outros, a cooperativa incorporada não tem viabilidade econômico-financeira. Em cada caso haverá análise sobre o procedimento adequado”.
5. Definir o foco
As cooperativas Agropecuárias costumam adotar funções de instituições financeiras junto a seus associados. A busca por recursos financeiros para a aquisição de insumos, bens de consumo, máquinas, equipamentos, entre outros, tem feito com que as cooperativas concedam crédito via conta-corrente aos associados. Isto, somado a fatores como safras frustradas devido ao clima, por exemplo, faz com que as cooperativas não consigam fechar suas contas. “Precisamos visualizar o foco fundamental das cooperativas Agropecuárias. Se elas deixarem de ser o banco dos produtores, seu crescimento econômico será muito mais expressivo” – diz Perius.
6. Contratualização das relações entre associados e cooperativas
Inseridas em um mercado extremamente competitivo e com uma economia globalizada de preços cada vez mais concorrentes, as cooperativas têm visto enfraquecer a relação de fidelidade entre si e seus associados. Com o objetivo de reduzir este perfil, cada vez comum, muitos países da Europa passaram a adotar o sistema de contratualização de negócios.
O projeto do Sistema"