Subsídios argentinos prejudicam o setor moageiro do Brasil
"Os benefícios concedidos tornam atrativa a exportação de farinha argentina que chega ao mercado comprador do Brasil cerca de 35% mais barata do que a farinha nacional, produzida a partir do produto interno ou do importado do país vizinho", disse Guth.
De acordo com ele, o objetivo da visita à Ocepar foi expor os problemas que o setor moageiro está enfrentando e pedir o apoio do sistema cooperativista na elaboração de um plano de médio e longo prazo voltado ao desenvolvimento da triticultura nacional. "Também precisamos unir forças para enfrentar problemas pontuais e urgentes, entre os quais, a concorrência com os produtos da Argentina, uma situação que inviabiliza os moinhos brasileiros e também prejudica o setor produtivo, já que tende a depreciar o valor de mercado do trigo brasileiro", afirmou.
Um dos problemas que precisam ser solucionados a longo prazo, completa Guth, é a dependência do Brasil em relação ao trigo importado. No último ano, a produção nacional do cereal totalizou 3,8 milhões de toneladas, um aumento de 70,2% em relação à safra anterior. Além do crescimento de 3% na área plantada, o aumento da produção foi sustentado pela maior produtividade, que superou em 65,2% a do período anterior. Mas as boas notícias vindas do campo ainda não são suficientes para tranqüilizar o setor moageiro, já que a demanda interna do produto, estimada em 10 milhões de toneladas, obriga o Brasil a importar quase 70% do cereal consumido no País. O principal fornecedor é a Argentina, um dos cinco maiores exportadores mundiais de trigo.
"Estamos abertos para a formulação de uma política mais consistente voltada à produção e comercialização do trigo brasileiro", garantiu o presidente João Paulo Koslovski. Segundo ele, a sugestão proposta aos industriais é constituir um grupo de trabalho (com o máximo de 5 pessoas) que tenha por objetivo propor medidas no âmbito da produção, comercialização e, sobretudo, nas relações junto ao Mercosul. "Os estudos feitos pelo grupo seriam, então, levados para a apreciação da Câmara Setorial do Trigo para análise, ajustes e implementação de uma política de longo prazo para o setor", disse. (Fonte: Ocepar)