04/01/2011 - Novo presidente do BC diz que País pode perseguir meta de inflação menor
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Renato Andrade - O Estado de S.Paulo
O novo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, deixou claro ontem que fará tudo que estiver ao seu alcance para manter a inflação sob controle. Durante discurso de posse, o economista enfatizou que o sistema de metas de inflação é o instrumento "mais adequado" para cumprir essa missão e afirmou que o crescimento sustentado só ocorrerá com inflação baixa.
Ele ressaltou que a consolidação da política macroeconômica permitirá, no futuro, a redução da meta de inflação para níveis mais baixos, semelhantes aos observados nas principais economias emergentes. "Esse é um processo que devemos ter ambição de perseguir no futuro", disse. Hoje, o centro da meta da inflação é de 4,5%.
Tombini destacou ainda que o trabalho para manter o poder de compra da moeda brasileira é, além de um compromisso institucional do BC, uma das diretrizes estabelecidas pela presidente Dilma Rousseff. "O compromisso exigido pela presidente, ao me convidar para presidir o Banco Central do Brasil, é que essa instituição, sob minha liderança, busque de forma incansável e intransigente o cumprimento da missão institucional de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda", afirmou.
A preocupação com o controle da inflação foi externada por Dilma durante seu discurso de posse. A presidente fez questão de frisar que já faz parte da cultura brasileira a convicção de que a inflação desorganiza a economia. "Não permitiremos, sob nenhuma hipótese, que esta praga volte a corroer nosso tecido econômico e a castigar as famílias mais pobres", disse Dilma.
Em sintonia com o Planalto, o novo presidente do BC fez questão de destacar que a estabilidade de preços é um "desafio permanente", cuja maior responsabilidade recai sobre a diretoria do Banco Central.
"Conhecemos bem os efeitos nocivos que a inflação alta impõe à economia e, consequentemente, à sociedade, em particular à população de baixa renda, que mais sofre", disse.
Sem alaridos. As últimas palavras de Henrique Meirelles no comando do BC reforçaram as expectativas de aumento da taxa básica de juros (Selic) no início do governo Dilma. Segundo ele, em situações de pressão inflacionária, o aumento do juro não deve ser visto com "alarde", muito menos como sinal de que algo está errado. "Elevações da Selic não devem ser motivo de alaridos", disse. "Ciclos de aquecimento econômico e a necessidade de subir juros são parte do processo normal de trabalho do BC. Juros sobem e descem segundo o ciclo monetário", acrescentou.
O discurso de Tombini agradou os representantes dos grandes bancos brasileiros que estiveram presentes à solenidade ontem. O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Barbosa, avaliou que as palavras do novo presidente do BC mostram um alinhamento claro com a administração de Meirelles. Barbosa também considerou importante a reafirmação do compromisso de manutenção da inflação sob controle.
Para o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, outro elemento importante da fala de Tombini foi a reafirmação da relevância da estabilidade como elemento fundamental para o crescimento econômico sustentado. O presidente do Itaú, Roberto Setúbal, foi sucinto e disse apenas que o Brasil está "muito bem servido" com Tombini à frente do Banco Central. / COLABOROU ADRIANA FERNANDES
Veículo: O Estado de S. Paulo
Publicado em: 04/01/2011