13/10/2009 - Vinícolas vivem boom de investimentos

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Enquanto as vendas de espumantes nacionais cresceram 20% neste ano, o consumo da bebida importada diminuiu

ALESSANDRA KIANEK
ENVIADA ESPECIAL À SERRA GAÚCHA (RS)

O espumante brasileiro está borbulhando: conquistou o consumidor no país e ganhou projeção internacional. De olho no crescimento desse mercado, as vinícolas do Rio Grande do Sul, Estado responsável pela produção de 90% dos vinhos brasileiros, investem em tecnologia, na modernização dos equipamentos e na ampliação de unidades industriais.

De acordo com levantamento feito pela Folha, mais de R$ 40 milhões estão sendo investidos pelas vinícolas neste ano. Após empenho na fabricação de vinhos tintos e brancos, agora o foco está nos espumantes e também no suco de uva.

O espumante brasileiro é considerado de excelente qualidade e tem recebido premiações no mundo todo. Um dos dados que mostram essa melhora da qualidade da bebida é o ritmo das vendas. A comercialização no mercado interno cresceu 20% neste ano até agosto sobre igual período de 2008, enquanto o consumo de espumantes importados, mesmo com a queda do dólar, acumula retração de 22% até junho -último dado disponível.

Na opinião de Mauro Zanus, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho e diretor de degustação da ABE (Associação Brasileira de Enologia), os espumantes brasileiros já despontam com boa imagem no mercado e têm boa competitividade ante os importados, diferentemente dos vinhos tintos. Devido a essa vantagem dos espumantes, "a indústria percebe esse movimento e direciona os investimentos", diz Zanus.

De olho nesse consumo crescente e em busca de novos mercados, o Grupo Famiglia Valduga criou a Domno, empresa voltada principalmente para a fabricação de espumantes, pelo método "charmat" (em que a bebida envelhece em tanques de aço inoxidável e o custo é mais baixo que no método "champenoise", o mais tradicional, em que o envelhecimento é feito na garrafa). A nova linha de espumantes foi batizada de Ponto Nero.

Segundo Jones Valduga, o administrador da Domno, os investimentos da empresa para montar a fábrica e operar, que incluíram a compra das antigas instalações da Domecq, foram de R$ 10 milhões.

Butique

Já a Cooperativa Vinícola Aurora realiza um projeto audacioso. Ela está transformando o seu centro tecnológico de viticultura, com vinhedos experimentais, no distrito de Pinto Bandeira, em Bento Gonçalves, em uma vinícola-butique para a elaboração exclusiva de espumantes pelo método "champenoise". Serão 15 hectares de parreirais exclusivos de uvas chardonnay e pinot noir.

O diretor-geral da Aurora, Alem Guerra, diz que estão sendo investidos R$ 6 milhões nas adequações do vinhedo e na instalação de equipamentos.

O vinho ainda é o grande volume de produção da cooperativa. Mas Guerra vê uma tendência cada vez maior de o brasileiro passar a consumir mais espumante. "O principal promotor do vinho brasileiro tanto no mercado interno como no externo será o espumante."

Apesar de estarem crescendo, os embarques brasileiros ainda são pequenos se comparados aos de outros exportadores. Atualmente, os produtos brasileiros podem ser encontrados em mais de 20 países. A Vinícola Miolo, que acaba de comprar a Almadén, também investe no mercado de espumantes. Ela aplicou R$ 5,5 milhões em equipamentos para a fabricação da bebida pelo método "champenoise". Todo o processo será automatizado.

Dois processos que são feitos manualmente serão acelerados: o "remuage" (girar a garrafa para levar a levedura para a boca do recipiente), que será substituído por máquinas chamadas giropaletas; e o "dégorgement" (processo que expulsa a borra congelada), que também será automatizado.

Para ter uma ideia do efeito dessa automação, enquanto no processo manual se levam de 30 a 40 dias para a bebida ficar pronta, no novo serão apenas três dias, no cálculo da vinícola.

Segundo Adriano Miolo, enólogo e diretor técnico da vinícola, a empresa é a primeira a ter esse tipo de equipamento no Brasil. Com esse investimento em tecnologia, dentro dos próximos cinco anos, a vinícola irá quase triplicar a produção de espumante pelo método "champenoise", para 1,5 milhão de garrafas, diz o enólogo.

A aposta da vinícola não é só na demanda crescente, mas também na busca do consumidor por uma bebida de qualidade superior. "O brasileiro vai passar a notar a diferença entre um espumante feito pelo método "charmat" e outro pelo "champenoise'", diz Adriano Miolo. Os tradicionais champanhes franceses são feitos pelo método "champenoise".

O custo de produção de um espumante feito pelo método "champenoise" é de 30% a 50% maior que o pelo "charmat".

Inovação

Seguindo a lin"

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