18/5/09 - Empresas comunitárias aproveitam mudanças para crescer
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Da Redação
A crise financeira que provoca vítimas em todo o mundo atingiu com menos força as cooperativas e associações de trabalhadores. Dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostram que, nos primeiros três meses de 2009, a queda nas exportações dessas organizações foi 7,69% menor do que a registrada nos demais setores da economia brasileira, como grandes empresas e investidores do mercado financeiro.
A análise do primeiro trimestre dos quatro últimos anos revela vantagem ainda maior para o setor cooperativo. De 2006 a 2009, as exportações de bens produzidos por esse tipo de organização avançou 50,73%. O número é quase dois terços maior que o resultado obtido pelos demais setores da economia, com avanço de 29,94% no mesmo período. “De uma maneira geral, acho que o cooperativismo ficou mais forte com a crise. A partir de agora, vemos um horizonte um pouco melhor para todas as cooperativas”, destaca o presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas.
Essa modalidade em que trabalhadores se valem dos próprios produtos para obter mercadorias numa espécie de mercado paralelo e social é comum em épocas de falta de dinheiro em circulação e instabilidade da moeda. “É um fenômeno natural, que acaba ganhando força em momentos de crise. E que, em alguns casos, até contribui para que essas entidades tomem mercado de empresas consideradas normais, que se pautam por outros princípios (veja quadro) que não os sociais”, afirma a pesquisadora Leda Maria Paulani, professora da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP).
Baque - Em novembro do ano passado, época em que a crise financeira já havia mostrado suas garras a todo o mundo, o mercado cooperativo, que até então vinha expandindo sua atuação, se viu afetado pela queda nos pedidos e nos preços das mercadorias comercializadas. Algumas das cooperativas que atuavam em setores fortemente afetados sofreram mais. A onda de quebradeiras, segundo especialistas, pode ser explicada pela parcial ou total falta de crédito a essas entidades.
De acordo com o secretário Paul Singer, da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), as cooperativas também esbarraram na burocracia do estado, que acabou atrasando o repasse de recursos à pasta criada em junho de 2003, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ainda estamos executando o orçamento de 2008, que sofreu um corte de quase metade do que era previsto antes da crise”, disse. A pasta ainda dispõe de R$ 20 milhões para aplicar em projetos de economia solidária que não foram utilizados em 2008. Também conta com a promessa de R$ 43 milhões aprovados para este ano.
Veículo: Correio Braziliense
Publicado em: 17/05/2009 - 09:59