27/10/2010 - Exportação de leite cairá até 10% por impacto do câmbio

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SÃO PAULO - As exportações de leite podem tera queda de 10% este ano por conta da alta do câmbio, e dos baixos valores atribuídos nas comercializações de lácteos em outros países. Entretanto, o setor está otimista em relação ao mercado interno, e espera fechar o mês de outubro com o preço do leite estável ou em alta, podendo atingir patamares de R$ 0,70 centavos o litro do leite.

O setor pretende fechar o ano com um aumento na produção de aproximadamente 3%, em comparação aos 27,5 milhões de litros obtidos em 2009, segundo Jorge Rubez, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil). "Este ano temos a expectativa de aumentar a produção em 3%, e para o ano que vem, levando em consideração que este semestre não foi muito bom para o produtor, e que não há sobra de matéria-prima, estamos confiantes. Mesmo porque já está começando a procura por leite, então eu creio que 2011 será bem melhor que este ano", comentou ele.

No entanto, apesar do crescimento das produções de leite no País, e da retomada dos preços no mercado interno, Rubez frisou que em relação às exportações a situação ainda é bem complicada. Para ele o câmbio é o maior vilão, seguido de perto pelos efeitos da crise econômica mundial que assolou o mundo no ano passado. "A exportação não anda bem, o efeito cambial, e a crise econômica global, que afetou a economia de diversos compradores do Brasil, atrapalharam bastante nesse sentido. A Venezuela é um bom exemplo disso, eles eram grandes compradores do Brasil e este ano, reduziram pela metade as importações do leite brasileiro", disse.

No ano passado de janeiro a setembro o Brasil exportou US$ 129,6 milhões em produtos lácteos, quando comparado com os números deste ano, no mesmo período foram exportados US$ 117 milhões, que representa uma queda de 9,72%. Para o representante da Organização das Cooperativas Brasileiras e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (OCB/CBCL), Gustavo Beduschi, apesar dessa queda mencionada acima, é muito difícil prever com terminará o ano, já que o montante de exportação saltou de US$ 8,6 milhões obtidos em agosto deste ano, para quase US$ 18 milhões em setembro. "Nesse final de ano as exportações estão crescendo, setembro foi o mês que mais exportou este ano, e deu uma certa controlada nas exportações. Mas não dá para prever se iremos ficar muito abaixo do volume do ano passado."

Beduschi também atribuiu ao fracasso das exportações o fato de os preços do produto em outros países produtores estarem mais competitivos. Em 2009 de janeiro a setembro o Brasil importou 106 mil toneladas de produtos lácteos, a custos de US$ 205 milhões. Este ano foram importados apenas 79 mil toneladas, que custaram US$ 212 milhões. "O preço internacional mudou bastante, enquanto no ano passado o País importou pouco mais de 106 mil toneladas de produtos lácteos, esse ano entraram apenas 79 mil toneladas de produtos lácteos. Então é essa questão de preço que está pesando na nossa balança", frisou ele.

Para a pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Aline Ferro, duas situações podem minimizar os efeitos ruins das exportações brasileiras, o primeiro seria a baixa do câmbio, que aliado aos baixos preços do leite brasileiro viabilizaria o aumento das exportações. E o segundo é a alta dos preços internacionais. "Se o câmbio continuar alto, e os preços internacionais continuarem baixos, a situação não mudará."

Contudo, o presidente da Leite Brasil, Jorge Rubez, espera uma alta nos preços do leite no mercado interno. "Em outubro esperamos que os preços fiquem ou estáveis ou com uma pequena alta, podendo alcançar o patamar de R$ 0,70, ante os R$ 0,69 de setembro. Para novembro podemos fechar, quem sabe, com uma alta", finalizou ele.

Daniel Popov

Veículo: DCI
Publicado em: 27/10/2010

 

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