27/5/09 - Investimentos externos dobram em abril
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Ney Hayashi da Cruz
Juliana Rocha
Da sucursal de Brasília
Depois de um primeiro trimestre ainda marcado por incertezas, investidores estrangeiros retomaram suas aplicações no Brasil, com recursos direcionados tanto ao setor produtivo quanto ao mercado financeiro. Segundo dados do Banco Central, em alguns casos os números de abril para cá já se aproximam dos níveis observados antes do agravamento da crise, em setembro.
Os investimentos estrangeiros diretos, operações que envolvem tanto a compra de empresas brasileiras por multinacionais quanto a expansão da capacidade produtiva já instalada no país, somaram US$ 3,409 bilhões no mês passado, mais que o dobro de março.
Por outro lado, o saldo acumulado no ano até abril continua abaixo do visto no mesmo período de 2008. Entre janeiro e abril, o fluxo de investimentos diretos para o setor produtivo foi de US$ 8,751 bilhões, queda de 31% em relação aos primeiros quatro meses de 2008. Os dados de maio indicavam, até ontem, o ingresso líquido de US$ 2,5 bilhões.
Do lado das aplicações no mercado financeiro, a alta foi mais forte. No mês passado, os investimentos estrangeiros em ações na Bolsa foram de US$ 630 milhões, e neste mês, segundo dado parcial fechado ontem, já chegavam a US$ 2,365 bilhões. Caso não haja uma saída maior de recursos até o final da semana, o resultado de maio será o melhor já registrado pelo BC desde abril do ano passado.
Os números calculados pelo BC se referem a recursos que efetivamente entraram e saíram do país por causa de operações com ações, e diferem dos balanços feitos pela Bovespa porque, neste caso, a Bolsa considera só operações em que estrangeiros compraram ou venderam ações, sem, necessariamente, entrar ou sair do país.
Os números do mercado de renda fixa também parecem confirmar a volta dos investidores estrangeiros ao país. No segmento, as aplicações somaram só US$ 66 milhões em abril, mas chegam a US$ 811 milhões na parcial deste mês.
Para Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB, o aumento nos investimentos estrangeiros deve se manter pelos próximos meses, graças a uma confiança maior dos mercados no Brasil. Ele diz não acreditar que o nível da taxa de juros do país seja um fator muito determinante no maior ingresso de dólares.
"Se fosse só por causa dos juros, haveria uma migração forte para a renda fixa, e o mercado acionário estaria afundando. Não é o que está acontecendo", afirma.
Para André Saccorato, da consultoria Tendências, os investimentos diretos no Brasil devem se manter até o fim do ano, mas não no mesmo nível de abril. Segundo ele, os US$ 3,4 bilhões em investimentos estrangeiros para o setor produtivo foram uma surpresa para o mercado e o BC.
"A tendência é que os investimentos diretos girem em torno de US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões por mês. É um valor robusto, mas menor que no ano passado. Isso porque as empresas que começaram projetos de longo prazo não podem parar no meio. Mas será difícil aparecerem projetos novos", afirma.
Já Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, diz que o mercado de ações e renda fixa continuarão atrativos aos estrangeiros ao longo do ano. Ele disse que já era esperado aumento de recursos nessas áreas, já que a Bolsa voltou a se recuperar e a taxa de juros "cai em doses homeopáticas". Para ele, mesmo que a taxa básica -hoje em 10,25% ao ano- fique abaixo dos 9%, ainda será "um dos melhores investimentos do mundo".
Aplicações de estrangeiros na Bolsa chegam a R$ 4 bi neste mês
Denyse Godoy
Da reportagem local
Mesmo antes do final do mês, maio já aparece como um dos meses com maior entrada de investidores estrangeiros no mercado acionário do Brasil, de acordo com dados até o último dia 21. Esse crescente apetite pelas ações brasileiras levou a Bovespa a atingir ontem o seu maior nível (51.840 pontos) desde 19 de setembro passado, logo após a agudização da crise global, no dia 15 daquele mês.
Em 2009, os ganhos acumulados pela Bolsa brasileira chegam a 38%. Para analistas, o comportamento da Bolsa indica que o país pode sair da crise maior do que entrou.
"O Brasil se destaca porque, se existe um sentimento de que o pior já passou, também há a impressão de que o pior passou longe do país", afirma Alan Gandelman, diretor-presidente da filial local da corretora britânica Icap.
"A Bovespa alcançou o patamar máximo de 73 mil pontos em maio de 2008 por causa da percepção de que a economia brasileira havia mudado. E agora se chegou à conclusão de que as transformações sofridas de fato ajudaram o país a atravessar as turbulências com menos sobressaltos. As estratégias adotadas pelo governo e pelo Banco Central mostraram-se muito acertadas", segundo Gandelman.
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