28/8/2009 - Exportação de cooperativa cai menos do que embarque total
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SÃO PAULO - As cooperativas brasileiras registram, no primeiro semestre de 2009, um recuo menor nas vendas ao comércio exterior na comparação com as exportações do País no geral. O estudo da Gerência de Mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que o cooperativismo registra queda de 5,95% nos valores exportados frente ao mesmo período de 2008, enquanto a queda nas exportações brasileiras é de 22,83%.
De acordo com o gerente de Mercados da OCB, Evandro Ninaut, a queda menor aconteceu pela busca de novos mercados pelas cooperativas e pelo apelo social existente. "Nós procuramos ampliar o mercado diante da crise mundial, além disso, nós temos um nicho de mercado, temos um apelo social, que se aplica como um diferencial para o mercado internacional e torna as vendas mais fáceis", explicou.
Na visão da Coplana, cooperativa exportadora de amendoim, o cenário é contrário à crise mundial, eles esperam crescer 30% em 2009, na comparação com o 2008. "Desde 2002 estamos crescendo, no ano passado vendemos 10.870 mil toneladas do grão e este ano esperamos vender 14 mil toneladas, temos uma qualidade invejável de amendoim e estamos ocupando o espaço da Argentina no comércio exterior, por isso asseguramos aos produtores a compra da safra que deve aumentar entre 5% e 10% este ano", disse Francisco de Assis Politi, gerente comercial da divisão de grãos da Coplana.
Politi destaca ainda que a "porta da exportação" é muito estreita no Brasil e somente empresas com processos altamente qualificados conseguem aprovação do Ministério da Agricultura (Mapa) para colocar o produto no mercado externo.
Com base na análise dos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), a pesquisa mostra que as cooperativas exportaram US$ 1,75 bilhão no primeiro semestre deste ano, ante ao US$ 1,86 bilhão em 2008, tendo as commodities como principais produtos. A corrente de comércio caiu 11,5%, menor percentual que o País, que recuou 25,9%.
Quanto às quantidades comercializadas, a OCB aponta que houve um crescimento de 8,32% ao registrar a venda de 3,77 milhões de toneladas, no mesmo período de comparação. Em consequência da desvalorização do dólar frente ao real, os valores recebidos em reais pelos embarques do setor ao exterior atingiram R$ 3,84 bilhões, um aumento de 21,66%.
Commodities
A pauta de exportações do cooperativismo tem o complexo soja na liderança das vendas diretas com 37,9% das exportações totais. Seguidos do setor sucroalcooleiro (26,7%), que corresponde aos açúcares e ao álcool etílico, e as carnes (16,30%). O café, cereais (milho, trigo, arroz e cevada), algodão e leite e laticínios aparecem na seqüência, com representações de 9,3%, 3,3%, 2,2% e 0,8%, respectivamente.
Em valores, o complexo soja somou um total de US$ 662,25 milhões entre janeiro e junho de 2009, crescimento de 2,09% em relação ao primeiro semestre de 2008, quando foram embarcados US$ 648,68 milhões. Dentre os produtos, o grão de soja mostra-se como principal produto exportado, ao marcar 49,44% do total (US$ 327,40 milhões), contra 60,08% no mesmo período de 2008 (US$ 389,75 milhões).
O setor sucroalcooleiro, por sua vez, respondeu por US$ 466,34 milhões, com crescimento de 13,55%, no mesmo período de comparação. Os açúcares são destaque nesse segmento, com participação de 84,17% este ano (US$ 392,53 milhões), frente a 45,08% em 2008 (US$ 185,15 milhões). A elevação das exportações de açúcares, de 112%, compensou a retração de 62,27% nas vendas externas de álcool.
Os principais destinos dos produtos cooperativistas de janeiro a junho de 2009 são China com US$ 213,99 milhões. Seguido da Alemanha (US$ 169,62 milhões), Países Baixos (US$ 140 milhões), Arábia Saudita (US$ 131,04 milhões) e Emirados Árabes Unidos com US$ 97,08 milhões.
Para Ninaut, o crescimento das vendas para países do Oriente Médio aconteceu em decorrência da quebra na produção de açúcar indiano. "Até o final do ano devemos registrar US$ 4 bilhões em vendas, e marcar o mesmo número de 2008, em decorrência da quebra da Índia."
A tendência ainda de acordo com o gerente é que complexo soja e o setor sucroalcooleiro permaneçam entre os principais produtos exportados pelas cooperativas. Espera-se ainda uma recuperação do setor de carnes.
Veículo: DCI
Publicado em: 28/8/2009